Lula assina MP Brasil Soberano, que defende a economia nacional do tarifaço de Trump
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira (13) a assinatura da Medida Provisória Brasil Soberano,
uma iniciativa voltada a reduzir os impactos econômicos das novas
tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A
solenidade ocorrerá às 11h30, no Salão Leste do Palácio do Planalto, em
Brasília. A informação foi divulgada pelo Palácio do Planalto.
De acordo com a agência noticiosa do Governo Federal, a MP inaugura um conjunto inicial de ações para mitigar a elevação — em até 50%
— das tarifas de importação incidentes sobre bens do Brasil, medida
anunciada pelo governo norte-americano. Após a assinatura, está prevista
uma coletiva no Salão Oeste do Palácio.A Medida Provisória é a resposta imediata aos efeitos das novas tarifas de importação dos EUA sobre produtos nacionais.
O objetivo é amortecer impactos econômicos no curto prazo enquanto são adotadas providências adicionais de política pública e de articulação internacional.
Medida
prevê até 3 mil yuans por pessoa em juros subsidiados para crédito ao
consumo e apoio a oito setores de serviços, buscando impulsionar a
demanda
247 – Em
mais uma ação para impulsionar o consumo doméstico, o governo da China
anunciou um novo pacote de estímulo que inclui subsídios a empréstimos
pessoais e para empresas de serviços. A informação foi divulgada pelo Global Times
e detalha que a medida, que entra em vigor em 1º de setembro de 2025 e
vai até 31 de agosto de 2026, prevê até 3 mil yuans (cerca de US$ 417)
por pessoa em juros subsidiados para crédito ao consumo.
Segundo o
Ministério das Finanças, o objetivo é reduzir o custo do crédito para
famílias, estimular o potencial de consumo e acelerar o desenvolvimento
econômico. O subsídio vale apenas para empréstimos efetivamente usados
para consumo, excluindo operações com cartão de crédito, e que possam
ser comprovados por meio da conta de desembolso do empréstimo.
Apoio ao setor de serviços
Paralelamente, o Ministério das Finanças e outros oito órgãos do
governo lançaram um plano de subsídios a juros para empresas de oito
setores de serviços: alimentação e hospedagem, saúde, cuidados para
idosos, creches, serviços domésticos, cultura e entretenimento, turismo e
esportes.
Para se qualificar, os empréstimos devem ser concedidos
entre 16 de março e 31 de dezembro deste ano e aplicados em melhorias
na infraestrutura de consumo ou na capacidade de oferta de serviços. O
subsídio será de até 1 ponto percentual ao ano por, no máximo, 12 meses,
sendo 90% do valor pagos pelo governo central e 10% pelos governos
provinciais. O valor máximo do empréstimo elegível é de 1 milhão de
yuans (cerca de US$ 140 mil).
Repercussão no setor financeiro
Grandes bancos, como China Construction Bank, Bank of China, Bank of
Communications e Agricultural Bank of China, já anunciaram medidas para
implementar a política de subsídio de juros a partir de 1º de setembro. O
vice-ministro das Finanças, Liao Min, afirmou que as medidas
representam “mais um experimento inovador de apoio fiscal e financeiro
coordenado para impulsionar o consumo doméstico” e poderão ser
combinadas com programas já existentes, como o de troca de
eletrodomésticos e automóveis.
O economista Song Xiangqing,
vice-presidente da Associação de Economia do Comércio da China,
classificou o pacote como uma “ferramenta de precisão” para estimular a
economia. “Ao reduzir os custos de financiamento para os prestadores de
serviços, a política pode acelerar o consumo interno ao oferecer
melhores experiências ao consumidor”, disse ao Global Times.
Dong
Ximiao, pesquisador-chefe da Merchants Union Consumer Finance Co.,
destacou que os subsídios terão efeito duplo: “Para o consumo, reduzem o
custo do crédito, estimulam o gasto e ajudam a expandir a demanda e
estabilizar preços; para o setor de serviços, reduzem o custo de
financiamento, estabilizam o fluxo de caixa, apoiam o emprego e
impulsionam a recuperação industrial”.
Contexto e expectativas
O estímulo faz parte de uma estratégia mais ampla do governo chinês
para fortalecer o consumo como motor central do crescimento econômico.
Em 2024, a China já havia emitido 150 bilhões de yuans em títulos
públicos especiais de longo prazo para apoiar programas de troca de bens
de consumo, resultando em vendas de mais de 1,3 trilhão de yuans.
Dados
do primeiro semestre de 2025 mostram que as vendas no varejo de bens de
consumo cresceram 5% em relação ao ano anterior, enquanto o varejo de
serviços avançou 5,3%. A expectativa, segundo Wang Bo, do Ministério do
Comércio, é de que o pacote fiscal impulsione ainda mais o consumo no
segundo semestre, consolidando a recuperação econômica.
247 – O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (13) que
espera se encontrar pessoalmente com o presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, para manter uma “conversa civilizada” entre chefes de
Estado. A declaração foi dada em entrevista à BandNews e repercutida
pela Reuters, que informou também que Lula enviou uma carta
convidando o líder norte-americano para participar da conferência
climática da ONU, a COP30, marcada para novembro em Belém (PA).
Na semana passada, em entrevista à própria Reuters,
Lula havia destacado que não pretendia telefonar a Trump para discutir a
tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros, mas sim para formalizar o
convite à cúpula climática. “Eu espero que algum dia eu possa encontrar
com o presidente Donald Trump e conversar como dois seres humanos
civilizados, como dois chefes de Estado, como deve ser a relação entre
dois chefes de Estado”, declarou. Segundo Lula, “não é da parte do
Brasil que você tem qualquer empecilho na relação com os Estados
Unidos”.
Críticas à carta de Trump e reação do Brasil
Na entrevista, o presidente voltou a classificar como “ofensiva” a
carta enviada por Trump, que criticou o sistema Judiciário brasileiro e
relacionou o tarifaço ao processo judicial contra o ex-presidente Jair
Bolsonaro. Lula ponderou, no entanto, que não pretende fazer “bravata” e
que cada eventual ação de reciprocidade será avaliada com cautela.
O
presidente também confirmou que, nesta quarta-feira (14), assinará uma
medida provisória para liberar uma linha de crédito de R$ 30 bilhões
destinada a empresas exportadoras impactadas pelo aumento tarifário
norte-americano.
