Ministro do STF que tem sido um dos maiores críticos à Lava Jato na Corte diz que as anunciadas candidaturas de Moro e Dallagnol foram o objetivo final da operação
5 de novembro de 2021, 09:32 h Atualizado em 5 de novembro de 2021, 10:38
Gilmar Mendes, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol (Foto: STF | Reuters | ABr)
247 - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atacou com vigor na manhã desta sexta-feira (5) as anunciadas candidatura de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol: “Alerto há alguns anos para a politização da persecução penal. A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro - e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta”.
Mais cedo, também nesta sexta, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), criticou Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Em 1996, Moro e Dino participaram do mesmo concurso para se tornarem juízes -o agora governador foi o primeiro colocado.
"Os arautos do suposto 'combate à corrupção' interferiram ilegalmente na eleição de 2018 para gerar o período mais corrupto da história política do Brasil. Mas pelo menos uma corrupção eles diminuíram: a de políticos disfarçados com a toga nos ombros. Tem dois a menos", disse o chefe do executivo maranhense no Twitter.
Dallagnol deve concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados em 2022. Moro deve se filiar ao Podemos na próxima quarta-feira (10). Moro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi causa da parcialidade contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (veja aqui e aqui). De acordo com o site Intercept Brasil, ele ajudava procuradores do Ministério Público Federal no Paraná na elaboração de denúncias. Em uma das mensagens, trocadas em 16 de fevereiro de 2016 e incluída pela defesa de Lula na ação, o então magistrado pergunta se os procuradores têm uma "denúncia sólida o suficiente" contra Lula.
Moro também chegou a questionar a capacidade de a procuradora Laura Tessler em interrogar Lula.
Em outra conversa, de 28 de abril de 2016, Dallagnol avisou à procuradora que o então juiz o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu — Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobrás.
Entre outras irregularidades, Dallagnol recebeu R$ 33 mil da empresa de tecnologia digital Neoway por uma palestra. A instituição foi citada em uma delação premiada da Lava Jato.
Ainda de acordo com a Vaza Jato, Dallagnol fez pressão sobre o Judiciário para conseguir a indicação de um juiz "amigo" à frente da Lava Jato, após a saída de Moro. Ainda na esteira das ilegalidades, Dallagnol e o procurador Vladimir Aras não entregaram nomes de pelo menos 17 americanos que estiveram em Curitiba (PR) em 2015, o que não foi informado ao Ministério da Justiça. No primeiro semestre deste ano, o jornal francês Le Monde publicou uma reportagem confirmando a interferência dos Estados Unidos na Lava Jato.
Veja os tuítes de Glimar Mendes e Flávio Dino:
Alerto há alguns anos para a politização da persecução penal. A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro - e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta.
Os arautos do suposto “combate à corrupção” interferiram ilegalmente na eleição de 2018 para gerar o período mais corrupto da história política do Brasil. Mas pelo menos uma corrupção eles diminuíram: a de políticos disfarçados com a toga nos ombros. Tem dois a menos.
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Fonte: https://www.brasil247.com/poder/gilmar-diz-que-lava-jato-demonizou-a-politica-para-dela-se-apoderar
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