Alberto Fernández também pediu a demissão do secretário-geral da OEA , a troca do presidente do BID e o fim dos bloqueios econômicos contra países latinos
10 de junho de 2022, 11:18 h Atualizado em 10 de junho de 2022, 11:19
(Foto: Reprodução/Casa Rosada)
Sputnik - O presidente argentino, Alberto Fernández fez um dos discursos mais duros na noite de ontem (9), durante reunião da Cúpula das Américas. Ele defendeu Cuba, Venezuela e Nicarágua, e disse a Joe Biden que "o país anfitrião não tem direito de rejeitar países".
Em um longo discurso, Fernández pediu a demissão do secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), a troca do presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e o fim dos bloqueios econômicos contra países latinos.
Sobre o conflito na Ucrânia, ele disse para Joe Biden buscar "um cenário para a paz, sem humilhações e nem dominação", e traçou semelhanças entre a situação e a política externa dos Estados Unidos para a América Latina.
O portal Télam descreveu o discurso como um "bombardeio de críticas". Fernández iniciou seu discurso dizendo para o presidente dos EUA que "o silêncio dos ausentes nos interpela".
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"Para que isso não se repita, gostaria de deixar registrado para o futuro que o fato de ser um país anfitrião da reunião não lhe concede a capacidade de impor o direito a admitir os países membros do continente", afirmou.
Ele enfatizou que "o diálogo na diversidade é o melhor instrumento para promover a democracia, a modernização e a luta contra a desigualdade".
Falando diretamente a Biden, o presidente argentino também criticou o atual distanciamento de Cuba por parte dos Estados Unidos, em contradição ao que foi o governo Obama. "Foram desmanteladas as ações de aproximação com Cuba obtidas pela administração de Barack Obama enquanto o senhor era vice-presidente", recordou.
"Cuba suporta um bloqueio de mais de seis décadas imposto nos anos de 'guerra fria' e a Venezuela tolera outro [bloqueio] enquanto uma pandemia assola a humanidade e arrasta consigo milhões de vidas", reclamou.
Para se diferenciar da postura de Joe Biden, o presidente argentino estendeu um provocador convite ao norte-americano: participar da reunião de Cúpula da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em dezembro, em Buenos Aires, onde estarão os presidentes de Cuba, Venezuela e Nicarágua.
A estratégia foi coordenada com os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e com o venezuelano Nicolás Maduro.
Ao pedir a demissão de Luis Almagro, Alberto Fernández também acusou os Estados Unidos de apropriarem-se do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cuja presidência sempre foi ocupada pelos países latino-americanos.
"A OEA foi usada como um militar que facilitou um golpe de Estado na Bolívia. A condução do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que historicamente ficou em mãos latino-americanas, foi apropriada. A OEA, se quiser ser respeitada e voltar a ser a plataforma política regional para a qual foi criada, deve ser reestruturada", comentou.
Sobre o papel dos Estados Unidos no conflito na Ucrânia, ele sugeriu que os EUA promovam uma negociação pela paz, sem pretender "humilhações nem desejos de dominação", em referência à Rússia.
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