Articulação internacional sobre o acordo Mercosul-UE
Lula adiantou que pretende telefonar ao presidente da França,
Emmanuel Macron, ao chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, e à
presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para discutir
avanços no acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
Defesa da regulamentação das Big Techs
Outro ponto abordado na entrevista foi a regulamentação das chamadas
Big Techs, tema que, segundo Lula, também causa atritos com o governo
norte-americano. Ele afirmou que a proposta final do governo para
regular redes sociais e plataformas digitais deve ser concluída nesta
quarta-feira e enviada ao Congresso Nacional.
“Nós vamos
regulamentar porque é preciso regulamentar. Porque é preciso criar o
mínimo de comportamento, o mínimo de procedimento, um funcionamento de
uma rede digital que fala com crianças, que fala com adultos, que fala
com os velhos, e que muitas vezes ninguém assume a responsabilidade pelo
conteúdo”, disse. Lula reforçou que a medida busca estabelecer
responsabilidade e regras claras para o funcionamento das plataformas no
Brasil.
Com a combinação de diplomacia, medidas econômicas e
propostas de regulação digital, o governo sinaliza que pretende manter o
diálogo aberto com os Estados Unidos, mas também proteger os interesses
brasileiros diante das ações de Washington.
247 –
O assassinato de seis jornalistas — cinco deles da rede Al Jazeera — na
Cidade de Gaza, no último domingo, tornou-se mais um trágico marco da
violência contra a imprensa desde o início da ofensiva israelense no
enclave. Segundo dados do Comitê de Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG
que atua na defesa da liberdade de imprensa, 192 profissionais foram
mortos desde outubro de 2023, número recorde na História moderna e quase
três vezes maior do que o registrado nas duas Guerras Mundiais somadas.
As informações foram publicadas pelo jornal O Globo.
Diante
da repercussão internacional e das pressões crescentes, Israel, ao
mesmo tempo em que lança acusações contra os jornalistas mortos, já
admite permitir a entrada de imprensa estrangeira em Gaza. Entre os
mortos no ataque de domingo estava Anas al-Sharif, correspondente
amplamente reconhecido por sua cobertura do conflito. Ele havia sido
acusado por Israel, sem provas concretas, de integrar a ala militar do
Hamas. Em julho, em entrevista ao CPJ, Al-Sharif denunciou que as
acusações representavam uma ameaça real à sua vida: "Tudo isso
acontece porque minha cobertura dos crimes da ocupação israelense na
Faixa de Gaza os prejudica e mancha sua imagem no mundo. Eles me acusam
de terrorista porque a ocupação quer me assassinar moralmente".
Desde
os ataques de 7 de outubro de 2023, quando ações do Hamas contra Israel
deixaram cerca de 1,1 mil mortos e desencadearam a ofensiva militar
israelense, 192 jornalistas perderam a vida no território palestino — as
autoridades de saúde de Gaza elevam esse número para 238 — e 90 foram
presos. O CPJ apontou que Israel foi, em 2024, o segundo país que mais
prendeu profissionais de imprensa, ficando atrás apenas da China.
Um
estudo do Projeto Custos da Guerra, da Universidade Brown (EUA),
revelou que nunca tantos jornalistas morreram em um conflito armado na
História moderna como no atual massacre em Gaza. Para efeito de
comparação, foram 69 mortes nas duas Guerras Mundiais, 71 durante as
guerras dos EUA no Vietnã, Camboja e Laos, e 19 desde a invasão russa da
Ucrânia em fevereiro de 2024. O relatório denuncia que, desde os anos
2000, governos e grupos armados — de Israel ao Estado Islâmico — têm
recorrido a políticas repressivas e ataques diretos para silenciar a
imprensa, criando verdadeiros “cemitérios de notícias” em zonas de
guerra.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) já protocolou quatro
queixas contra Israel no Tribunal Penal Internacional, em Haia. Na
última, em novembro, a entidade afirmou que as mortes de jornalistas
permanecem impunes e que os ataques representam um “massacre sem precedentes”.
A RSF denuncia ainda que o bloqueio à entrada de jornalistas
estrangeiros em Gaza desde outubro de 2023 visa sufocar os fatos e
isolar a imprensa palestina: "O bloqueio midiático imposto sobre
Gaza, com o massacre de quase 200 jornalistas pelo exército israelense,
facilita a destruição total do enclave sitiado, bem como seu apagamento" — afirmou Thibaut Bruttin, diretor-geral da organização.
No
domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou
ter orientado o Exército a se preparar para levar jornalistas
estrangeiros a Gaza “para que vejam com os próprios olhos” as ações
israelenses, incluindo a distribuição de ajuda. Contudo, segundo a ONU e
organizações humanitárias, o novo sistema de entrega, financiado por
uma fundação dos Estados Unidos, é ineficiente e causa mais mortes entre
civis. Experiências passadas indicam que, mesmo quando a entrada da
imprensa estrangeira é permitida, o trabalho é restrito, monitorado e
submetido à censura oficial antes da publicação, o que levanta dúvidas
sobre a real independência dessa cobertura.
247 - A mais recente pesquisa do Ipsos-Ipec, divulgada pelo g1,
indica que os brasileiros estão divididos sobre a melhor resposta ao
tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos contra produtos nacionais. O
levantamento revela que 49% concordam que o Brasil deveria retaliar
aplicando tarifas igualmente altas sobre importações americanas,
enquanto 43% discordam dessa estratégia.
O estudo foi realizado
entre 1º e 5 de agosto, um dia antes de o aumento entrar em vigor, e
ouviu 2 mil pessoas em 132 cidades, com margem de erro de dois pontos
percentuais e nível de confiança de 95%. Entre os favoráveis à
retaliação, 33% concordam totalmente e 16% parcialmente. Entre os
contrários, 30% rejeitam totalmente a medida e 13% discordam em parte.
Apoio e rejeição divididos por perfil
A adesão à resposta “na mesma moeda” é mais alta entre eleitores do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (61%), moradores do Norte e
Centro-Oeste (58%), jovens de 16 a 24 anos (55%) e pessoas com ensino
superior (53%). Mulheres (51%), católicos (51%) e famílias com renda de 1
a 2 salários mínimos (50%) também estão entre os que mais apoiam a
medida.
