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Apenas
13 países no mundo possuem instalações de enriquecimento de urânio.
Destes, somente cinco, incluindo o Brasil, dominam a tecnologia e têm
urânio em quantidade suficiente que possibilitam a sua independência
nessa área tecnológica, segundo o presidente das Indústrias Nucleares do
Brasil (INB), capitão de Mar e Guerra Carlos Freire Moreira.
Autarquia
sob o guarda-chuva da Marinha, a INB inaugurou sua a
10ª cascata de ultracentrífugas no final do mês passado, em Rezende (interior do Rio de Janeiro).
As ultracentrífugas são um conjunto de equipamentos que realiza a concentração do urânio em seu isótopo físsil, o que, por sua vez, gera energia.
Na prática, está concluída a 1ª fase da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio. De acordo com
informações do INB, isso vai
reduzir o grau de dependência na contratação do serviço no exterior para a produção de combustível das usinas nucleares nacionais.
Em
comunicado, a INB explicou que "a entrada em operação da décima cascata
possibilitará o alcance da capacidade de produção para atendimento de
70% da demanda das recargas anuais da usina nuclear Angra 1, correspondendo a um acréscimo de, aproximadamente,
5% em relação à capacidade atual".
Na solenidade de lançamento, Moreira disse que
mais um marco relevante para o setor nuclear brasileiro foi concluído.
"A
energia nuclear tem sido fundamental na transição energética,
contribuindo para a descarbonização do planeta, por ser uma energia
limpa. Inúmeros países estão refletindo e revendo suas matrizes de
geração energética. Essa conclusão deve ser motivo de orgulho para os
brasileiros, visto que o enriquecimento de urânio é uma tecnologia de
ponta, 100% nacional, desenvolvida pela Marinha do Brasil, e esse
domínio de tecnologia é uma etapa fundamental dos elementos combustíveis
que alimentam atualmente as nossas Usinas Angra 1 e 2 e, em breve,
Angra 3. Cabe lembrar que pouco mais de dez países no mundo detém essa
tecnologia, e o Brasil é um deles, mas com um detalhe: desses, apenas cinco, incluindo o Brasil, dominam a tecnologia e têm urânio em quantidade suficiente que possibilitam a sua independência nessa área tecnológica tão sensível."
13 de dezembro, 12:22
Mas, afinal, estamos no topo das potências nucleares do mundo?
Inácio
Loiola Pereira Campos, engenheiro nuclear da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), afirma que não. E o motivo para isso é simples. Há duas subdivisões quando se fala em potência nuclear.
Há o conceito de enriquecimeto de urânio, explica ele, e o do domínio nuclear da bomba atômica.
O Brasil é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, o que significa que entrou em um acordo global para que não se produza esse tipo de artefato no país.
Logo, por escolha soberana, não somos e não seremos uma potência nuclear em termos de armas atômicas.
Sobre
enriquecimento de urânio, no entanto,
o cenário soa promissor.
"Ainda
não temos escala industrial para abastecer o complexo nuclear de Angra.
Mas o urânio é uma fonte de energia que não deve ser desprezada. Temos a
necessidade do conhecimento da área nuclear em termos de defesa, de
soberania, da manutenção dos interesses nacionais soberanos, de
integridade do patrimônio. Inclusive, o conceito dessa fonte de energia
mudou depois do conflito da Ucrânia,
quando o gás russo deixa de ser fornecido para a Europa, que começa a
pensar em outras matrizes energéticas. Isso porque se trata de uma
energia limpa e segura. O número de acidentes também é baixo, tivemos
Chernobyl e Fukushima", afirma Campos.
6 de dezembro, 12:30O engenheiro lembra que a finalização da primeira fase da Usina de Enriquecimento de Urânio favorece e
reduz o grau de dependência do país na área.
"À
medida que se desenvolve, se reduz a dependência. Mas não temos
produção em escala de autossuficiência, por isso o contrato com a
Rosatom. Podemos ser autossuficientes. Um caminho é ter, internamente,
uma quantidade de urânio suficiente. Nosso território não foi
prospectado em sua totalidade. Também precisamos de conhecimento
tecnológico para o enriquecimento, além de recursos para construir
unidades ou ampliá-las. Combustível o Brasil já produz, mas não em
quantidade suficiente. Para se chegar à autossuficiência depende-se
muito da política governamental", prossegue.
12 de dezembro, 10:53
Aliança com a Rússia favorece o Brasil
Campos diz que a Rosatom é a maior empresa de tecnologia nuclear do mundo, que responde por 35% do urânio enriquecido de todo o planeta.
O próprio contrato fechado pelo Brasil com a Rosatom, por intermédio de uma licitação internacional, implica em transferência de conhecimento dessa tecnologia.
Com a miríade de sanções antirrussas por parte do Ocidente, Moscou tem procurado novos mercados. O Brasil responde por 41% do alimento do mundo e, por isso, entre outras coisas, se torna um parceiro atraente, afirma o especialista.
"A
Rússia tem necessidade de alimentos, e o Brasil necessita de tecnologia
militar. A Rússia tem interesse porque perdeu mercado, e tem
praticamente a tabela periódica inteira em seu território, assim como o
Brasil. Tudo isso é matéria-prima. Se o país não tiver matéria-prima,
ele se lasca. Essa proximidade com a Rússia facilita muito por
determinadas tecnologias e matérias-primas, e um país complementa o
outro. A Rússia pode favorecer o Brasil em muitos segmentos", conclui.
Fonte: https://sputniknewsbrasil.com.br/20221216/desenvolvimento-tecnologico-da-marinha-coloca-brasil-entre-as-5-potencias-nucleares-do-planeta-26451743.html
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