Lula em cerimônia na cidade de Salgueiro (PE). Foto: Ricardo Stuckert O
desemprego no Brasil atingiu seu menor índice em 13 anos para o
trimestre encerrado em abril, ficando em 6,6%. Com isso, o contingente
de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu patamar
recorde de 39,6 milhões. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira (29) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O atual
patamar de pessoas empregadas resulta de um crescimento de 0,8% em
relação ao trimestre anterior e de 3,8% ante igual trimestre do ano
passado.
Quanto ao desemprego, a taxa de 6,6% indica estabilidade
sobre o trimestre de novembro de 2024 a janeiro de 2025 — quando ficou
em 6,5% — e queda de um ponto percentual frente ao mesmo trimestre do
ano anterior.
Leia também: Inflação cai e projeção do PIB melhora, apesar de pessimismo do mercado
No
que diz respeito à taxa composta de subutilização da força de trabalho,
o índice ficou em 15,4%, resultado também considerado estável na
comparação trimestral (15,5%). Na comparação anual, houve queda de dois
pontos percentuais. Essa taxa é a forma como o IBGE nomeia o percentual
de pessoas desempregadas e subempregadas por insuficiência de horas
trabalhadas e a força de trabalho potencial em relação à força de
trabalho ampliada.
De acordo com a pesquisa, de fevereiro a abril
de 2025, cerca de 7,3 milhões de pessoas estavam desempregadas no país,
indicador que também aponta para estabilidade quando comparado ao
trimestre móvel anterior (novembro de 2024 a janeiro de 2025), no qual
7,2 milhões de pessoas não tinham ocupação.
Por outro lado,
quando esse número é analisado frente a igual trimestre do ano anterior —
com 8,2 milhões de pessoas desocupadas — houve recuo de 11,5%, uma
redução de 941 mil pessoas desocupadas na força de trabalho.
O
cenário positivo do mercado de trabalho pode também ser constatado pelo
dado inverso da pesquisa. A quantidade de pessoas ocupadas no trimestre
encerrado em abril deste ano era de aproximadamente 103,3 milhões,
marcando estabilidade sobre os três meses anteriores. Já na comparação
anual, ocorreu alta de 2,4%, com mais 2,5 milhões de pessoas
trabalhando.
Leia também: Alckmin rebate empresários e lista ações do governo que impulsionam economia
O
nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade
de trabalhar), por sua vez, atingiu 58,2%, ficando estável ante o
trimestre de novembro de 2024 a janeiro de 2025 (58,2%). Confrontado ao
mesmo trimestre do ano anterior (57,3%), esse indicador também teve
variação positiva de 0,9 p.p.
De acordo com William Kratochwill,
analista da pesquisa, “a estabilidade nas taxas de desocupação e
subutilização confirma o que o primeiro trimestre apontou, ou seja, uma
boa capacidade de absorção dos empregos temporários constituídos no
último trimestre de 2024”.
Caged
Os dados
da Pnad convergem com os que foram apresentados nesta quarta-feira (28)
pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) relativos ao Novo Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged). Segundo essas
informações, o Brasil fechou o mês de abril com saldo positivo de 257,5
mil empregos com carteira assinada. No ano, o acumulado foi superior a
922 mil vagas geradas.
Ao todo, no mês de abril, houve de
2.282.187 admissões e 2.024.659 desligamentos. Nos últimos 12 meses (de
maio de 2024 a abril de 2025), o saldo positivo é de 1.641.330 novas
vagas formais.
Ainda segundo o MTE, em relação à quantidade total
de vínculos celetistas ativos, o país registrou, em abril, um saldo
superior a 48 mil vínculos, o que representa uma variação de 0,54% em
relação ao estoque do mês anterior.
O setor que registrou maior
avanço nos empregos formais em abril foi o de serviços, com a criação de
mais de 136 mil postos. Em seguida veio o comércio, com 48 mil,
enquanto a indústria respondeu por 35 mil. Em seguida figuram os
segmentos da construção, com 34,3 mil vagas, e da agropecuária, com
pouco mais de 4 mil.
Informalidade menor, rendimento maior
Outro
dado positivo trazido pela Pnad do IBGE trata da taxa de informalidade
na população ocupada, que foi de quase 38% 37,9%, equivalente a 39,2
milhões de trabalhadores. O índice representa redução quando comparado
ao trimestre móvel anterior (38,3%), assim como ao mesmo trimestre de
2024 (38,7%).
Segundo o IBGE, “a queda na informalidade é
consequência da estabilidade do contingente de trabalhadores sem
carteira assinada (13,7 milhões), acompanhada da estabilidade do número
de trabalhadores por conta própria (26,0 milhões) na comparação
trimestral e aumento de 2,1% no confronto anual”.
“O mercado de
trabalho apresentando níveis mais baixos de subutilização da população
em idade de trabalhar, como vem acontecendo, naturalmente impulsiona as
contratações formalizadas, uma vez que a mão de obra mais qualificada
exige melhores condições de trabalho”, argumenta Kratochwill.
Esse
conjunto de dados positivos levou também a um incremento da massa
salarial. O rendimento real habitual dos trabalhadores foi R$ 3.426 no
trimestre de fevereiro a abril de 2025, ficando estável, mas com
crescimento de 3,2% quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior.
Leia também: Novos investimentos chineses no Brasil podem gerar 150 mil empregos
Já
a massa de rendimento real habitual (a soma das remunerações de todos
os trabalhadores) atingiu R$ 349,4 bilhões, novo recorde, ficando
estável no trimestre e aumentando 5,9% (mais R$ 19,5 bilhões) no ano.
“A
massa de rendimento alcançou esse pico devido à estabilidade do nível
da ocupação, além de aumentos pontuais da população ocupada com carteira
de trabalho assinada nos setores privado e público”, pontua o
pesquisador do IBGE.
Também segundo o Caged, divulgado pelo MTE,
os dados relativos aos salários foram favoráveis, com os salários
crescendo em abril. O valor médio real de admissão foi de R$ 2.251,81,
aumento de R$ 15,96 (+0,71%) em relação a março de 2025. Na comparação
com abril do ano anterior, o ganho real foi de R$ 6,62, representando
uma alta de 0,28%, já descontados os efeitos sazonais.
Fonte: https://vermelho.org.br/2025/05/29/desemprego-cai-ocupacoes-com-carteira-assinada-e-salarios-crescem/