Já a rejeição é predominante entre eleitores de Jair
Bolsonaro (56%), moradores da região Sul (52%), habitantes de periferias
(52%) e evangélicos (50%).
Tarifaço visto como ação política
Para 75% dos entrevistados, o tarifaço decretado pelo presidente
Donald Trump tem motivação política. Apenas 12% consideram que a medida
seja uma questão comercial, enquanto 5% veem ambas as motivações e 8%
não souberam opinar. Essa percepção de cunho político é ainda mais forte
entre pessoas de 45 a 59 anos (80%) e moradores das regiões Nordeste e
Sudeste (77%).
Impacto na imagem dos Estados Unidos
O estudo também aponta um desgaste na percepção dos brasileiros sobre
os EUA. Antes do tarifaço, 48% avaliavam a imagem do país como “ótima”
ou “boa”, contra 15% que tinham opinião negativa. Após o anúncio, 38%
afirmaram que sua imagem piorou, 6% disseram que melhorou e 51% não
notaram mudança.
Busca por novos parceiros comerciais
Diante do embate, 68% defendem que o Brasil priorize acordos com
outros parceiros, como China e União Europeia, enquanto 25% discordam.
Entre os que apoiam essa estratégia, 45% concordam totalmente e 23% em
parte.
Temor de isolamento internacional
A tensão diplomática também levanta preocupações sobre o
posicionamento global do Brasil. Segundo a pesquisa, 60% acreditam que o
país pode ficar mais isolado no cenário internacional por causa do
confronto tarifário com os EUA, enquanto 32% não veem esse risco.
247 - A
prefeita de Washington, D.C., Muriel Bowser, classificou como
“inquietante” a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
de assumir o controle do Departamento de Polícia da capital e ativar a
Guarda Nacional sob o argumento de reforçar a segurança e melhorar a
“aparência” da cidade. As declarações foram feitas nesta segunda-feira
(11) durante entrevista coletiva, repercutida pela agência Prensa Latina.
Segundo
Bowser, a ação se insere em um histórico de tensões entre o governo
federal e a administração local. “Dada a retórica do passado, não posso
dizer que ficamos totalmente surpresos”, afirmou. Ela lembrou que
Washington não possui senadores nem autonomia plena, o que, na sua
avaliação, permite interferências diretas de Washington por parte da
Casa Branca. “Não temos senadores nem autonomia total. O autogoverno
local limitado dá ao governo federal a capacidade de interferir em nossa
autonomia de muitas maneiras”, destacou.
A
prefeita atribui parte dessa postura de Trump a sua experiência durante
a pandemia. “Acho que a visão do presidente sobre Washington, D.C., é
influenciada por sua experiência na era da Covid-19 durante seu primeiro
mandato”, afirmou.
Queda histórica na criminalidade
Bowser reconheceu que, entre 2021 e 2023, houve aumento da
criminalidade no período pós-pandemia, mas disse que a estratégia
adotada pela polícia deu resultados. “Nós rapidamente implementamos leis
e táticas que removeram criminosos violentos de nossas ruas e deram
mais ferramentas aos nossos policiais, e é por isso que vimos uma
redução significativa na criminalidade”, explicou.
Dados oficiais
indicam que os crimes violentos caíram 35% em relação ao mesmo período
do ano anterior, alcançando o menor índice em 30 anos. Também houve
queda nos crimes contra a propriedade, embora persistam desafios em
áreas como o roubo de veículos. “Continuamos buscando maneiras de tornar
nossa cidade mais segura”, acrescentou a prefeita.
Intervenção federal
Nos últimos dias, a Casa Branca intensificou a presença de agentes
federais no Distrito de Columbia, mobilizando equipes da Drug
Enforcement Administration (DEA), do FBI, do Serviço Secreto e de outras
agências.
De acordo com a Lei de Autonomia Local, o presidente
pode assumir temporariamente o comando do departamento de polícia do
distrito se declarar “condições especiais de emergência” e decretar
emergência de segurança pública. Foi essa prerrogativa que Trump
utilizou para justificar a medida.
Pouco antes de falar com jornalistas, o presidente publicou nas redes sociais: “Washington,
DC será LIBERADA hoje! Crime, barbárie, sujeira e escória DESAPARECERÃO
(...) Resolvi a fronteira rapidamente (ZERO EMPREENDIMENTOS ILEGAIS nos
últimos 3 meses!), DC é a próxima!!!”
Em
ligação de cerca de uma hora, líderes dos dois países também trataram
da paz entre Rússia e Ucrânia e da participação chinesa na COP 30
14.04.2023
- Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e presidente da
República Popular da China, Xi Jinping em Cerimônia Oficial de Recepção
- Pequim - China. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
247 –
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, na madrugada desta
terça-feira (12), que conversou por telefone, na noite de segunda-feira
(11), com o presidente da República Popular da China, Xi Jinping, sobre
temas estratégicos da relação bilateral e questões da conjuntura
internacional. As informações foram divulgadas pelo próprio presidente
em suas redes sociais e confirmadas em nota oficial do Palácio do
Planalto.
Segundo Lula, a ligação, que durou cerca de uma hora,
foi marcada por uma troca de visões sobre a guerra na Ucrânia e o papel
das potências emergentes na construção da paz. “Trocamos impressões
sobre a atual conjuntura internacional e os recentes esforços pela paz
entre Rússia e Ucrânia. Concordamos sobre o papel do G20 e do BRICS na
defesa do multilateralismo”, afirmou o presidente.
Compromisso com o clima e a COP 30
Lula destacou que a pauta ambiental também esteve no centro da conversa. “Reiterei a importância que a China terá para o sucesso da COP 30 e no combate à mudança do clima”, disse. Segundo ele, Xi Jinping sinalizou forte engajamento: “O
presidente Xi indicou que a China estará representada em Belém por
delegação de alto nível e que vai trabalhar com o Brasil para o êxito da
conferência”.
O encontro climático de 2025, que será sediado
na capital paraense, é visto pelo governo brasileiro como uma
oportunidade estratégica para fortalecer compromissos ambientais e
impulsionar investimentos em tecnologias limpas.
