13:38 06.10.2022 (atualizado: 20:25 06.10.2022)
© AP Photo / John Minchillo
Embaixadores de diversas nações consideraram o resultado da votação de hoje (6) como histórica, uma vez que EUA e Europa não tiveram votos suficientes para avançar com proposta contra Pequim. A blindagem a favor da China mostraria o crescimento diplomático chinês.
Nesta quinta-feira (6), em uma votação no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre as acusações de violações de direitos humanos na China, o Brasil não apoiou a proposta de europeus e norte-americanos para abrir um debate sobre o assunto.
De acordo com a coluna de Jamil Chade no UOL, o bloco ocidental conseguiu apenas 17 votos, enquanto Pequim somou 19 votos de seus aliados. O Brasil optou pela abstenção assim como outros dez países, entre eles México, Índia, Argentina ou Gâmbia.
O governo Bolsonaro não explicou sua escolha durante a reunião, mas a avaliação interna do Itamaraty era de que colocar a China no radar internacional no que se refere aos direitos humanos ampliaria a tensão no cenário mundial, além de minar a capacidade de ação da ONU para lidar com outras crises, relata a mídia.
Ao mesmo tempo, o gigante asiático é o maior parceiro comercial de mais de 100 países pelo mundo e, segundo o colunista, fontes ocidentais suspeitam que o governo de Pequim tenha feito uma forte pressão na América Latina para impedir que a região votasse pelo projeto estadunidense e europeu.
"O que os norte-americanos querem é muito mais que um simples debate. Mas usar fóruns da ONU para intervir em temas domésticos. O que querem é instrumentalizar os direitos humanos", disse a delegação chinesa nas Nações Unidas.
O resultado foi considerado como "histórico" por parte de embaixadores de diversos países na reunião, que destacaram a "força diplomática" da China e o começo de uma nova lógica geopolítica nas decisões da ONU.
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A coluna destaca que entre os diplomatas das potências ocidentais, o constrangimento diante da derrota era evidente, enquanto o quadro de votação mostrava que praticamente nenhuma economia emergente havia optado por se aliar ao projeto de Casa Branca.
A postura do Brasil frustrou entidades de direitos humanos, levando a Zumretay Arkin, do Congresso Uigur Mundial, a criticar o governo Bolsonaro antes mesmo do voto.
"Diante de graves abusos, incluindo crimes contra a humanidade e genocídio, o Brasil optou por olhar para o outro lado. Sua relutância até mesmo em ter um diálogo significativo no Conselho de Direitos Humanos é condenável e deve ser chamada", afirmou.
O foco da votação de hoje (6) é o suposto tratamento dado aos uigures que, de acordo com o informe, as suspeitas indicam crimes contra a humanidade cometidos pelos chineses, incluindo tortura, desaparecimentos forçados e prisões arbitrárias na região de Xinjiang.
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