A secretária-executiva do Fórum de São Paulo discursou no seminário promovido em conjunto com o Partido Comunista da China
16 de maio de 2022, 06:37 h Atualizado em 16 de maio de 2022, 06:53
Mônica Valente (Foto: Divulgação)
247 - Organizado pelo Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), realizou-se o primeiro ciclo do seminário “Relações entre China e América Latina na Nova Era”.
Em seu pronunciamento, a secretária-executiva do Fórum de São Paulo, Mônica Valente, agradeceu ao Partido Comunista da China a iniciativa de organizar o seminário e destacou que o evento se realiza no mais candente momento, propício a discutir as questões que a humanidade vive e a trocar reflexões e iniciativas.
"Somos, o Fórum de São Paulo, um espaço fundamental para o diálogo, o acordo e a construção da unidade na diversidade das forças políticas de esquerda, revolucionárias e progressistas do continente para enfrentar o inimigo comum de nossos povos, o imperialismo e o neoliberalismo norte-americano", pontuou, ressaltando que para os partidos progressistas da América Latina e Caribe "o Fórum de São Paulo é um espaço fundamental para o desenvolvimento de alternativas populares, antineoliberais, anti-imperialistas, para a coordenação e articulação de lutas conjuntas".
Mônica Valente afirmou que o modelo neoliberal mostra seu completo fracasso por não atender às necessidades mínimas das pessoas, que sofrem com o desemprego, a fome e a insegurança social.
A dirigente considerou positivo que China e Rússia estejam em "crescente aliança política e econômica". Em sua opinião, isto "leva ao fortalecimento conjunto de dois países relevantes em um mundo que luta para se tornar mais multipolar".
Nesse contexto, de acordo com a dirigente do Fórum de São Paulo, o imperialismo estadunidense, que não está satisfeito com a perda relativa de sua hegemonia global, "promove uma nova Guerra Fria, que inclui guerra híbrida por meio de bloqueios, sanções unilaterais e campanhas midiáticas subversivas contra cerca de trinta países".
Em sua intervenção, Mônica Valente criticou severamente os Estados Unidos e a Otan e enfatizou que ambos devem "pôr fim à sua estratégia militarista", advertindo que "paira sobre os povos a ameaça de um holocausto nuclear".
Ela se referiu a uma situação trágica que vive o mundo. "O conflito Rússia-Ucrânia é consequência do que os EUA e a Otan estão fazendo na Síria, Iraque, Irã, Líbia, Palestina, Iêmen, Saara Ocidental e em todo o mundo, com intervenções militares diretas e indiretas e com um sistema internacional em crise que hoje é incapaz de defender o direito internacional".
"No que diz respeito ao conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia, apelamos à construção da paz e defendemos formas de solução política e diplomática dos conflitos, que considere e respeite o multilateralismo, todos os princípios do direito internacional, e ponha fim a todos os tipos de ação militar, sanções, bloqueios, punições econômicas, ocupações colonialistas, que finalmente levam ao cativeiro dos povos".
A secretária-executiva do Fórum de São Paulo deteve-se também na situação aflitiva dos povos latino-americanos e caribenhos, que "não escaparam aos graves impactos da pandemia e da crise multidimensional, ameaçados ao mesmo tempo pela tentativa dos EUA de impor sua dominação neocolonial sobre nossa América, apoiados por governos servis da região, declarando publicamente a validade da Doutrina Monroe". E apontou perspectivas: "A América Latina e o Caribe lutam e resistem. As Revoluções de Cuba, Nicarágua e Venezuela, junto com seus povos, resistem criativamente aos bloqueios e sanções unilaterais aplicadas pelo imperialismo norte-americano, para garantir o desenvolvimento e a proteção social de suas nações".
Mônica Valente vê com otimismo a recente trajetória política na região: "No período recente, em muitos de nossos países, os povos, as forças políticas e os movimentos populares e sociais conseguiram mudar a correlação de forças por meio de mobilizações, lutas locais, explosões e revoltas populares e sociais, e eleger governos com uma visão mais progressista. e populares, como no México, Argentina, Bolívia, Peru, Chile, Honduras e Santa Lúcia.
E lembrou que apesar dessas conquistas é necessário observar que há povos que enfrentam ataques de repressão e anulação de direitos humanos. "Assim, por exemplo, em El Salvador, onde o Estado de Direito democrático e constitucional foi desmantelado, a perseguição política se intensifica e nos últimos dias foi decretado um Estado de Exceção, com as gravíssimas implicações que isso significa para os direitos fundamentais dos pessoas".
"Na Colômbia, a onda de assassinatos contra líderes sociais e ativistas de direitos humanos persiste, e a cada semana se somam novos ataques contra a vida dos signatários dos Acordos de Paz. No Paraguai já existem cerca de dois mil ativistas dos movimentos sociais que foram instruídos em processos judiciais".
O Fórum de São Paulo denuncia o "incessante cerco golpista, pelas forças mais retrógradas do Peru, contra o governo do presidente Pedro Castillo, eleito de forma limpa e democrática, que mantém aquele país em permanente instabilidade política, e rejeitamos o perdão de Alberto Fujimori concedida no final de março".
"Denunciamos o lawfare no Equador contra Rafael Correa e Jorge Glas, este último preso injustamente por 4 anos. Condenamos também a perseguição política contra Vladimir Cerrón, do Partido Peru Livre, no Peru".
Por fim, MÔnica Valente reiterou o compromisso do Fórum de São Paulo "com a paz no mundo e com a Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz, da Celac; a defesa da soberania dos países de nossa região, reiterando nossa rejeição e condenação aos bloqueios e sanções econômicas unilaterais sofridas pelos povos irmãos de Cuba, Nicarágua e Venezuela, exigindo seu levantamento ou eliminação imediata; o compromisso com o desenvolvimento econômico sustentável, com inclusão, igualdade e proteção social -saúde, educação, habitação, seguridade social justa, empregos decentes- e desenvolvimento ambiental de toda a região, e contra a espoliação dos recursos naturais promovida pelo imperialismo norte-americano e governos submissos da região; a luta contra o colonialismo e o neocolonialismo em solidariedade com Porto Rico, Malvinas Argentinas, Saara Ocidental e Palestina".
"Reiteramos que a região da América Latina e do Caribe tem como destino comum a integração regional soberana, marcada pelo compromisso de solidariedade, cooperação e multilateralismo", finalizou.
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