Expansão da parceria estratégica
A relação econômica e tecnológica entre Brasil e China foi outro ponto central da ligação. “Saudamos os avanços já alcançados no âmbito das sinergias entre os programas nacionais de desenvolvimento dos dois países”, relatou Lula. “Nos comprometemos a ampliar o escopo da cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites”, completou.
Além disso, o presidente sublinhou a importância de ampliar os fluxos de comércio e investimento. “Destacamos nossa disposição em continuar identificando novas oportunidades de negócios entre as duas economias”, afirmou.
Contexto geopolítico e integração econômica
A aproximação entre Brasília e Pequim se dá em um momento em que o
cenário global exige maior articulação entre países em desenvolvimento.
Ao fortalecer a parceria em áreas como energia, tecnologia e meio
ambiente, Brasil e China ampliam sua influência no sistema internacional
e reforçam a agenda de cooperação Sul-Sul.
Com a China já
consolidada como principal parceiro comercial do Brasil, a ênfase em
novos setores estratégicos na agenda bilateral amplia as possibilidades
de crescimento e inovação. O diálogo entre Lula e Xi Jinping reforça a
visão de que o multilateralismo e a integração econômica são caminhos
essenciais para enfrentar crises globais e promover o desenvolvimento
sustentável.
Em
conversa com Lula, presidente chinês destaca alinhamento estratégico,
defesa da soberania e papel conjunto na promoção de um mundo mais justo
Presidente
Lula e Xi Jinping na cerimônia de assinatura de atos bilaterais, no
Palácio da Alvorada. Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert/PR (Foto:
Ricardo Stuckert/PR)
247 – O
presidente da China, Xi Jinping, afirmou nesta terça-feira (12) que
está pronto para trabalhar em conjunto com o Brasil para estabelecer um
exemplo de unidade e autossuficiência entre os grandes países do Sul
Global, além de impulsionar a construção de um mundo mais justo e de um
planeta mais sustentável. As declarações foram feitas durante conversa
por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo
noticiou o Global Times.
Xi Jinping destacou que as relações entre
China e Brasil atravessam o melhor momento da história, com avanços
significativos na construção de uma comunidade de futuro compartilhado e
no alinhamento das estratégias de desenvolvimento de ambos os países.
“O lado chinês está pronto para trabalhar com o Brasil para aproveitar
as oportunidades, fortalecer a coordenação e entregar mais resultados de
cooperação mutuamente benéficos”, afirmou.
O
líder chinês também reiterou o apoio ao povo brasileiro na defesa de
sua soberania nacional e na proteção de seus direitos e interesses
legítimos. Xi convocou todos os países a se unirem contra o
unilateralismo e o protecionismo.
Papel no BRICS e desafios globais
Segundo Xi, o mecanismo do BRICS é uma plataforma essencial para a
construção de consensos no Sul Global. Ele parabenizou o Brasil pela
bem-sucedida realização da última cúpula do bloco e defendeu que os
países em desenvolvimento devem agir conjuntamente para salvaguardar a
justiça internacional, defender as normas básicas que regem as relações
internacionais e proteger os interesses legítimos das nações em
desenvolvimento.
Xi também enfatizou a importância de enfrentar
juntos os desafios globais, garantir o êxito da próxima Conferência da
ONU sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em Belém, e promover o papel
do grupo “Amigos da Paz” na busca de uma solução política para a crise
na Ucrânia.
Lula reafirma importância da parceria
O presidente Lula ressaltou que o Brasil atribui grande importância
às relações com a China e que está comprometido em ampliar a cooperação e
aprofundar o alinhamento estratégico. O presidente brasileiro informou
Xi sobre a situação recente dos laços com os Estados Unidos e reiterou a
posição firme do Brasil na defesa de sua soberania.
Lula elogiou o
empenho da China na defesa do multilateralismo, das regras do livre
comércio e seu papel responsável nos assuntos internacionais. Ele ainda
afirmou que o Brasil está pronto para fortalecer a comunicação e
coordenação com a China em fóruns multilaterais como o BRICS, combater
práticas unilaterais de intimidação e proteger os interesses comuns de
todos os países.
Ao
podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analista aponta que a rápida
evolução tecnológica russa, percebida no campo de batalha, reflete o que
na defesa é chamado "cisne negro" — conceito que descreve eventos
imprevisíveis e de grande impacto.
A Rússia ampliou, de forma significativa, sua capacidade industrial de produzir drones kamikaze com a consolidação da gigantesca fábrica em Alabuga, no Tartaristão, considerada a maior do mundo em sua categoria. A medida é vista como símbolo da pujança da indústria de defesa da Rússia.
Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Ricardo Cabral, historiador e analista de geopolítica, frisa que "produzir 18 mil drones por mês é um feito".
"É
uma coisa que vai dar uma base industrial, porque veja bem, não é só
essa fábrica. Existem outras fábricas que apenas vão dar suporte. E é
engraçado se nós formos ver que a guerra está no final. Prevê-se aí, com
essa reunião do [presidente norte-americano, Donald] Trump com o
[presidente russo, Vladimir] Putin, [que] a coisa esteja encaminhando
para o final", afirma.
Ele acrescenta que o uso de drones em conflitos, que começou tímido, hoje não é novidade, e os modelos contam com alto nível de sofisticação.
"E
aí é uma coisa interessante. Os russos começam atrás e, depois, agora,
estão fatalmente na frente, fazendo muitas inovações, transformando o
campo de batalha."
Cabral destaca que "a essência da guerra é o fogo e o movimento",
e que hoje em dia o drone é o maior limitador do movimento, que
consegue desequilibrar o adversário, pegando de surpresa "onde ele não
esperava".
Segundo Cabral, essa rápida evolução tecnológica russa, percebida em campo de batalha, assusta o Ocidente, porque não se esperava isso da Rússia.
"Isso
é o que a gente chama, na defesa, de cisne negro. Você esperava uma
evolução, mas não tão rápida. Lembro que a Rússia, ainda que ela não
esteja lutando contra a OTAN, está lutando contra um país com forte
apoio da OTAN. Essa é uma diferença danada."
Segundo
ele, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está usando a
Ucrânia como campo de provas para testar táticas, novos arranjos
operacionais, arranjos de unidades, de como fazer guerra eletrônica, e a
Rússia está tendo que entender a demanda. No entanto, essas lições estão sendo rapidamente disseminadas.
