Em Contagem (MG) o ex-presidente Lula denunciou que a falta de investimentos do Estado causou desindustrialização no Brasil
10 de maio de 2022, 17:41 h Atualizado em 10 de maio de 2022, 17:44
Lula participa de Ato "Lula Abraça Minas", em Belo Horizonte. 09.05.2022 (Foto: RICARDO STUCKERT)
Site do Lula, com Rede Brasil Atual - As calçadas ocupadas por famílias sem lar, recorde de desemprego e inflação e endividamento, a lamentável volta da fome e a estagnação dos salários não deixam dúvida de que o Brasil piorou. Bolsonaro será o primeiro presidente, desde o Plano Real, a terminar o mandato com o salário mínimo valendo menos do que no início de sua gestão. Nem de perto o cenário atual faz lembrar o país que, pelas mãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, saiu do mapa da fome da ONU, valorizava o salário mínimo em lei e promovia a distribuição de renda e o controle da inflação, mesmo em períodos de crise econômica.
Desde que assumiu a presidência do país, Jair Bolsonaro atuou para empobrecer a população e desvalorizar a moeda. Quem ainda tem como consumir sente no bolso o impacto da tragédia econômica que avassala o país. A inflação dos alimentos que compõem a cesta básica superou 20% no acumulado de 12 meses, entre abril de 2021 e março de 2022.
É inegável que os carrinhos de supermercado estão cada vez mais vazios. Bolsonaro e sua trupe miliciana tentam transferir a culpa por esse cenário à pandemia e, agora, à recente guerra entre Ucrânia e Rússia. Mas a verdade é que, sob sua tutela, o poder de compra do brasileiro está em queda brusca há mais de 3 anos.
Aumento gradual do poder de compra
Comparação feita entre o que se podia comprar ao longo dos governos de Lula e do PT (2002, 2006, 2010 e 2016) e a partir da eleição de Bolsonaro (2018 e 2022) com os salários mínimos dos respectivos anos revela a discrepância do poder de compra nas duas gestões.
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É visualmente perceptível, apenas olhando para o carrinho de supermercado, que o poder de compra da população brasileira nos governos petistas aumentou de maneira perene. Lula e Dilma priorizaram o povo, mantendo a inflação controlada, implementando a política de valorização do salário mínimo e criando empregos.
De 2002 para 2006, o salário mínimo passou de R$ 200 para R$ 350. A inflação, que em 2002 bateu os 12,53%, foi para 3,14% no último ano do primeiro mandato do presidente Lula, em 2006.
O compromisso com o controle do índice inflacionário possibilitou o acesso dos mais pobres a bens e serviços antes inalcançáveis. Como é o caso das 24 milhões de famílias que puderam comprar uma geladeira porque tiveram acesso à renda e à eletricidade. Dos 13 anos de PT, a meta da inflação foi cumprida em 12 deles.
Durante os governos do ex-presidente Lula e do PT, entre 2002 e 2016, o salário mínimo teve aumento real (acima da inflação) de 76%. Só nos dois mandatos de Lula, o aumento real foi de 57,8%. Além disso, 93,8% das categorias trabalhistas tiveram aumento maior do que a inflação no ano de 2010. A política de fortalecimento do salário mínimo, instituída com base em reajuste com reposição total da inflação mais o crescimento do PIB de 2 anos atrás, foi a principal ferramenta para ampliação da renda do trabalho e para redução da desigualdade.
Os governos petistas foram responsáveis também pela geração de 20 milhões empregos. O resultado foi a redução drástica do desemprego, que passou de 10,5%, no final do ano de 2002, para 4,3%, no final de 2013. Alcançando, assim, o que os economistas chamam de pleno emprego, quando a taxa de desemprego chega a um mínimo correspondente à movimentação dos trabalhadores e trabalhadoras entre um emprego e outro.
Todos esses fatores fizeram com que a renda média do brasileiro crescesse 38% acima da inflação. Entre os mais pobres, o crescimento foi ainda maior, atingindo 84%.
Poder de compra em queda brusca
Na gestão equivocada de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes acontece o oposto. Desde 2018, a moeda está enfraquecida e nada se faz para mudar o contexto econômico. Bolsonaro será 1º presidente desde o Plano Real a terminar mandato com salário mínimo valendo menos. A perda do poder de compra ao fim do governo será de 1,7%.
A gestão de Bolsonaro contraria a previsão constitucional de que o salário mínimo deve ser reajustado periodicamente para garantir seu poder aquisitivo, sendo obrigatória a recomposição da inflação. Ao contrário das gestões petistas, nos seus três anos de governo Bolsonaro o aumento salarial não teve nenhum ganho acima da inflação, freando o processo de elevação contínua da remuneração.
