O serviço de internet voltou neste sábado a funcionar em Mianmar, horas antes da chegada a Yangun do enviado especial do secretário-geral da ONU, Ibrahim Gambari, que viaja com uma mensagem de moderação e diálogo. Os habitantes do país já podem entrar na rede e enviar e-mails, o que era impossível na sexta-feira devido ao corte ordenado pela Junta Militar durante a dura repressão das manifestações antigovernamentais em Yangun. Mas alguns sites da dissidência continuam sem funcionar ou bloqueados. As informações, apesar de limitadas, e as fotos tiradas com telefones celulares e câmeras digitais mostraram ao mundo os tiros dos militares contra os manifestantes, e outras violações dos direitos humanos. "Atiraram em mim duas vezes, mas não vi quem foi. Éramos apenas pessoas normais, indo para o trabalho, e dispararam sem nenhuma razão", denunciou um cingapuriano que trabalha em Mianmar e que não quis dar seu nome para não criar problemas com a Junta Militar. Ele enviou um e-mail ao jornal "The Straits Times", de Cingapura, que publica neste sábado o relato. O cingapuriano ia de carro com sua mulher ao escritório onde trabalha, quando as forças de segurança bloquearam a rua. "Sem aviso, policiais antidistúrbios e soldados começaram a disparar contra os manifestantes", acrescentou. Pelo menos 15 pessoas morreram, cerca de 200 ficaram feridas e mais de mil foram detidas, entre elas 800 monges, desde quarta-feira passada, quando o regime militar começou a dissolver as manifestações após impor o toque de recolher e proibir as reuniões públicas. Entre os mortos há dois estrangeiros, um deles um fotógrafo japonês, e vários bonzos. Antes de sair desde Cingapura, Gambari disse que espera ter uma "visita muito frutífera" e que transmitiria ao Governo de Mianmar as mensagens do Conselho de Segurança da ONU e da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), condenando o uso da força contra civis.
EFE
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