"Todos
estão aprendendo com a guerra da Ucrânia, e a Rússia vai ter que pegar
essas lições. Se ela quer manter uma dianteira, ela vai ter que, vamos
dizer assim, fazer jogos de guerra cada vez mais precisos, com novas
mudanças", afirma.
Questionado
sobre a possibilidade de o Ocidente — percebendo Moscou na vanguarda de
produção de armamentos — tomar medidas para frear esse processo, como
sanções e acordos multilaterais, Cabral afirma que a Rússia sofreu várias tentativas de fragmentação quando deixou de ser União Soviética (URSS).
"Ela
[a Rússia] sofreu com guerra psicológica interna para a divisão do
país, e o que aconteceu? Você teve um movimento de restauração. A Rússia
tem um passado, porque a Rússia já passou por isso algumas vezes em sua
história. Então, para ela, voltar a ter uma liderança que a levou a um
patamar próximo do que tinha foi mais fácil."
Entretanto, ele afirma que o país, para assegurar o temor do Ocidente, deve manter o alto nível de uma panóplia militar, além da população unida.
"Uma
panóplia militar de respeito provoca medo, e o medo é necessário. E
como é que você consegue isso? Tem que manter uma sociedade coesa,
unida, patriota, nacionalista, e tem que, a cada momento, explorar seus
pontos fortes e trabalhar nos frágeis", afirma o especialista.
A
decisão de Vladimir Putin de informar os líderes do Sul Global sobre os
resultados de sua reunião com o enviado dos Estados Unidos, Steve
Witkoff, destaca o papel do BRICS, afirma a doutora Anuradha Chenoy,
professora aposentada do Centro de Estudos Russos e Ásia Central da
Universidade Jawaharlal Nehru.
O BRICS se tornou "o principal fórum para garantir a voz da Maioria Global em assuntos internacionais", o que ajuda a salvaguardar o desenvolvimento econômico do Sul Global, explicou a doutora Chenoy.
Em resposta à pressão dos EUA, o BRICS, que é "o principal fórum para manter a multipolaridade", não tem escolha a não ser se fortalecer.
Os
membros do BRICS entendem a "posição" da Rússia no conflito ucraniano.
Eles "concordam que a Ucrânia deve ser um país neutro" e defendem a paz duradoura, em vez de "apenas uma pausa em que o Ocidente coletivo tenta novamente destruir a Rússia em uma guerra por procuração".
Segundo
o CEO Caito Maia, pagamento aos chineses agora é na moeda local, o
renminbi. Além do lucro com a medida, empresário ressalta que deve à
China o sucesso da empresa que fundou
Caito em Wenzhou, Zhejiang, China, com fornecedores de sua marca. Foto: Redes Sociais/ Caito Maia
O
futuro do comércio mundial tem apontado para uma mudança no modo como
os negócios são fechados. A cada ano que passa, o dólar é mais
contestado enquanto moeda hegemônica para transações, ainda por cima
quando fica vantajoso utilizar a moeda local. Um empresário brasileiro,
Caito Maia, fundador e CEO da Chilli Beans, deu um importante passo
nesse sentido e substituiu o pagamento em dólar para seus fornecedores
chineses pela moeda local, o renminbi.
Ao podcast “De frente com CEO”, da Exame,
ele reforçou que a mudança veio para ficar. Segundo Maia, a troca pela
negociação em moeda chinesa trouxe ganhos para a Chilli Beans, uma
gigante do ramo de óculos e acessórios que logo completará três décadas.
A iniciativa foi adotada após os Estados Unidos entrarem em guerra
comercial com China e com o restante do mundo.
Os benefícios,
como informa, passam por uma maior inserção no mercado asiático e pelo
ganho cambial, o que permite à empresa se tornar ainda mais competitiva
no cenário internacional. O CEO, que projeta expansão de lojas pela
Ásia, já levou a marca para a Indonésia, onde há dez locais de venda dos
óculos.
Além
de destacar a compra de fornecedores chineses em renminbi, Maia reforça
que fazer negócios com a China é extremamente positivo. Em seu relato,
afirma que o mercado chinês “apadrinhou” seu projeto e que tem os mesmos
parceiros comerciais há 25 anos. Como diz, a relação mantida é de
“ganha-ganha, saudável, ética e bacana” e que a Chilli Beans só chegou
ao atual patamar porque a China “ajudou” e “acreditou” no projeto.
A
empresa brasileira, popular no ramo de óculos escuros e acessórios, e
que agora também atua no ramo de óticas, fatura cerca de R$ 1,4 bilhão
por ano.
O relato de Caito é fundamental para combater a
esparrela bolsonarista contra a China. Enquanto a extrema direita é
enganada e se alinha ideologicamente a Donald Trump, ‘no mundo real’ os
empresários faturam em acordos com os chineses – que são os maiores
parceiros comerciais do Brasil há 15 anos.
E se depender do
gigante asiático, parte dos produtos brasileiros que são alvo do
“tarifaço” dos EUA poderão aportar no país, aprofundando ainda mais essa
relação benéfica. Uma das provas concretas desse auxílio mútuo foi a
habilitação de 183 novas empresas brasileiras de café para exportarem à
China. Também houve a declaração do porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores chinês, Guo Jiakun, que salientou que Pequim está disposto a trabalhar com o Brasil e demais países da América Latina.
Organização
da conferência do Clima, marcada para novembro, avança para os
preparativos finais; inspetores verificaram pessoalmente a estrutura
preparada para o evento
Parque da Cidade, em Belém. Foto: Rafael Medelima / COP30
A
cidade de Belém (PA) deu um importante passo para a organização da 30ª
Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Entre 6 e 8
de agosto, uma comitiva do Departamento de Salvaguarda e Segurança das
Nações Unidas (Undss) inspecionou os locais que sediarão o evento e
aprovou os planos de segurança, saúde e mobilidade. Este é um passo
fundamental, pois a capital paraense espera receber cerca de 50 mil
pessoas para este marco da discussão ambiental, realizado no bioma
amazônico.
Com atividades que acontecerão entre 10 e 21 de
novembro, a cidade de Belém tem recebido enormes investimentos para
ampliar o número de leitos, melhorar o sistema de transporte, assim como
reforçar o atendimento à saúde e à segurança pública.