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O peso do desleixo do governo atinge o bolso do trabalhador. Hoje, para comprar os mesmos produtos que se compravam com o salário mínimo de 2018, o cidadão teria que desembolsar R$ 1.600, ou seja, R$ 388,98 a mais do que o valor do salário mínimo atual. Isso mostra a tamanha desvalorização do real nos últimos quatro anos. Reportagem do G1 mostra que a perda do poder de compra em apenas dois aos foi de R$ 200.
Levantamento da agência de classificação de risco Austing Rating revela que entre as maiores economias do mundo, apenas o Brasil e a Turquia têm os índices de juros, inflação e desemprego acima dos 10%.
Falta de investimentos do Estado causou desindustrialização, diz Lula
Nesta terça-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prosseguiu em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte) sua passagem de três dias por Minas Gerais. Em discurso na cidade, importante polo industrial, ele falou da desindustrialização do país. “O Brasil já chegou a ter 30% do seu PIB extraído da sua produção industrial. Caiu para 11%. Contagem ainda tem 21% do seu PIB industrial, o que mostra que aqui ainda tem muita indústria”, disse.
Lula apontou que a desindustrialização pela qual passa o Brasil é decorrente da falta de investimentos do Estado. O pré-candidato lembrou que o Brasil “já foi um produtor de autopeças, deixou de produzir aqui, e agora a gente está com empresa fechando e dando férias porque não tem chip e não tem peças para montar os carros no Brasil”.
Em seu discurso, assim como fez ontem em Belo Horizonte, Lula não deixou de fustigar Bolsonaro. “Esse país não precisa de arma, quem tem que ter arma são as Forças Armadas para defender a gente. E a polícia, para prender quem quer importunar a vida do povo”, disse. “Esse país está precisando é de mais escola, é de mais hospital, é de mais livro, é de mais cultura”, acrescentou.
A deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também discursou em Contagem – administrada pela prefeita petista Marília Campos – , e falou do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, lançado no sábado (7) por Lula e seu vice Geraldo Alckmin. “É um movimento pela democracia, pelos direitos do nosso povo e por quem quer governar de fato este país. Porque hoje o Brasil está sem governo”, declarou. “O Brasil não tem um presidente da República, tem um impostor naquela cadeira.”
Aliança na pauta
Do ponto de vista político, o principal tema em torno da visita de Lula a Minas continua sendo o impasse que cerca a difícil aliança com o PSD no estado. Até o momento, não houve um encontro entre Lula e o candidato ao governo pelo partido, Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte. A aliança esbarra na disputa pela única vaga ao Senado. Para fechar com Lula, o PSD quer o apoio à reeleição de Alexandre Silveira e o PT quer o deputado Reginaldo Lopes.
No momento, Kalil parece precisar mais de Lula do que o contrário. Pesquisa do Instituto Ver/Rádio Itatiaia de 19 de abril mostra o ex-presidente com 44% das intenções de voto, contra 27% de Bolsonaro. Por outro lado, para o governo do estado, o governador Romeu Zema (Novo) lidera, com 44%, e Kalil tem a metade, 22%.
Mas, politicamente, uma aliança interessa a ambos. Para Kalil, pela popularidade de Lula e a óbvia vantagem sobre Bolsonaro. O apoio do ex-presidente poderia lhe render o crescimento para chegar ao primeiro turno realmente competitivo. E, para Lula, por dois motivos. Primeiro, porque a eleição ainda está distante e muita coisa pode acontecer. Se Bolsonaro diminuir a distância para o petista, seria importante o PT contar com um palanque influente em Minas.
Segundo, porque boa parte do PSD mineiro ameaça apoiar Bolsonaro. Com cerca de 16 milhões de eleitores, Minas é o segundo colégio eleitoral do país e nenhum candidato pode dar “sopa para o azar” no estado. O hoje difícil acordo implicaria no sacrifício de Alexandre Silveira ou Reginaldo Lopes ao Senado.
Bolo e pão de queijo
Nesta terça, Kalil respondeu com ironia a matéria do jornal O Globo, de ontem à noite, intitulada “Sem acordo com o PSD de Minas, Lula deixa BH depois de tomar ‘bolos’ de Kalil”. Em seu Twitter, o pré-candidato ao governo de Minas respondeu: “Aqui em Minas Gerais ninguém dá bolo em amigo. Normalmente, é café quente e pão de queijo”. Foi um modo mineiro de desmentir que não estava menosprezando Lula, como O Globo quis dar a entender. Segundo os assessores de Kalil, ele não tinha compromisso agendado com Lula.
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