Dimas Covas revelou em depoimento à CPI da Covid que os ataques do governo de Jair Bolsonaro à China, maior exportador de vacinas do mundo, foram determinantes no atraso no envio de insumos para o Brasil. “O que era resolvido em 15 dias, demorou pelo menos um mês. Negar isso, não é possível”, disse Covas
27 de maio de 2021, 12:22 h Atualizado em 27 de maio de 2021, 12:22
(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado | Reuters | Gov.SP)
247 - O diretor do Butantan, Dimas Covas, revelou em depoimento concedido à CPI da Covid no Senado nesta quinta-feira (27) que os recorrentes ataques do governo de Jair Bolsonaro à China, maior exportador de vacinas do mundo, foram determinantes no atraso no envio de insumos para a produção dos imunizantes.
“Cada ataque [do governo contra os chineses] se reflete nas dificuldades burocráticas. O que era resolvido em 15 dias, demorou pelo menos um mês. Negar isso, não é possível”, explicou Dimas.
O médico ainda fez uma comparação à CPI, expondo a péssima diplomacia do governo brasileiro. “A China é o maior exportador de vacinas para o mundo. Ela já exportou mais de 300 milhões de doses para mais de 100 países. Se temos 100 vizinhos, e 99 vizinhos são vizinhos cordiais e um vizinho é mal comportado, na festa de fim de ano, vai chamar aquele vizinho ou os 99?”, exemplificou.
A fala de Dimas diz respeito à série de ataques do governo contra os chineses. Bolsonaro chegou a dizer que a potência asiática criou o vírus da Covid-19 propositalmente para lucrar com a pandemia e que também não confiava na vacina Coronavac.
60 milhões de vacinas a menos
Covas informou ainda que a oferta de julho havia sido de 60 milhões de doses da vacina Coronavac para entrega no último trimestre de 2020 e que também pediu ajuda para habilitar uma fábrica, que produziria vacinas em 2021. Disse que não recebeu respostas do governo para nenhuma das ofertas.
Segundo Covas, no início de dezembro, o Butantan tinha mais de 5,5 milhões de doses da Coronavac prontas para iniciar a vacinação e estava processando mais 4 milhões, enquanto o mundo tinha vacinado apenas 4 milhões de pessoas ao fim de dezembro. A primeira a ser vacinada no Brasil, em São Paulo, foi a enfermeira Mônica Calazans, apenas em 17 de janeiro, quando o mundo começou em 8 de dezembro. “O Brasil poderia ter sido o primeiro a vacinar se não fossem os percalços que tivemos que enfrentar do ponto de vista do contrato [com o governo Bolsonaro] como do ponto de vista regulatório [com a Anvisa]”, disse o diretor do Butantan.
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