O
ministro do Turismo, Celso Sabino, lembrou que, em breve, diversas
hospedagens serão entregues com diárias a preços compatíveis com um
evento desse porte. Ele também destacou que parte das delegações ficará
em navios de cruzeiro que vão servir de acomodações. As embarcações
estarão atracadas no porto na Ilha de Outeiro e devem hospedar 5 mil
pessoas.
Os
inspetores puderam verificar as instalações na localidade e os
projetos, em fase de conclusão, para receber a COP30 e que ficarão de
legado para a cidade. Durante as reuniões, os planos de ação foram
apresentados por representantes da esfera municipal, estadual e federal.
De
acordo com o governo do Pará, mais de 10 mil militares e agentes da
segurança pública, incluindo as Forças Armadas e órgãos de inteligência,
irão garantir a realização do evento.
No
plano apresentado aos técnicos da ONU ainda constam protocolos
específicos para o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu), bem como a definição de qual será a rede de
atendimento.
Na mobilidade urbana, a organização prevê mais de
240 ônibus, além da frota regular, com itinerários exclusivos para o
Parque da Cidade, onde acontecerá a Conferência. Para o Porto de
Outeiro, onde estão os navios com leitos, serão 100 veículos. Também
foram informados os planos de logística e bloqueio de vias durante a
COP30, incluindo os fluxos de deslocamento de chefes de Estado.
O Ministério das Relações Exteriores e a
Secretaria de Relações Institucionais rechaçaram os ataques do
vice-secretário do Departamento de Estado estadunidense, Christopher
Landau, ao sistema judiciário brasileiro. Número dois do órgão,
equivalente ao Ministério das Relações Exteriores dos Estados Unidos,
Landau escreveu que “um único ministro do STF [Supremo Tribunal Federal]
usurpou poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros poderes”.
Segundo o Itamaraty, a postagem do vice-secretário representa um ataque frontal.
“Essa manifestação caracteriza novo ataque frontal à soberania
brasileira e a uma democracia que recentemente derrotou uma tentativa de
golpe de Estado e não se curvará a pressões, venham de onde vierem”,
respondeu a pasta em nota sábado (9) à noite.
O Itamaraty mencionou que essa foi a segunda manifestação hostil do
governo estadunidense em três dias. “O Governo brasileiro manifestou
ontem [sexta-feira, 8] à embaixada dos Estados Unidos seu absoluto
rechaço às reiteradas ingerências do governo norte-americano em assuntos
internos do Brasil, e voltará a fazê-lo sempre que for atacado com
falsidades como as da postagem de hoje [sábado, 9], disseminadas pelo
subsecretário de Estado, Christopher Landau”, acrescentou o Ministério
das Relações Exteriores.
Gravíssima ofensa
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann também
rechaçou as postagens do vice-secretário de Estado do governo de Donald
Trump. Ela classificou de “arrogante” e de “gravíssima ofensa” as
insinuações de interferência do Judiciário em outros Poderes.
“A postagem arrogante do subsecretário de Estado dos EUA é uma
gravíssima ofensa ao Brasil, ao STF e à verdade. Quem tentou usurpar o
poder em nosso país foi Jair Bolsonaro. Quem está tentando destruir a
relação histórica entre os dois países é a família Bolsonaro estimulando
Donald Trump, com o tarifaço e sua chantagem contra o Judiciário
brasileiro”, rebateu Gleisi nas redes sociais.
A ministra reiterou que o Brasil cumpre a Constituição e que os
Poderes estão unidos para rechaçar a tentativa de golpe em 8 de janeiro
de 2023.
“Nenhum poder constitucional brasileiro encontra-se impotente. Ao
contrário: Executivo, Legislativo e Judiciário rechaçaram o golpe de 8
de janeiro, a chantagem de [Donald] Trump, o motim bolsonarista pela
anistia e as sanções violentas contra o ministro Alexandre de Moraes e
outros ministros do STF”, continuou.
“Se querem mesmo ‘restaurar uma amizade histórica’, comecem por
respeitar a soberania do Brasil, de nossas leis e Justiça, e parem de
apoiar o golpista que tentou destruir nossa democracia", concluiu a
ministra.
Relações destruídas
Sem citar diretamente o ministro do STF Alexandre de Moraes, Landau
escreveu que um magistrado acumulou autoridade excessiva e “destruiu a
relação histórica de proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos”.
“Sempre é possível negociar com líderes dos Poderes Executivos ou
Legislativos de um país, mas não com um juiz”, disse o número dois do
secretário Marco Rubio.
Originalmente em inglês, a publicação de Landau foi repostada pela
Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, traduzida ao português.
Na quinta-feira (7), a Embaixada dos EUA no Brasil traduziu
comentário do secretário de diplomacia pública Darren Beattie, ameaçando
autoridades do Judiciário brasileiro que contribuam com Moraes. “Os
aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para
não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a
situação de perto”, disse o comunicado do diplomata, acusando o ministro
de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro.
O governo de Donald Trump critica Moraes e a Justiça brasileira pelo
processo penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e por decisões de
remoção de conteúdo e bloqueio de redes sociais e plataformas digitais
estadunidenses.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, reagiu neste domingo (10) às recentes investidas dos Estados Unidos contra a Venezuela.
Em postagem neste domingo na plataforma X na noite deste domingo (10), o presidente colombiano frisou, como comandante das Forças Armadas colombianas, que qualquer ação na região, sem aprovação, é uma agressão.
"Transmito publicamente minha ordem como comandante das Forças Armadas colombianas. Colômbia e Venezuela são o mesmo povo, a mesma bandeira, a mesma história. Qualquer operação militar sem a aprovação de nossas nações irmãs é uma agressão à América Latina e ao Caribe. É uma contradição fundamental ao nosso princípio de liberdade. 'Liberdade ou morte', gritou Bolívar, e o povo se levantou", escreveu Petro.
Nos últimos dias, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o país utilizará sua força militar contra cartéis do narcotráfico na América Latina.
Em
paralelo, a administração Trump elevou de US$ 25 milhões (cerca de R$
135 milhões) para US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) a recompensa
por informações que levem a prisão do presidente venezuelano Nicolás Maduro.
O
anúncio foi dado pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, que acusou
Maduro de colaborar com com grupos como Tren de Aragua e o Cartel de
Sinaloa.
