Lula, Dilma, Evo Morales e Pepe Mujica estão entre os 30 firmantes do comunicado
Michele de Mello
Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
19 de Maio de 2021 às 12:38
Evo Morales, Pepe Mujica e Dilma Rousseff estão entre os ex-presidentes que assinaram a carta condenando a violência na Colômbia - Reprodução / Twitter
Ex-presidentes e líderes políticos da América Latina assinaram uma carta em solidariedade ao povo colombiano depois de 20 dias de paralisação nacional.
"Fazemos um chamado para que as diferenças que levaram à violência nos últimos dias sejam resolvidas com diálogo e negociação", declaram no comunicado.
Os ex-mandatários brasileiros, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, assim como o boliviano Evo Morales, o uruguaio José Pepe Mujica, o paraguaio Fernando Lugo e o hondurenho Manuel Zelaya estão na lista de 30 assinantes da carta, que propõe a criação de uma comissão internacional independente, que verifique o andamento das manifestações e as garantias de direitos humanos.
Organizações não governamentais da Colômbia registraram 2.387 denúncias de violência policial, incluindo 43 homicídios, 18 casos de estupro e mais de 1.130 prisões arbitrárias.
Apesar da repressão, o comitê nacional de paralisação, que reúne as maiores centrais sindicais e movimentos sociais colombianos, manteve uma nova convocatória de manifestações para esta quarta-feira.
O presidente Iván Duque e os grevistas se reuniram no dia 10 de maio, mas não chegaram a um acordo. Os atos iniciaram no dia 28 de abril contra uma reforma tributária proposta pelo Executivo, que pretendia aumentar a 19% a taxa de impostos sobre o consumo.
O governo recuou com o projeto e dois ministros abandonaram o cargo: Alberto Carrasquilla (Fazenda) e Cláudia Blum (Relações Exteriores).
Enquanto os manifestantes seguiram nas ruas exigindo o fim da violência e a aprovação de medidas que apoiem os trabalhadores durante a pandemia, como um projeto de renda básica universal, Duque respondeu com a militarização das maiores cidades do país.
Na última terça-feira (18), a Guarda Indígena colombiana se manifestou em frente ao Conselho Municipal de Bogotá / Colômbia Informa
Em Cali, zona do pacífico colombiano e epicentro dos protestos, o prefeito pediu a renúncia de todo seu gabinete.
"São momentos que demandam transformações reais e recuperação da confiança. Diálogo sim, força não", publicou Jorge Iván Ospina.
O prefeito da capital do estado Valle del Cauca ainda afirmou que as manifestações de hoje seriam acompanhadas por representantes do Ministério Público e da Secretaria de Paz.
Na carta publicada na última terça-feira (18), o ex-chefe de Estados latino-americanos também ressaltam o direito à livre manifestação.
"É urgente que se preservem as garantias de praticar o direito de mobilização social, com garantias de segurança, democracia e paz. Expressamos nossa solidariedade com a juventude colombiana profundamente comprometida com o futuro do país, cujas inquietudes são justificáveis e dão conta da sua consciência social", concluem.
Edição: Leandro Melito
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