Relatório ainda diz que Bolsonaro "mentiu" e "pretende gerar a sensação de que é vítima de um sistema corrupto"
21 de julho de 2022, 07:25 h Atualizado em 21 de julho de 2022, 07:46
(Foto: Clauber Cleber Caetano/Ag. Brasil)
247 - As declarações de Jair Bolsonaro (PL) com ataques ao sistema eleitoral brasileiro durante encontro com embaixadores na segunda-feira (18) "são perigosas" e "indicam ações imprevisíveis", diz o relatório de uma embaixada da Europa obtido pela CNN Brasil.
O documento foi produzido logo após a reunião dos diplomatas com o governante brasileiro e contém transcrições de falas de Bolsonaro. Entre os destaques do relatório está a afirmação do chefe do Executivo de que quer "corrigir falhas" e "apresentar uma saída" para o sistema de votação. “Queremos corrigir falhas, queremos transparência, queremos democracia de verdade. Sou acusado de querer dar um golpe. Estou questionando o sistema primeiro, ter tempo para resolver esses problemas”, relata o documento. Em seguida, a análise do diplomata: "essas declarações são perigosas porque indicam ações imprevisíveis".
Mais tarde, o relatório afirma que Bolsonaro "pretende gerar a sensação de que é vítima de um sistema corrupto e que sua luta é pela legalidade e transparência das eleições". Neste momento, o documento cita declaração de Bolsonaro no sentido de que tem "vergonha do que está acontecendo em nosso país".
A ofensiva de Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também não ficou de fora. O relatório cita, por exemplo, a afirmação do brasileiro contra Luís Roberto Barroso, do STF: "o presidente disse que Luís Roberto Barroso (STF) se tornou ministro do STF por sua atuação na defesa de Cesare Battisti, durante o governo Lula. Vale ressaltar que o agora ministro exerceu suas prerrogativas de advogado dentro da lei".
Ainda de acordo com o relatório da embaixada, Bolsonaro "nunca deixou realmente o uniforme de capitão”, já que "se inclui" quando fala das Forças Armadas.
Segundo o documento, ao afirmar que as sugestões feitas pelas Forças Armadas ao TSE para supostamente corrigir as "falhas" no sistema de votação resolveriam todos os problemas, Bolsonaro "aponta para uma sinergia cada vez maior entre a narrativa de Bolsonaro e membros das Forças Armadas, o que pode ser verdade ou não".
O texto destaca que Bolsonaro "mentiu quando mencionou falsas alegações de que algumas pessoas pressionaram 17 (número do PSL), em 2018, e o voto foi para outro candidato. O TSE "já havia revelado", naquele ano, "que o vídeo apresentado como prova havia sido editado", lembra o documento, que também pontua que o brasileiro repetiu fake news sobre as eleições que já foram desmentidas pelas autoridades.
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