Informação está em relatório obtido pelo Brasilwire e revela também pressão contra atuação de médicos cubanos na América Latina
15 de março de 2021, 05:46 h Atualizado em 15 de março de 2021, 06:01
(Foto: Vladimir Gerdo/TASS/ Reuters | Reprodução)
Por John McEvoy, do Brasilwire – Enquanto o número de mortos no Brasil com a pandemia Covid-19 se aproxima de 275.000, documentos revelam que Washington pressionou o governo brasileiro a não comprar a vacina "maligna" Sputnik V da Rússia – uma decisão que pode ter custado milhares de vidas.
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos publicou recentemente seu Relatório Anual para 2020. “2020 foi um dos anos mais desafiadores da história do nosso país e da história do Departamento de Saúde e Serviços Humanos”, apresenta o ex-secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Alex Azar. “Há um fim à vista para a pandemia”, ele continua, “com a entrega de vacinas seguras e eficazes por meio da Operação Warp Speed”.
Escondido na página 48, o relatório revela de forma chocante como os EUA pressionaram o Brasil a rejeitar a vacina russa Sputnik V.
Sob o subtítulo “Combatendo influências malignas nas Américas”, o relatório anuncia:
O Departamento usou as relações diplomáticas na região das Américas para mitigar os esforços dos Estados, incluindo Cuba, Venezuela e Rússia, que estão trabalhando para aumentar sua influência na região em detrimento da segurança dos Estados Unidos. O Departamento coordenou com outras agências governamentais dos EUA para fortalecer os laços diplomáticos e oferecer assistência técnica e humanitária para dissuadir os países da região de aceitar ajuda desses estados mal intencionados. Os exemplos incluem o uso do escritório do Adido de Saúde da Departamento para persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa COVID-19 e a oferta de assistência técnica do CDC no lugar do Panamá aceitar uma oferta de médicos cubanos. [enfase adicionada]
Também é surpreendente que os EUA tenham dissuadido o Panamá de aceitar médicos cubanos, que estão na linha de frente global contra a pandemia, trabalhando em mais de 40 países.
Além do Brasil, os Estados Unidos despacharam Adidos de Saúde para a China, Índia, México e África do Sul, provavelmente encarregados de realizar atividades semelhantes.
Os documentos demonstram como Washington vê a saúde global em termos estritos de poder, disposto a sacrificar incontáveis vidas para negar aos Inimigos Oficiais a vitória do soft power.
Resposta catastrófica
O Brasil sofreu o segundo pior número de taxas de mortalidade por Covid-19 do mundo, com a política Covid-19 de Bolsonaro sendo descrita como "homicida negligente".
Ao longo de 2020, o governo brasileiro se recusou consistentemente a buscar qualquer vacina, exceto a AstraZeneca.
Um grupo de prefeitos brasileiros exortou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a renunciar, escrevendo: “Sua liderança não acreditava na vacinação como saída da crise e não fez o planejamento necessário para a aquisição das vacinas”.
Com o número de mortes aumentando, Bolsonaro eventualmente e tardiamente abriu discussões para a entrega de vacinas contra o Sputnik V.
Documentos secretos publicados pela Brasil Wire também revelaram que o Reino Unido fez lobby no Brasil em nome da AstraZeneca e também das mineradoras britânicas, mostrando que os Estados Unidos não são o único país a alavancar poder em nome de multinacionais farmacêuticas na América Latina.
Este é apenas o último episódio escandaloso na forma como Bolsonaro está lidando com a pandemia.
Fonte: https://www.brasil247.com/coronavirus/eua-pressionaram-brasil-a-nao-comprar-a-vacina-russa-sputnik-v
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