"Se estima que a Lava Jato tirou 142,6 bilhões da economia brasileira, ou seja, a operação produziu pelo menos 3 vezes mais prejuízos econômicos do que aquilo que ela avalia que foi perdido com corrupção”, disse o ministro Ricardo Lewandowski, do STF
22 de abril de 2021, 22:20 h Atualizado em 22 de abril de 2021, 22:59
(Foto: © Antonio Cruz/Agência Brasil)
247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, durante julgamento da suspeição do ex-juiz Sergio Moro, nesta quinta-feira, 22, afirmou que a Lava Jato desmantelou a economia em proveito de interesses estrangeiros, ao rebater o ministro Luís Roberto Barroso.
“Concordo com Barroso que a corrupção é um mal que deve ser erradicado entre nós de forma definitiva, porque tanto mal causa ao progresso da Nação. Isso é evidente. E não quero deixar a impressão de que aqueles que votaram a favor da suspeição são coniventes com corrupção. Absolutamente não”, ressaltou.
“Há avaliações diferentes sobre a Lava Jato. Há, por exemplo, um estudo da professora Rosa Maria Marques, da PUC-SP, que mostra que a operação desmantelou setores importantes da economia nacional, principalmente da indústria petrolífera e sua cadeia de fornecedores. Se estima que a Lava Jato tirou 142,6 bilhões da economia brasileira, ou seja, a operação produziu pelo menos 3 vezes mais prejuízos econômicos do que aquilo que ela avalia que foi perdido com corrupção”, disse Lewandowski.
“O modus operandi da Lava Jato levou a conduções coercitivas, prisões alongadas, ameaças a familiares, prisões em segunda instância e outras atitudes incompatíveis com o Estado Democrático de Direito”, declarou o ministro, rebatendo o ministro Barroso.
“A quem aproveitou o desmantelamento da economia nacional?”, perguntou.
“Existem visões contrapostas [sobre a Lava Jato]. O que temos de combater aqui é o modus operandi, seja por parte do MP ou do Judiciário, incompatíveis com o Estado Democrático de Direito. Os historiadores haverão de avaliar qual foi o resultado prático, para a economia brasileira, a médio e longo prazo. O que posso dizer é que nós retrocedemos da posição de 8ª economia do mundo para a 14ª”, continuou o ministro.
“Estamos tratando de pecado mortais, que se constituem, entre outras coisas, de colaborações com autoridades estrangeiras à margem da lei brasileira”, finalizou.
STF define Moro parcial
Em julgamento nesta quinta-feira, 22, o STF confirmou a decisão anteriormente proferida pela Segunda Turma da Corte no sentido de declarar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro nos processos movidos contra o ex-presidente Lula na Lava Jato.
Votaram a favor da decisão da suspeição os ministros Gilmar Mendes, Kassio Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Rosa Weber, deixando o placar em 7 a 2.
Votou com o relator, ministro Edson Fachin, pela anulação da decisão da Segunda Turma apenas o ministro Luís Roberto Barroso.
O julgamento foi suspenso em razão de pedido de vista (mais tempo para analisar o processo) de Marco Aurélio Mello e será retomado na próxima quarta-feira, 28.
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