© Folhapress / Paulo Lisboa/Brazil Photo Press
Publicação da imprensa chinesa ouviu analistas políticos de diversas universidades no mundo para compreender o futuro das relações entre Brasília e Pequim após o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil.
Diante da decisão do pleito presidencial brasileiro, com Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputando a vitória voto a voto, a imprensa chinesa ouviu especialistas para esclarecer o que as eleições brasileiras reservam para os laços com a China.
Os especialistas concordaram que Bolsonaro, descrito pela publicação como o "Trump dos trópicos", se distanciaria da China, pelo menos retoricamente. Eles relembram as declarações do presidente brasileiro e dos seus filhos contra a China ao longo dos últimos quatro anos.
A publicação enfatiza, por outro lado, que o comércio bilateral entre os países atingiu um recorde de US$ 135 bilhões (R$ 702 bilhões) no ano passado, aumentando pelo quarto ano consecutivo, apesar do impacto da pandemia de COVID-19.
Além disso, a visita do presidente brasileiro à China, em outubro de 2019, segundo os especialistas ouvidos pelo South China Morning Post, é uma evidência de que Bolsonaro soube ouvir as críticas e os conselhos de seus ministros sobre a importância de Pequim.
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Jeff Garmany, professor associado de estudos latino-americanos da Universidade de Melbourne, disse que muitos dos apoiadores de Bolsonaro eram céticos em relação à China e que Bolsonaro jogou com isso politicamente.
"O Brasil é extremamente dependente da China para a exportação de commodities e um grande pilar do apoio de Bolsonaro também vem do lobby do agronegócio, que se beneficia das exportações de commodities para a China", disse Garmany.
Para Jorge Heine, professor de pesquisa da Pardee School of Global Studies da Universidade de Boston e ex-embaixador chileno na China, "o tom contra a China de Bolsonaro tem sido constantemente desafiado por grupos de comércio e investimento que dependiam fortemente da China como mercado para commodities exportadas, como soja e carne bovina".
Lula, por sua vez, é apresentado como um líder que sempre esteve aberto ao diálogo com Pequim, e favorece uma relação bilateral mais estreita. A reportagem relembra sua visita à China em 2004 com mais de 450 empresários, "lançando as bases para uma próspera parceria econômica".
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Especialistas dizem que, se Lula vencer o segundo turno, ele ajudará a fortalecer os laços entre Brasil e China e as parcerias nos BRICS, agrupamento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Margaret Myers, diretora do programa Ásia e América Latina do Inter-American Dialogue, think tank sediado em Washington, disse que uma vitória de Lula seria um benefício significativo para o BRICS.
"Lula originalmente imaginou o BRICS como um esforço para afirmar a independência das nações em desenvolvimento sobre o dólar americano nas relações comerciais", disse ela.
Dong Jingsheng, vice-diretor do Centro de Estudos da América Latina da Universidade de Pequim, apontou que a China priorizou a parceria econômica e comercial em relação à eleição presidencial.
"China e Brasil compartilham uma parceria comercial complementar, especialmente em agronegócios e investimentos, e a parceria permanecerá sólida apesar das flutuações na orientação política do Brasil", disse Dong.
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