Páginas

segunda-feira, 21 de março de 2022

Eurasia Group vê risco de "desglobalização", mas assume que Putin negociará com China, Brasil e nações em desenvolvimento


Os "think tanks" e consultorias que alimentam o Pentágono, mesmo assumindo o risco econômico das sanções, insistem no que seria a postura mais "ética"

20 de março de 2022, 07:31 h Atualizado em 20 de março de 2022, 07:54

www.brasil247.com - Ian Bremmer Ian Bremmer (Foto: Reprodução)

247 - O conflito armado na Ucrânia intensificou a chamada "desgoblalização", que ocorre à medida que países emergentes se recusam a aderir às sanções indiscriminadas impostas pelos Estados Unidos e seus aliados contra a Rússia.

Para Ian Bremmer, fundador da consultoria de risco político Eurasia Group, um ponto de ruptura foi atingido nas relações da Rússia com o Ocidente, especialmente após o presidente Joe Biden dos Estados Unidos chamar o presidente russo, Vladimir Putin, de "criminoso de guerra". O Kremlin rejeita veementemente os insultos pessoais.

“A economia russa, que é muito importante em termos de commodities que são chave, como óleo e gás, será desvinculada do restante do Ocidente. Não há como reconstruir as relações econômicas quando o presidente dos EUA chama Vladimir Putin de criminoso de guerra”, disse Bremmer, conforme o Estado de S. Paulo.

Bremmer aponta ainda para repercussões contra a China, mas que não afetem a relação Rússia-China, assim como as relações de Putin com o restante do mundo emergente: "No melhor cenário, ainda haverá um movimento desfavorável à globalização e alguma repercussão contra a China”, diz.

“Putin pode se tornar um pária internacional, mas ainda fará negociações com a China, com o Brasil e com nações em desenvolvimento. A grande questão é se a Guerra Fria com a Rússia irá desencadear uma Guerra Fria com Rússia e China”, afirma Bremmer. “Se os chineses seguirem com apoio à Rússia, aí estaremos em um cenário de precipitação da fragmentação da economia global. E de possível desglobalização.”

Já a especialista em comércio internacional e professora adjunta de Direito Internacional da American University, Renata Amaral, aponta que este é apenas o fim da globalização como a conhecemos.

“Toda a cadeia de produção, distribuição de produtos e logística, toda essa geografia de comércio será afetada. Estamos presenciando um princípio de fim da globalização como conhecemos”, afirmou.

Os "think tanks" e consultorias que alimentam o Pentágono, mesmo assumindo o risco econômico ao adotar sanções contra a Rússia e seus aliados, insistem no que seria a postura mais "ética".

“A resposta do mundo democrático à agressão e aos crimes de guerra de Moscou é correta, tanto do ponto de vista ético quanto de segurança nacional. Isso é mais importante do que a eficiência econômica”, escreveu o presidente do Peterson Institute for International Economics, Adam Posen, em artigo para a revista Foreign Affairs.

Fonte: https://www.brasil247.com/economia/eurasia-group-ve-risco-de-desglobalizacao-mas-assume-que-putin-negociara-com-china-brasil-e-nacoes-em-desenvolvimento

Nenhum comentário:

Postar um comentário