Petrobrás distribui R$ 56,2 bilhões para acionistas privados, enquanto União fica com apenas R$ 32,5 bilhões do total de R$ 87,8 bilhões
28 de julho de 2022, 18:13 h Atualizado em 28 de julho de 2022, 18:22
(Foto: REUTERS/Sergio Moraes | Reprodução)
247 - Enquanto reduziu R$ 0,15 no litro da gasolina, a Petrobrás distribuiu R$ 6,73 por ação para acionistas. “Um deboche”, destacou Eduardo Costa Pinto, professor de Economia Brasileira e Economia Política do IE/UFRJ, ao Brasil 247.
A estatal afirmou, nesta quinta-feira, 28, que aprovou o pagamento de distribuição de dividendos em R$ 6,732003 por ação preferencial e ordinária em circulação, somando R$ 87,8 bilhões. O valor em dividendos é recorde.
O professor da UFRJ destacou que, do total, a maior parte vai para acionistas estrangeiros: R$ 35,5 bilhões. A União fica com R$ 32,5 bilhões, enquanto acionistas privados nacionais receberão R$ 20,7 bilhões.
“O valor de mercado da Petrobras, em 27/07/22, foi de R$ 428,7 bilhões. Em apenas um trimestre (2022), a Petrobras vai distribuir R$ 88,7 bilhões, cerca de 20,5% do valor da empresa”, lembrou o professor no Twitter.
O pagamento de dividendos será feito em duas parcelas com valores iguais nos meses de agosto e setembro. A primeira parcela será paga em 31 de agosto e o depósito da segunda parcela será realizado em 20 de setembro.
"A aprovação do dividendo proposto é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia no curto, médio e longo prazo e está alinhada ao compromisso de geração de valor para a sociedade e para os acionistas, assim como às melhores práticas da indústria mundial de petróleo e gás natural", informou a estatal em nota.
Na prática, os números mostram um enriquecimento dos acionistas privados, enquanto povo sofre com alta dos combustíveis e a inflação, que têm colocado o povo brasileiro em situação de fome.
Pior ainda, quem mais recebe são os acionistas estrangeiros. Concretamente, isso significa que R$ 35,5 bilhões distribuídos pela Petrobras saem do País. Uma evasão fiscal bilionária.
PEC do estado de emergência
A distribuição ocorre no momento em que o governo Bolsonaro solicita pagamento de mais dividendos para compensar o caixa da União (principal acionista da Petrobrás) pelas despesas com auxílios sociais às vésperas da eleição.
O secretário do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, afirmou que a pasta solicitou às estatais federais (Caixa, BNDES, Petrobras e Banco do Brasil) ,na segunda-feira, 25, que avaliem pagar mais dividendos ao governo em 2022.
>>> Leia mais: Caixa e BNDES vão ampliar distribuição de dividendos para bancar PEC do estado de emergência
O objetivo é bancar a PEC do estado de emergência que, inconstitucionalmente, foi aprovada pelo Congresso e permite que o governo Jair Bolsonaro (PL) crie novos benefícios e amplie os já existentes no ano eleitoral.
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