"O Brasil abriu mão da política de estoques reguladores e, agora, com 19 milhões de famintos, está sob risco de insegurança alimentar", diz a jornalista Flávia Oliveira
11 de março de 2022, 08:38 h Atualizado em 11 de março de 2022, 09:40
(Foto: Reuters)
247 - A jornalista Flávia Oliveira destaca, em um artigo no jornal O Globo, que o conflito na Ucrânia associado ao aumento dos combustíveis e do gás de cozinha pela Petrobrás, que começa a valer nesta sexta-feira (11), deverá impactar a inflação em até 1,5 ponto percentual e ampliar a insegurança alimentar no país. “O governo acena com subsídio bilionário, que pode favorecer quem anda de carro e negligenciar os que precisam do gás para cozinhar, mas podem nem ter comida para levar ao fogão”, ressalta.
“Há efeitos diretos e indiretos da alta dos combustíveis no orçamento das famílias brasileiras. Gasolina e gás mais caros tiram dinheiro da carteira. O aumento do diesel, como a produção nacional roda em caminhões, pressiona custos de diferentes cadeias produtivas que, cedo ou tarde, chegam ao consumidor. Transportes é o grupo de maior peso (21,89%) no IPCA, a inflação das famílias com renda de até 40 salários mínimos. Alimentação está no topo dos gastos dos mais pobres: representa um quarto (23,57%) do INPC, que leva em conta o orçamento dos que vivem com até cinco mínimos”, afirma a jornalista no texto.
Flávia OLiveira observa, ainda, que “a FAO, agência da ONU para agricultura e alimentação, alertou na semana passada sobre o salto no preço dos alimentos no mercado internacional. O índice global de preços dos alimentos, que a entidade apura mensalmente, bateu em fevereiro o maior nível desde 2004”.
“O Brasil abriu mão da política de estoques reguladores e, agora, com 19 milhões de famintos, está sob risco de insegurança alimentar, tanto pelo lado dos preços quanto da oferta. O cenário é grave e pode piorar. Convém tirar os olhos da fila de automóveis nos postos”, alerta.
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