Segundo o governo francês, Putin demonstrou interesse em garantir a segurança de usinas nucleares na Ucrânia com base em recomendações da Agência Internacional de Energia Atômica
6 de março de 2022, 19:24 h Atualizado em 6 de março de 2022, 19:2
(Foto: Leonardo Lucena)
Da RFI - O presidente francês Emmanuel Macron voltou a conversar com Vlamir Putin neste domingo (6) na tentativa de mediar a guerra na Ucrânia e encontrar uma saída para o conflito. O telefonema durou quase duas horas. O presidente russo disse que alcançará "seus objetivos" na Ucrânia "pela negociação ou pela guerra", informou a presidência francesa.
O telefonema foi uma iniciativa de Emmanuel Macron. Ele "durou das 12h00 até as 13h45" (pelo horário local da França, das 08h00 às 09h45 em Brasília), disse o Palácio do Eliseu em um comunicado à imprensa.
Durante a conversa, Macron viu Putin "muito decidido a atingir seus objetivos", entre eles "o que o presidente russo chama de 'desnazificação' e neutralização da Ucrânia".
Entre as suas reivindicações, Putin voltou a pedir o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia (que Moscou anexou em 2014) e da independência dos territórios separatistas de língua russa do Donbass (leste da Ucrânia). As exigências "são inaceitáveis para os ucranianos", explicou a presidência francesa.
Macron expressou preocupação com os ataques a instalações nucleares ucranianas depois que as forças russas ocuparam a maior usina nuclear da Europa, em Zaporizhzhia. O líder russo afirmou que "não é sua intenção" atacar instalações nucleares ucranianas e que estaria disposto a respeitar as regras da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Ele apontou a Ucrânia como responsável pelo incêndio no local na sexta-feira (4).
Ataques a civis
Macron pediu que Putin respeite o direito internacional e que seu exército não coloque civis em perigo. Apesar de relatos e cenas de devastação em áreas residenciais, o governante russo continua garantindo que não está visando a população ucraniana.
O presidente francês contestou, disse que é "o exército russo que está atacando" e que "não há motivos para acreditar que o exército ucraniano coloque civis em perigo".
Putin acusou ainda Kiev pelo fracasso da operação de retirada de civis de Mariupol, no sul do país. A cidade portuária está cercada pelas tropas russas e é alvo de intensos combates. Rússia e Ucrânia trocam acusações sobre a dificuldade em abrir o corredor humanitário para permitir que os moradores deixem a cidade.
Putin chamou a atenção de Macron “para o fato de que a Ucrânia continua a não respeitar os acordos a respeito do grave problema humanitário", afirmou o comunicado do Kremlin. Neste domingo, pelo segundo dia consecutivo, uma nova tentativa para retirar civis de Mariupol foi suspensa. As autoridades ucranianas acusam as tropas russas de violar o cessar-fogo.
A conversa por telefone entre os dois, foi a quarta desde o início da ofensiva russa na Ucrânia em 24 de fevereiro. Após o diálogo anterior, na quinta-feira (3), Macron avaliou que "o pior está por vir" e que Putin buscava assumir o controle "de todo o país".
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