Foram pelo menos 67 postagens diferentes sobre a cloroquina e o chamado "tratamento precoce" no Facebook, YouTube e Twitter desde 26 de fevereiro de 2020, quando foi notificado o primeiro caso da doença no Brasil
24 de maio de 2021, 08:30 h Atualizado em 24 de maio de 2021, 08:59
Jair Bolsonaro e cloroquina (Foto: Reuters)
247 - Jair Bolsonaro fez postagens nas redes sociais para defender a cloroquina e o chamado "tratamento precoce" contra a Covid-19, em média, uma vez por semana desde o começo da pandemia. Foram pelo menos 67 postagens diferentes sobre o tema no Facebook, YouTube e Twitter desde 26 de fevereiro de 2020, quando foi notificado o primeiro caso da doença no Brasil. Ao menos sete postagens diferentes, contabilizadas no levantamento, foram excluídas das redes sociais oficiais dele, sendo cinco do YouTube, duas do Twitter, uma do Facebook e outra do Instagram.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o levantamento feito no Facebook e YouTube foi realizado em parceria com o estúdio de análise de dados Novelo Data. Foi considerada uma vez a postagem, mesmo que ela tenha sido publicada nas três plataformas. No YouTube, foram contabilizados os vídeos que continham nome ou descrição com menção aos medicamentos. No Twitter foram consideradas as postagens e os retuítes na página oficial de Bolsonaro.
"Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas acaba de publicar Resolução 101 recomendando que o médico possa indicar uso da cloroquina e hidroxicloroquina para pacientes com Covid-19, em casos LEVES, moderados ou graves", retuitou ele em abril do ano passado.
Bolsonaro passou a publicar todos os passos do governo para a liberação da cloroquina. Alguns dos exemplos foram impostos zerados para a importação do remédio, insumos liberados pela Índia para a fabricação do produto e retomada da produção do medicamento por parte do Exército. "@exercitooficial retoma produção de hidroxicloroquina. Foram mais de 1,25 milhão em menos de um mês. Os insumos provenientes da Índia voltarão a ser fornecidos em junho", postou em junho.
Nas redes sociais, ele também defendeu o uso não só da cloroquina, mas da ivermectina, da vitamina D e a utilização desses medicamentos no chamado "tratamento precoce". "Aos primeiros sintomas procure um médico e inicie o tratamento precoce. - Não espere sentir falta de ar para tomar essa decisão de PROCURAR UM MÉDICO e iniciar o TRATAMENTO PRECOCE. - O Brasil é um dos países que tem o maior número de recuperados da COVID-19", postou em novembro.
Decreto e CPI
O governo Bolsonaro prepara um decreto com o objetivo de proibir que sites e redes sociais apaguem publicações ou suspendam usuários de suas plataformas. De acordo com a medida, os provedores de serviço só poderão agir por determinação judicial ou para suspender perfis falsos, automatizados ou inadimplentes.
O uso de medicamentos sem eficácia comprovada é um dos temas investigados na CPI da Covid, no Senado. Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta confirmou que recebeu, numa reunião no Planalto, um decreto elaborado pela presidência da República que mudava a bula da cloroquina inserindo recomendação do uso do medicamento contra Covid-19.
Nenhum comentário:
Postar um comentário