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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Um desafio aos jornalistas preguiçosos que atacam o documentário sobre a fakeada: debatam comigo

Perfil do Colunista 247

Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

Rafael Moro, do Intercept, sugeriu que "Uma fakeada no coração do Brasil" é canalhice. Em vez de batermos boca, que tal uma live para debatermos ponto por ponto episódio de Juiz de Fora?

13 de setembro de 2021, 15:34 h Atualizado em 13 de setembro de 2021, 16:00

Seguranças protegem Adélio depois da facada ou suposta faca Seguranças protegem Adélio depois da facada ou suposta faca (Foto: Foto: Felipe Couri)

A indigência de setores do jornalismo brasileiro pode ser medida pelo post no twitter de um repórter do Intercept. Sem contestar um único ponto do documentário, Rafael Moro disse o seguinte:

"Sem que surjam evidências em contrário, afirmar que Bolsonaro forjou o atentado a faca que sofreu equivale a dizer que Lula amputou o dedo de propósito para poder parar de trabalhar. É canalhice, em resumo."

Primeiro: eu não afirmei que Bolsonaro forjou o atentado. Expus fatos que justificam a reabertura do inquérito.

Segundo: Bolsonaro usou o episódio de Juiz de Fora para vencer a eleição. Foi decisivo na vitória dele.

Terceiro: Lula perdeu o dedo trabalhando, e nunca usou o fato politicamente.

Quarto: Quem ele acha que deve buscar "evidências em contrário"? O Eduardo Bolsonaro?  O padre? O pastor?  O bispo? O papa? Se as autoridades policiais não investigaram a hipótese do auto atentado, apesar dos indícios, cabe ao jornalista relatar o fato e investigar, dentro dos limites éticos.

O Leonardo Attuch propôs ao cidadão um debate ao vivo comigo sobre o caso. Eu aceito. Se ele topar, a sociedade ganha.

Esses jornalistas que se acham juízes do mundo nem se preocuparam em mostrar que Adélio não era um militante de esquerda, e usava sua rede para promover um projeto de emenda constitucional de Jair Bolsonaro, o da redução da maioridade penal.

E empunhava outras bandeiras do bolsonarismo, como o combate ao projeto que criminaliza a homofobia.

Era simples, bastava ler com atenção os posts do Adélio no Facebook. E se quisesse trabalhar um pouquinho mais, poderia ouvir parentes, amigos, fiéis da igreja que ele frequentava e fazer um perfil decente.

A ascensão da extrema direita no País tem a ver com um movimento organizado que criminalizou a política e demonizou a esquerda, sobretudo o PT. Mas não só. A imprensa, ao deixar de fazer o dever de casa, contribuiu para a desgraça.

Não estou falando de profissionais sérios que, mesmo na estrutura engessada das grandes redações, se empenham na busca de informações de qualidade e enfrentam a baixa capacidade técnica dos que dirigem esses veículos.

É preciso, entretanto, reconhecer que o Brasil tem hoje uma das piores imprensas do mundo. A mídia verdadeiramente independente tem que atuar para mudar esse quadro. Ganharemos todos.

E jornalismo, é bom frisar, não pode se limitar a publicar  o vazamento de dados. É necessário amassar barro e buscar a informação na sua origem, dento dos limites éticos, é claro.

Em outras palavras, trabalhar para que o jornalismo seja a própria fonte da informação de qualidade, não apenas intermediário.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/um-desafio-aos-jornalistas-preguicosos-que-atacam-o-documentario-sobre-a-fakeada-debatam-comigo

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