© Folhapress / Rafael Andrade
22:57 25.05.2021(atualizado 23:01 25.05.2021) URL curta
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Brasil vs. coronavírus no fim de maio de 2021 (24)
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Para especialista ouvido pela Sputnik, a oferta do Brasil de doar vacinas para países mais pobres reduz ainda mais a credibilidade do governo brasileiro no cenário internacional, pois o mundo inteiro sabe que o país tem problemas para imunizar a sua população.
Ao mesmo tempo em que a CPI da Covid, conduzida pelo Senado federal, divulgava que o Brasil reduziu em 50% a encomenda de vacinas de prevenção à COVID-19 ao consórcio COVAX, um agrupamento de mais de 150 países liderados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), diplomatas brasileiros declaravam na sede da OMS em Genebra, na Suíça, que o Brasil poderá fornecer vacinas aos país
73 years ago, @WHO was established as the directing & coordinating authority on international health. Honoured to present our results at #WHA74 today. With continued leadership & guidance from our Member States, we'll continue working towards #HealthForAll https://bit.ly/3vfBhLG
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es mais pobres.
73 anos atrás, a OMS foi estabelecida como autoridade dirigente e coordenadora em saúde internacional. É uma honra apresentar nossos resultados na Assembleia Mundial da Saúde hoje. Com liderança e orientação contínuas de nossos Estados-membros, continuaremos trabalhando em prol da Saúde para Todos.
Segundo o site G1, documentos enviados pelo Ministério das Relações Exteriores à CPI da Covid mostram que, em agosto, o Brasil pediu ao consórcio COVAX vacinas suficientes para imunizar 20% de sua população, e que, em setembro, a encomenda foi reduzida para a imunização de 10% da população.
Por sua vez, o jornalista Jamil Chade, do site UOL, informou nesta terça-feira (25) que a oferta do Brasil aos países mais pobres ocorreu no segundo dia da Assembleia Mundial da Saúde, o principal encontro anual da OMS, que estabelece as diretrizes para o enfrentamento do vírus.
"O Brasil está pronto para contribuir aos esforços globais contra a COVID-19, por meio do fornecimento de doses de vacinas produzidas localmente", disseram os representantes do Itamaraty, citados pelo UOL.
O ministro da @minsaude participou, nesta segunda-feira, de forma remota, da Assembleia Mundial da OMS. No discurso, Marcelo Queiroga defendeu que a volta à normalidade depende da vacinação em massa e que o Brasil segue firme com as medidas de prevenção contra a Covid-19.
Chade, no entanto, relatou que os diplomatas não mencionaram quando isso poderia ocorrer e nem para quais países o Brasil destinaria as doses. Além disso, o jornalista apurou que o caminho que está sendo avaliado para efetivar essa doação seria o próprio COVAX Facility.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o advogado Alan Vendrame, especialista em Direito Internacional Público, afirma que a declaração do governo brasileiro em Genebra causa "perplexidade", pois o Brasil enfrenta um problema de escassez de vacinas e não teria condições de arcar com esse compromisso.
"Como o governo brasileiro empenha a sua palavra perante o mundo, sendo que, dentro da sua própria realidade, as pessoas continuam sendo infectadas, os vírus [...] e as variantes [...] continuam circulando livremente? [...] Como que os países da comunidade internacional vão acreditar numa promessa feita por um país que não consegue vacinar a própria população?", questiona o especialista.
Para Vendrame, que também tem especialização em políticas públicas de Saúde, além de causar perplexidade, a posição do Ministério da Saúde mostra que a palavra do Brasil "não tem credibilidade", já que o mundo inteiro sabe o que acontece no Brasil, onde há evidências fartas de que o governo tem uma posição "negacionista" e vem enfrentando problemas para avançar na vacinação.
"Os governadores e prefeitos estão refazendo, o tempo todo, o seu plano de imunização por falta do imunizante, que é importado [...] e o governo federal parece que joga contra os governos estaduais [...] por uma questão meramente irracional e ideológica", ao dificultar as negociações com a China, que é o principal fornecedor de insumos para a fabricação de vacinas no Brasil, opina Vendrame.
© REUTERS / Tiksa Negeri
Uma enfermeira se prepara para administrar uma dose da vacina da AstraZeneca sob o esquema COVAX no Hospital Geral Eka Kotebe, em Addis Abeba, Etiópia, em 13 de março de 2021
Sobre a revelação de que o Brasil reduziu pela metade as encomendas de vacinas ao consórcio COVAX, liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Vendrame considera que se trata de mais um reflexo da "postura negacionista e ideológica do governo federal".
"Dentro dessa ideologia irracional que tomou conta do governo federal existe a ideia de que a Organização Mundial da Saúde é um organismo globalista [...] da qual estaria por trás uma elite comunista querendo implantar o comunismo no mundo", afirma Vendrame.
Com essa postura, o especialista avalia que os membros do governo são absolutamente contrários a qualquer organismo internacional, o que é absolutamente irracional, já que a "Organização Mundial da Saúde é um organismo científico, não é um organismo político".
Nesse sentido, Vendrame afirma que a postura do governo brasileiro de diminuir sua participação no consórcio COVAX Facility revela que o mesmo prefere "prejudicar a saúde da própria população para afirmar o seu posicionamento político e irracional perante a comunidade internacional".
"Infelizmente, [...] a imunização da população [brasileira] não vai acontecer em 2021. Com essa postura do governo negacionista, criando embaraços perante a comunidade internacional, para as tratativas dos governos estaduais junto aos países produtores de imunizantes, as dificuldades são enormes", conclui.
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