Novo preço começa a valer nesta terça-feira (10). Jair Bolsonaro, que tem criticado os seguidos aumentos, não mexe na política de preços que beneficia apenas os acionistas
9 de maio de 2022, 11:35 h Atualizado em 9 de maio de 2022, 12:45
Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)
247 - Jair Bolsonaro, responsável por manter a política de preços da Petrobrás, que dolariza os preços praticados no mercado interno, sacrificou ainda mais os caminhoneiros nesta manhã. A empresa estatal anunciou nesta segunda-feira aumento do preço médio do diesel de 8,87% nas suas refinarias, com o combustível para distribuidoras passando a valer 4,91 reais por litro, a partir de terça-feira, segundo comunicado da empresa.
Em nota, a companhia ressaltou que o reajuste foi feito após 60 dias e que os valores da gasolina e do GLP (gás de cozinha) foram mantidos.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pré-candidato à deputado estadual , Guilherme Boulos (Psol-SP), usou as redes sociais para criticar a alta do diesel anunciada pela estatal.
"ABSURDO! Petrobras acaba de aumentar o preço do Diesel em 8,87%. Isso depois da gasolina subir pela quarta semana seguida e chegar a R$8,99. Esse era o presidente 'amigo dos caminhoneiros"?', postou Boulos no Twitter.
A política de preços praticada pela Petrobrás com a anuência de Jair Bolsonaro deverá aumentar significativamente o lucro da estatal no primeiro trimestre deste ano, transferindo mais lucros e dividendos a seus acionistas em detrimento dos consumidores.
Levantamento com base nas projeções de quatro instituições financeiras (Itaú BBA, UBS, Credit Suisse e Goldman Sachs) indica que a companhia deve registrar, no primeiro balanço do ano, receita líquida de R$ 144 bilhões, avanço de 67,2% frente ao primeiro trimestre de 2021.
Confira a postagem de Guilherme Boulos.
Leia, abaixo, reportagem da Reuters sobre o novo aumento:
Reuters - A Petrobras anunciou nesta segunda-feira um aumento do preço médio do diesel de 8,87% nas suas refinarias, com o combustível para distribuidoras passando a valer 4,91 reais por litro a partir de terça-feira, segundo comunicado da empresa, que citou a necessidade de reajuste para equilibrar o mercado e mantê-lo abastecido por outras companhias.
Em meio a manifestações nos últimos dias do presidente Jair Bolsonaro contra uma alta de combustíveis, a Petrobras ressaltou que o reajuste foi feito após 60 dias. Disse ainda que valores da gasolina e do GLP (gás de cozinha) foram mantidos.
"Com esse movimento, a Petrobras segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda acompanhando os preços de mercado", disse a companhia em nota.
O reajuste foi realizado enquanto as cotações de diesel e gasolina apresentavam defasagem em relação à paridade internacional, com a diferença em -27% para o primeiro e -22% para o segundo, conforme avaliação do Itaú BBA, na última sexta-feira.
O último ajuste de preços aplicado pela Petrobras havia acontecido em 11 de março e, naquele momento, refletia apenas parte da elevação observada nos preços de mercado. Naquela oportunidade, a estatal elevou o diesel em cerca de 25%, a gasolina em quase 19% e o GLP em 16%.
"Desde aquela data, a Petrobras manteve os seus preços de diesel e gasolina inalterados e reduziu os preços de GLP, observando a dinâmica de mercado de cada produto", disse a estatal.
"Nesse momento, no entanto, o balanço global de diesel está impactado por uma redução da oferta frente à demanda. Os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras", justificou.
"Esse desequilíbrio resultou na elevação dos preços de diesel no mundo inteiro, com a valorização deste combustível muito acima da valorização do petróleo. A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta."
A Petrobras destacou que as refinarias da companhia já estão operando próximo do seu nível máximo (fator de utilização de 93% no início de maio), considerando as condições adequadas de segurança e de rentabilidade, e que o refino nacional não tem capacidade para atender toda a demanda do país.
"Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel é atendido por outros refinadores ou importadores. Isso significa que o equilíbrio de preços com o mercado é condição necessária para o adequado suprimento de toda a demanda, de forma natural, por muitos fornecedores que asseguram o abastecimento adequado", observou.
Especialistas têm ressaltado a importância de manter os preços em equilíbrio, uma vez que o Brasil é um importador de combustíveis.
"O Brasil é importador de derivados, portanto não seguir a paridade dos preços pode levar a desabastecimento do mercado", disse à Reuters Pedro Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).
"Independente da reclamação e insatisfação do presidente e de todos os consumidores, não seguir o preço internacional pode causar desabastecimento. Quando a margem começa a abrir muito, ou seja, combustível mais barato aqui dentro, o aumento é inevitável", adicionou Rodrigues.
A Petrobras ressaltou que os preços praticados pela empresa são apenas uma parcela dos preços que chegam ao consumidor final.
Para a formação do preço na bomba, ainda são adicionadas parcelas da mistura obrigatória de biodiesel, custos e margens de distribuição e revenda, e tributos que, no caso do diesel, atualmente limitam-se ao ICMS, imposto estadual, uma vez que os tributos federais PIS e Cofins tiveram suas alíquotas zeradas a partir de 11 de março.
"Dessa forma, a Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, acompanhando as variações para cima e para baixo, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos da volatilidade, ou seja, evita o repasse das variações temporárias que podem ser revertidas no curto prazo", destacou.
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