No
sábado (9), em postagem na plataforma, Petro afirmou que concordava com
a politica antidrogas de Trump, desde que ela fosse baseada "no
respeito à soberania nacional". Ele frisou não ter dúvidas de que é
preciso "dobrar ou triplicar o combate às organizações do narcotráfico" e
que seu governo está comprometido com essa luta, "respeitando a
independência dos governos".
"Mas
para reduzir os insumos para a produção de bens ilícitos por
camponeses, ou os serviços prestados por jovens excluídos, a
transformação pacífica do território deve ser totalmente financiada, com
economias legítimas. A violência ali só trará mais violência", disse o
presidente colombiano.
Ele
afirmou ainda ter recebido o apoio de Maduro, para derrotar grupos de
narcotraficantes na fronteira entre os países, e destacou que não
acreditar que a solução para os problemas políticos da Venezuela "esteja
em gastar dinheiro para matar ou capturar líderes políticos".
"O
caminho da Venezuela é a liberdade política e a soberania plena. Ao
povo venezuelano e a todas as suas forças, propusemos um sistema de
maior integração política, social e econômica em uma confederação da Grande Colômbia de nossos tempos."
Esta não é a primeira vez que Petro fala sobre a revitalização da Grã-Colômbia,
república que existiu entre os anos de 1819 e 1831, abrangendo os
territórios de Colômbia, Venezuela, Equador e Panamá. Em abril ele
afirmou que "ousou" escrever cartas para os líderes destes países convocando-os a discutir a ideia.
Na ocasião, ele afirmou que o líder venezuelano Simón Bolívar,
que presidiu a Grã-Colômbia, "estava absolutamente certo" em criar esse
Estado e que aqueles que defendiam sua desintegração e "aqueles que
destruíram esse sonho com armas" estavam errados.
"Se
a Grã-Colômbia existisse hoje, controlada pelo povo da Grã-Colômbia, o
Caribe seria o mare nostrum, como diziam os romanos; um viveiro de
cultura", acrescentou na época.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
recebeu neste sábado (9) uma ligação telefônica do presidente da Rússia,
Vladmir Putin. A conversa durou cerca de 40 minutos.
Em nota, o Palácio do Planalto confirmou que Lula e Putin trataram
dos esforços pela paz entre a Rússia e Ucrânia e compartilharam
informações sobre discussões em curso com os Estados Unidos.
Durante a conversa, o presidente brasileiro reafirmou que o país sempre defendeu o diálogo para tratar do conflito.
“O presidente Lula enfatizou que o Brasil sempre apoiou o diálogo e a
busca de uma solução pacífica e reafirmou que o seu governo está à
disposição para contribuir com o que for necessário, inclusive no âmbito
do Grupo de Amigos da Paz, lançado por iniciativa de Brasil e China”,
informou o Planalto.
Os presidentes também trataram de assuntos bilaterais e do cenário político e econômico internacional.
“O presidente Putin parabenizou o Brasil pelos resultados da Cúpula
do Brics, realizada nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. Na
esfera bilateral, reforçaram a intenção de organizar a próxima edição da
Comissão de Alto Nível de Cooperação Brasil-Rússia ainda este ano”,
informou o Planalto.
247 -
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, reagiu às críticas sobre a
aproximação de seu governo com o Brasil e com o grupo de países que
compõem o Brics. A declaração foi feita durante sua coletiva de imprensa
matinal e repercutida pelo portal RT.
Questionada
por um jornalista sobre falas recentes do presidente da Sociedade
Americana do México (AmSoc), Larry Rubin, Sheinbaum foi direta: “O
México é livre, soberano e qualquer pessoa pode opinar, mas nós temos o
direito de nos reunir com qualquer país do mundo. Qualquer um. Essa é a
política do México”.
As
críticas de Rubin foram feitas no final de julho, quando ele sugeriu
que o país evitasse aprofundar relações com o Brasil por causa de sua
participação no BRICS — bloco econômico que também inclui Rússia, Índia,
China e África do Sul. Para ele, a aproximação poderia gerar atritos
com os Estados Unidos, principal parceiro comercial mexicano,
especialmente em meio às tensões provocadas por disputas tarifárias.
Em
resposta, Sheinbaum reforçou que vê como legítimo ampliar os laços com
os vizinhos latino-americanos, sem prejuízo de outras parcerias
estratégicas. “Não vemos por que não fortalecer as relações com o Brasil
ou com qualquer outro país da América Latina”, afirmou. Ela acrescentou
que a diversificação diplomática e econômica é um dos eixos de sua
política externa, e que busca “fortalecer as relações de todos os
tipos”.
Segundo Rubin, “se esse tipo de aproximação puder ser
evitado, melhor; não particularmente pelo Brasil, mas porque entre os
BRICS estão a Rússia e a China, dois países que têm certo antagonismo
com o principal parceiro comercial [EUA]”. Fundada em 1942, a American
Society of México se apresenta como uma organização sem fins lucrativos
dedicada a apoiar empresas, indivíduos e ONGs dos Estados Unidos que
operam no território mexicano.
A postura da presidente mexicana se
alinha ao movimento de outros líderes latino-americanos que defendem
uma maior integração regional. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula
da Silva, por exemplo, tem defendido publicamente o fortalecimento da
relação econômica com o México como forma de enfrentar barreiras
tarifárias impostas pelos EUA.
Artigo
do jornal tenta minimizar importância do bloco e ignora que Brasil,
China e Índia discutem respostas coordenadas à ofensiva tarifária de
Trump
Presidente
da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante declaração à imprensa,
na Sala de Coletiva. Rio de Janeiro - RJ - 07/07/2025 (Foto: Ricardo
Stuckert / PR)
247 – O jornal O Estado de S. Paulo publicou, neste sábado (9), um editorial
com ataques diretos ao BRICS, classificado de forma depreciativa como
“miragem”. No texto, o diário paulista critica a reação do grupo à mais
recente medida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs
sobretaxas de 50% às exportações do Brasil e da Índia. O editorial
interpreta a postura do bloco como sinal de irrelevância, ignorando
fatores estratégicos e o contexto geopolítico mais amplo.
A análise do Estadão,
marcada por alinhamento automático a Washington, desconsidera que
Brasil, China e Índia já estão em tratativas para formular uma resposta
coordenada ao chamado “tarifaço” norte-americano. Essa articulação
inclui medidas comerciais e diplomáticas que buscam proteger setores
estratégicos e reforçar a autonomia do bloco frente a práticas
unilaterais de potências hegemônicas.
