"Eu disse que não poderia fazer nada disso. A Bolívia deu um exemplo a todo mundo, que foi julgar um golpe com tribunal ordinário, com juízes naturais”, disse
30 de junho de 2022, 14:28 h Atualizado em 30 de junho de 2022, 14:42
Alberto Fernández, Lula, Bolsonaro e Jeanine Áñez (Foto: Casa Rosada | Ricardo Stuckert | Clauber Cleber Caetano/PR | Reprodução)
247 - O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou torcer pela vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito presidencial de outubro no Brasil por acreditar que o petista contribuiria para uma maior integração entre os países da América do Sul. Na entrevista, dada ao canal C5N, Fernández também disse ter sido procurado por Jair Bolsonaro (PL) para tentar convencer as autoridades bolivianas a enviar a ex-presidente golpista Jeanine Áñez ao Brasil como exilada política.
“Pouco a pouco as coisas vão se arrumando, (Gabriel) Boric no Chile está fazendo um esforço, o Lucho (Luis) Arce na Bolívia, (Pedro) Castillo no Peru, (Gustavo) Petro na Colômbia, e Lula, finalmente, que eu desejo que ganhe em Brasil. Assim poderemos ter uma lógica de unidade conceitual na América do Sul”, disse o presidente argentino na entrevista.
Questionado se havia buscado uma aproximação com Jair Bolsonaro, Fernández respondeu: “eu posso contar, porque ele (Bolsonaro) tornou público: ele me pediu para interceder junto à Bolívia para que a (Jeanine) Áñez fosse exilada para o Brasil. Eu disse que não poderia fazer nada disso, lamentavelmente e graças a Deus, eu não quero fazer nada disso, acredito que a Bolívia deu um exemplo a todo mundo, que foi julgar um golpe (de Estado) com tribunal ordinário, com juízes naturais”.
Jeanine, acusada de terrorismo, sedição, conspiração e ações irregulares para assumir a presidência em novembro de 2019, foi condenada a 10 anos pelo caso "Golpe II", juntamente com os ex-comandantes das Forças Armadas Williams Kaliman e da Polícia Vladimir Calderón. Kaliman e Calderón são considerados foragidos pela Justiça da Bolívia.
A declaração de Alberto Fernandéz foi feita poucos dias após Bolsonaro afirmar que Áñez é “uma mulher presa injustamente” e que faria o possível para buscá-la "se o governo boliviano concordar”. "Estamos prontos para receber seu asilo, como daqueles outros dois que foram condenados a 10 anos de prisão", disse o atual ocupante do Palácio do Planalto na ocasião.
O governo da Bolívia criticou a oferta de asilo e o chanceler Rogelio Mayta convocou o embaixador brasileiro no país, Octávio Henrique Dias García Côrtes, para prestar informações sobre a iniciativa do governo brasileiro.
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