Chefe da AIEA alerta: corrida global por armas nucleares atinge alta recorde desde a Guerra Fria
© AP Photo / Arquivo
Desde
o fim da Guerra Fria, o regime de não proliferação de armas nucleares
não sofria tamanha pressão por parte dos Estados, disse o chefe da
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, à mídia
britânica.
O regime de não proliferação nuclear do mundo está sob maior pressão do que em qualquer outro momento desde o fim da Guerra Fria, já que países "importantes" estavam debatendo abertamente se deveriam desenvolver armas atômicas, alertou o chefe do órgão de fiscalização da ONU.
De acordo com Financial Times (FT), Grossi afirmou que as relações tensas entre os EUA, Rússia e China, bem como o conflito no Oriente Médio,
estavam colocando tensões sem precedentes no tratado de não
proliferação nuclear (TNP) assinado em 1968, que visava limitar o
desenvolvimento do arsenal atômico mundial.
"Não
acho que na década de 1990 você ouviria países importantes dizerem:
'bem, por que não temos armas nucleares também?'", disse ele, destacando
que "esses países estão tendo uma discussão pública sobre isso, o que
não era o caso antes. Eles estão dizendo isso publicamente. Eles estão
dizendo isso para a imprensa. Chefes de Estado se referiram à
possibilidade de repensar tudo isso."
Segundo o chefe da AIEA, há vários fatores contribuindo para o interesse renovado no desenvolvimento de armas nucleares entre alguns países, embora não tenha querido citar nenhum nominalmente.
29 de dezembro 2023, 08:43
O
professor assistente no Dartmouth College, Nicholas Miller, disse à
apuração do FT que existe "uma competição geopolítica mais intensa entre
grandes potências" no momento, e que, por "estarem ocupadas competindo
com seus rivais" a proliferação nuclear tem sua discussão reacendida,
citando o Irã como o maior risco potencial nesta matéria.
Teerã insiste que seu programa nuclear é para fins pacíficos e civis.
Mas nos últimos meses, quando a guerra Israel-Hamas desencadeou uma
onda de hostilidades regionais, autoridades iranianas alertaram que a
república poderia mudar sua doutrina caso se sentisse ameaçada.
A AIEA, que continua a ter inspetores na república, diz que não tem evidências de que o Irã esteja buscando desenvolver ou avançar para um programa de armas.
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, também aumentou a temperatura ao dizer publicamente que um programa de armas nucleares pode ser necessário para conter a ameaça da Coreia do Norte com armas nucleares, e em Bruxelas, o líder do Partido Popular Europeu de centro-direita, pediu que a Europa construísse mais dissuasão contra a Rússia.
Grossi
disse que a AIEA tem falado com os países e enfatizado a importância do
regime de não proliferação. "Temos que garantir que reforçamos o regime
porque não acho que adicionar mais Estados com armas nucleares tornará a
situação atual melhor", disse ele.
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Fonte: https://noticiabrasil.net.br/20240826/chefe-da-aiea-alerta-corrida-global-por-armas-nucleares-atinge-alta-recorde-desde-a-guerra-fria-36200056.html
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