A importância estratégica do BRICS
Criado para fortalecer a voz das grandes economias emergentes em
instituições multilaterais, o BRICS tem papel cada vez mais relevante na
construção de uma ordem internacional multipolar. Hoje, o bloco reúne
países que representam cerca de 45% da população mundial e respondem
pela maior parte do crescimento econômico global. Além de ampliar o
comércio entre seus membros, o BRICS atua em áreas como cooperação
financeira, tecnológica e energética, buscando reduzir a dependência de
moedas e sistemas dominados por um único polo de poder.
Ao contrário do que sugere o editorial do Estadão,
a ampliação do grupo e o fortalecimento de mecanismos internos, como o
Novo Banco de Desenvolvimento, reforçam sua capacidade de oferecer
alternativas concretas à arquitetura econômica imposta por países
desenvolvidos. A coordenação frente a medidas protecionistas, como as
impostas por Trump, é mais um passo nesse sentido.
Submissão editorial e distorção da realidade
O texto publicado pelo Estadão ecoa a retórica de que o Brasil
deveria priorizar negociações bilaterais com os EUA, minimizando os
riscos de um alinhamento automático que historicamente fragilizou a
posição brasileira nas mesas de negociação. Ao atacar o BRICS, o jornal
demonstra uma visão ultrapassada, presa ao paradigma unipolar que vem
sendo desafiado nas últimas décadas.
A tentativa de retratar o
bloco como ineficaz não apenas distorce a realidade, como também
subestima a capacidade de articulação de países como Brasil, China e
Índia, que têm interesses próprios e sabem que a construção de respostas
coletivas fortalece a posição de cada um no cenário global.
O
episódio das sobretaxas de Trump é, portanto, um teste — não da
fragilidade do BRICS, mas da capacidade do bloco de se consolidar como
alternativa à hegemonia de Washington. Ao contrário do que sugere o Estadão, esse processo já está em curso e tende a ganhar força diante das crescentes práticas unilaterais do governo norte-americano.
247 - Durante entrevista ao programa Giro das Onze,
o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos afirmou que o Brasil
representa hoje o principal foco de resistência global diante do avanço
das forças autoritárias de extrema-direita. “Trump imperial: a esperança do mundo está no Brasil”,
declarou, ao analisar o cenário político internacional e o papel
estratégico do país na contenção das ofensivas conservadoras.Para o
intelectual, a ascensão de Donald Trump nos Estados Unidos e o
fortalecimento de regimes ultranacionalistas na Europa configuram um
quadro de grave retrocesso democrático no Ocidente.
“A Europa está sonâmbula a caminhar para sua destruição”, alertou. Segundo ele, a União Europeia perdeu seu rumo político, e os europeus “sonham com um ‘Lula’ à frente da UE”,
tamanha a desilusão com os atuais dirigentes. Nesse contexto,
Boaventura vê o Brasil como uma das poucas democracias reais do planeta.
“Não há muitas democracias hoje no mundo. O Brasil é um país mais democrático que os EUA”, afirmou. Para ele, a questão central para o mundo neste momento se resume a uma pergunta: “O Brasil vai resistir?”.
Ao
abordar o cenário político brasileiro, Boaventura foi direto ao apontar
o papel que o país exerce na geopolítica da extrema-direita. Ele
afirmou que “a extrema-direita brasileira tem uma embaixada em Washington: Eduardo Bolsonaro”.
Segundo o sociólogo, o deputado atua como ponte entre a direita radical
norte-americana e a brasileira, sendo um agente ativo no fortalecimento
do autoritarismo internacional. Ele também alertou para o comportamento
da direita institucional no país, especialmente diante de
interferências externas.
“A direita brasileira se omite diante do ataque externo”,
criticou. Para ele, essa omissão compromete a soberania nacional e
enfraquece a capacidade do país de reagir a pressões vindas de
Washington.Boaventura defendeu abertamente o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, e afirmou que o Brasil deve proteger sua autonomia
econômica. “O país tem que apoiar Haddad para que ele não seja objeto de chantagem dos EUA”, disse, referindo-se à pressão externa sobre as decisões econômicas do governo brasileiro.
A crítica ao imperialismo norte-americano é reforçada pela sua análise sobre o papel de Donald Trump, que ele considera “a voz da tecno-oligarquia”.
Segundo Boaventura, o ex-presidente e atual mandatário dos EUA atua
como uma espécie de imperador do novo capitalismo digital e predatório. “Trump é imperador”, resumiu.
Ao
analisar a atuação das forças progressistas no Brasil, Boaventura
criticou o que considera uma postura tímida diante das disputas
públicas. “A esquerda no Brasil tem medo da rua”, disse, comparando-a com movimentos mais confrontativos, como o liderado por Jeremy Corbyn no Reino Unido.
“A esquerda de Jeremy Corbyn é a esquerda do enfrentamento”,
pontuou. O sociólogo também chamou atenção para a necessidade de
ampliar o olhar da esquerda para além das questões exclusivamente
humanas. “A esquerda tem que olhar para a vida no planeta e não só para a vida humana”,
afirmou, sugerindo um compromisso maior com as pautas ambientais e da
ecologia política.Um dos trechos mais contundentes da entrevista foi a
crítica ao papel da religião na política atual. “Onde é que está a igreja dos oprimidos?”, questionou Boaventura, apontando o distanciamento das instituições religiosas em relação às causas sociais.
Na Europa, segundo ele, o retrocesso é visível até mesmo no campo das liberdades civis. “Hoje é crime defender a Palestina”, disse, referindo-se à repressão de manifestações pró-palestinas em diversos países europeus.
Ele também apontou a deterioração do sistema representativo: “Os partidos políticos deixarão de existir no futuro”.Para Boaventura de Sousa Santos, o cenário mundial é de polarização extrema. “Em momentos de polarização, a centro-direita se alia à extrema-direita, não à esquerda”,
explicou. Nesse ambiente, o Brasil ocupa uma posição singular: ao mesmo
tempo em que é alvo de pressões externas, é também uma referência para
aqueles que ainda acreditam na democracia. “A esperança do mundo está no Brasil”, concluiu o sociólogo.