Um importante passo para a organização das cadeias produtivas dacaprinovinocultura será dado nesta terça-feira: a Comissão deAgricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da CâmaraFederal realiza uma audiência pública para discutir as potencialidades,desafios e dificuldades do setor. Na ocasião, o pesquisador da EmbrapaCaprinos e secretário executivo da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos,Raimundo Nonato Braga Lôbo, apresentará uma proposta de plano dedesenvolvimento para a caprinovinocultura. A Embrapa Caprinos é umaunidade descentralizada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento (MAPA).O pesquisador Raimundo Lôbo mostrará que para garantir na mesa dosbrasileiros carne de cordeiro produzida no País seria necessárioaumentar o rebanho dos animais em 23 milhões de cabeças, o querepresenta 204 mil toneladas de carne. O aumento da oferta seria capazde gerar 575 mil novos empregos e de movimentar R$ 277 milhões. A idéiada audiência pública é sensibilizar os parlamentares para a necessidadede um pacote de políticas públicas para a caprinovinocultura. A chefegeral da Embrapa Caprinos, Maria Pinheiro, acredita que a iniciativa daCâmara Setorial em ampliar o debate envolvendo o Legislativo é muitooportuna, pois abrirá novos caminhos para o fortalecimento dasatividades ovina e caprina no País. "Deve ser criado mais um importantecanal entre os parlamentares e os Arranjos Produtivos Locais nasdiferentes regiões do Brasil, onde se observa que há uma efervescênciadestas duas atividades".“Será nossa grande cartada”, defende Ricardo José Schimidt Falcão,presidente da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos. Ele acredita que oevento possa sensibilizar o meio político para as potencialidades egargalos de um setor que possibilita a inclusão social do agricultorfamiliar. Os grandes eixos da proposta que será apresentada são“Crédito, Financiamento e Tributação”; “Ciência, Tecnologia, Pesquisa eAssistência técnica”; “Sanidade, Qualidade e Rastreabilidade” e“Informação, Estratégia e Mercado”. Foram elencadas como grandesprioridades do Plano: o Programa Nacional de Sanidade dos Caprinos eOvinos; o Programa Nacional de Melhoramento Genético; um estudo docomplexo do agronegócio da caprinovinocultura no País; a adequação eeqüalização dos impostos estaduais e federais e no âmbito do Mercosul ea criação de um programa nacional de capacitação continua para técnicos,produtores e trabalhadores rurais.PERSPECTIVASTodos os envolvidos na programação da audiência pública esperam que oevento gere impactos positivos na organização do setor. Para Rogério dosSantos Lopes, chefe da divisão de Ovinos, Caprinos e Apicultura do MAPA,a audiência pública é uma excelente oportunidade para que os setoresenvolvidos com a caprinovinocultura apresentem os entraves existentes eprincipalmente o potencial de desenvolvimento destas culturas, além dedemonstrarem o impacto que algumas ações poderiam gerar para odesenvolvimento de toda a cadeia produtiva.Ricardo José Schimidt Falcão afirma que um grande reforço para amobilização do setor é o crescimento do interesse empresarial observadonos últimos anos. “A saída será a parceria dos pequenos com os grandes”,disse. Ele lembra que um cenário semelhante foi observado para outrascadeias produtivas, como a suinocultura e a avicultura, há cerca de duasdécadas, o que provocou uma revolução nesses setores pecuários. RicardoFalcão, que está animado com a perspectiva, diz que por muito tempo acaprinovinocultura ficou “para trás” por falta de cooperação e organização.A desorganização ainda reinante é, segundo a coordenadora geral de apoioàs câmaras setoriais do MAPA, Sônia Azevedo Nunes, o grande gargalo. Elaprojeta perspectivas favoráveis porque observa o começo do movimento deorganização, com a participação de vários elos da cadeia produtiva.Outro grande problema apontado por Sônia Azevedo é a instabilidade daoferta.“Existe mercado, mas não há produto”, resume.O consultor e coordenador da carteira de projetos de ovinos e caprinosdo Sebrae, Enio Queijada de Souza, lembra que além da estruturação dacadeia produtiva para a orientação do mercado, o setor precisa melhorara gestão das unidades produtivas primárias e agroindustriais. EnioQueijada falará, durante o evento, sobre o tema Caprinocultura eOvinocultura como estratégia de inclusão social. Ele salienta que acaprinovinocultura é uma atividade com um grande potencial para geraçãode ações de inclusão social. Segundo ele, considerando que cada 40animais geram um emprego, o aumento do consumo de carne para uma taxaequivalente a 12% do consumo de carne bovina no Brasil seria capaz degerar 3,6 milhões de novos empregos. Mas, uma taxa de consumo nessenível ainda é sonho, pois o País sequer produz o necessário paraabastecer o mercado interno. O presidente da ARCO, Paulo Schwab,salienta que o Brasil reúne condições de clima, solo, produtores etécnicos capazes de aumentar a produção. “O Brasil não é um País tãorico que possa importar produtos que pode estar produzindo”, concluiu.
Jornalista responsável – Verônica Freire - MTb-CE 01225-JPContatos – (85) 88423449, (88) 3677 7000vfreire@cnpc.embrapa.br
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