Verbas extras, desviadas do orçamento, somam R$ 3 bilhões e constituem mais um crime de responsabilidade. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, é comandante do esquema e participou das negociações para a liberação de recursos para aliados
11 de maio de 2021, 06:12 h Atualizado em 11 de maio de 2021, 07:08
(Foto: Divulgação)
247 – O orçamento paralelo de Jair Bolsonaro, que desviou cerca de R$ 3 bilhões para a compra de apoio parlamentar no Congresso, a partir da aquisição de tratores e máquinas agrícolas superfaturadas, foi feito com base numa taxa de fidelidade nas votações do Congresso. "Eleito com apoio do Planalto para comandar a Câmara, Arthur Lira (PP-AL) participou das negociações para a liberação de recursos para aliados. Presidente do PP, Ciro Nogueira também teve direito a indicar recursos. Somente na Codevasf, estatal controlada pelo Centrão, direcionou R$ 30 milhões para sua base", informam os jornalistas Natália Portinari, Manoel Ventura e Melissa Duarte, em reportagem publicada no Globo..
"A liberação de R$ 3 bilhões em emendas parlamentares privilegiando aliados, ação que está na mira de uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), consolidou a aproximação do governo de Jair Bolsonaro com o Centrão e fez com que o Palácio do Planalto criasse uma 'taxa de fidelidade' de deputados e senadores", informa a reportagem.
O caso deve ser investigado pelo Tribunal de Contas da União. "O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) que apure a reserva de R$ 3 bilhões do Orçamento de 2020 para deputados e senadores indicarem a destinação recursos para obras e compras de equipamentos em municípios", aponta a reportagem.
"Enquanto contemplava aliados na Câmara e no Senado com as emendas, o governo mantinha um monitoramento da fidelidade dos parlamentares a seus projetos. Fichas obtidas mostram como a Secretaria de Governo, na gestão do então ministro Luiz Eduardo Ramos, fazia o acompanhamento da atuação de aliados no Congresso, com pontuação para posicionamento e favor e contra o Planalto nos principais temas. A fidelidade é um dos critérios para congressistas conseguirem melhor trânsito no governo, com possibilidade de liberação de emendas e indicação para cargos", apontam ainda os repórteres.
O desvio de recursos do orçamento constitui crime de responsabilidade, mas a impunidade deve prevalecer. "Eleito com apoio do Planalto para comandar a Câmara, Arthur Lira (PP-AL) participou das negociações para a liberação de recursos para aliados. Presidente do PP, Ciro Nogueira também teve direito a indicar recursos. Somente na Codevasf, estatal controlada pelo Centrão, direcionou R$ 30 milhões para sua base", informa a reportagem.
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