21:05 17.10.2025 (atualizado: 15:19 20.10.2025)

© Foto / Virendra Singh / Secom / PR
A
missão oficial à Índia liderada pelo vice-presidente e ministro do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin,
nesta semana, rendeu dezenas de acordos bilaterais e promessas de
parcerias estratégicas.
No
atual contexto, marcado por tarifaços e medidas protecionistas
internacionais, a Índia, país mais populoso do mundo, com seus mais de
1,4 bilhão de habitantes e classe média em expansão, representa um parceiro comercial crucial para o Brasil, segundo analistas ouvidos pela Sputnik Brasil.
Ambos os países foram afetados pelas tarifas norte-americanas, com elevação de até 50% sobre alguns produtos exportados. Além das tarifas "recíprocas", a Índia recebeu "encargo adicional" devido às importações de petróleo russo.
A missão dá seguimento ao encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro Narendra Modi durante a visita de Estado do líder indiano ao Brasil, em julho passado.

16 de setembro, 18:05
A comitiva incluiu os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Defesa, José Mucio,
além de líderes empresariais de diversas áreas. O último acordo firmado
foi o de cooperação em pesquisa de vacinas entre a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz) e uma empresa farmacêutica indiana, para fortalecer o
Sistema Único de Saúde (SUS) e diversificar fornecedores, nesta manhã.
Além
de autoridades como o vice-presidente da Índia, Chandrapuram Ponnusami
Radhakrishnan, e ministros, Alckmin reuniu-se com empresários no Fórum
Empresarial Brasil-Índia, coordenado pelo Itamaraty com o apoio da
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(ApexBrasil).
Durante o encontro, foi anunciado o lançamento do Conselho Empresarial Brasil-Índia,
formado por empresários para apresentar recomendações conjuntas aos
governos em temas como inovação, transição energética, infraestrutura e
facilitação de investimentos. A primeira reunião do grupo está prevista
para fevereiro de 2026, por ocasião da visita de Lula à Índia.
Outra
novidade anunciada na missão foi a emissão de vistos eletrônicos para
empresários indianos na embaixada em Nova Deli e no consulado em Mumbai.
Também
foram anunciados, entre os acordos de maior relevo, o de expansão do
comércio preferencial entre a Índia e o Mercosul, que hoje abarca 450
linhas tarifárias, para facilitar investimentos e evitar dupla tributação.
"Ambos
os países buscam manter relações estreitas não só com o Sul Global,
participando ativamente e liderando esferas de diálogo e cooperação, mas
também buscam não desgastar as tradicionais relações diplomáticas com
países do Ocidente, especialmente a Índia com os Estados Unidos, e o
Brasil com países europeus", avaliou.
Doutoranda
em ciência política da Universidade McMaster, no Canadá, ela mencionou
setores estratégicos, como o de minerais críticos, a serem explorados
conjuntamente.
"No
caso específico das terras raras, em que tanto o Brasil quanto a Índia
possuem reservas expressivas, seria importante promover uma reflexão e
um estudo aprofundado sobre possibilidades de cooperação estratégica,
que poderia buscar não apenas expandir a capacidade de processamento
industrial, além da simples extração, mas também garantir que essas
iniciativas sejam conduzidas de forma sustentável, levando em conta os
potenciais impactos socioambientais envolvidos."
O anúncio de reduções tarifárias é um dos principais pleitos de empresários de ambos os países, e a ampliação da linha tarifária Índia-Mercosul promete atender a parte dessa demanda, de acordo com o empresário indiano do ramo alimentício
Com 12 anos de atuação no Brasil, sua empresa, Samosa & Company, importa e exporta ingredientes e equipamentos, e conduz projetos de transferência de tecnologia em processamento de alimentos, com destaque para a cajuína, e de desenvolvimento de novas espécies de caju no Brasil.
"A
previsibilidade tributária e a redução de barreiras burocráticas criam
um ambiente mais seguro para investimentos em tecnologia de alimentos,
equipamentos e inovação em bebidas e condimentos. No nosso caso, tais
medidas
Bavaskar chamou a missão brasileira de "marco importante" por reforçar a relevância da cooperação entre os dois países e
Em
que pese aos avanços, o empresário salientou que ainda há desafios
importantes a ser vencidos, como o da adequação regulatória entre as
normas da Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da FSSAI (Índia), além de complexidades logísticas e alfandegárias.
"Do
ponto de vista cultural, há grande afinidade entre os dois povos, mas é
essencial compreender as diferenças regionais da Índia para adaptar
produtos e modelos de negócio de forma eficaz", destacou ele. "O mercado
indiano é imenso e cheio de oportunidades, mas exige visão de longo
prazo, respeito cultural e parcerias sólidas. O mesmo vale para o
Brasil, um país que valoriza inovação e autenticidade"
O empresário opinou que a integração comercial tende a ficar ainda
Nesse processo, segundo ele, é essencial criar centros de inovação e incubadoras bilaterais, voltados para pequenas e médias empresas, que promovam pesquisa aplicada, intercâmbio tecnológico e inovação gastronômica.
"Quando
Brasil e Índia unem tradição, sabor e tecnologia, o resultado é um
modelo de negócios sustentável e inspirador, capaz de gerar impacto
econômico e cultural positivo em ambos os países", concluiu ele.
26 de novembro 2024, 16:33
Pesquisador e analista intercultural, Charles Zimmermann,
chamou a atenção para a importância de uma visão mais profunda,
respeitosa e realista sobre a complexidade e a diversidade do país
estrangeiro por parte do empresariado para avançar nas relações
comerciais.
"O
passo essencial para fortalecer essa parceria na ótica empresarial, sem
dúvida, uma das coisas é que nós brasileiros ainda, a gente vê a Índia
como algo meio que exótico [...]. É preciso haver essa quebra do
estereótipo, dessa coisa exótica da Índia. Eles também têm esse
distanciamento perante a nós", comentou.
A missão brasileira contou ainda com a
Zimmermann
comentou que a iniciativa tem potencial para alavancar o comércio
brasileiro regionalmente, com montagem e uso de mão de obra indiana.
"O
modelo de mercado da Ásia, para o modelo de equipamento que a Embraer
produz, que é um avião de pequeno porte para longas distâncias,
Fragatas e programa nuclear submarino: quais os benefícios da aproximação militar de Brasil e Índia?
2 de setembro 2024, 18:01
Rafaela Mello Rodrigues de Sá, do Public Banking Project, ressaltou o papel da Embraer, sobretudo no âmbito do BRICS, com atuação ativa no Conselho Empresarial, que reúne presidentes e diretores de grandes empresas do grupo.
"Por
alguns anos a empresa Embraer vem liderando e presidindo a seção
brasileira deste conselho. Atualmente, quem assume a presidência
brasileira é Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer. Nesse sentido, é
importante compreender a aproximação da Embraer na Índia também no
escopo do diálogo e cooperação do setor empresarial no âmbito do BRICS."
A parceria Índia-Brasil também ganha força na articulação Sul-Sul, pontuou ela, em que os países lideram discussões para o
"Estas
esferas multilaterais representam espaços importantes para avançar
debates estratégicos para as economias emergentes e países em
desenvolvimento, como transferência de tecnologia, políticas
industriais, posicionamento frente à minerais críticos, moedas locais,
financiamento climático, entre outros", concluiu a pesquisadora.
Fonte: https://noticiabrasil.net.br/20251017/potencias-emergentes-interesses-convergentes-parceria-brasil-india-ganha-impulso-e-protagonismo-44334547.html



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