Economista diz que 98% do mercado potencial para as empresas brasileiras está fora do Brasil
Aloizio Mercadante (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil | Reuters/Sergio Moraes)
247 – O ex-ministro e economista Aloizio Mercadante toma posse hoje numa instituições que terá papel central na retomada do crescimento: o BNDES, que foi praticamente abandonado durante o ciclo neoliberal dos governos Temer/Bolsonaro, e que agora assumirá a liderança do processo de reindustrialização da economia e transição para uma economia verde. Neste processo, um dos grandes eixos será a criação de um ‘Eximbank’, um banco voltado ao estímulo às exportações.
"Nossa diretoria não veio para retomar o BNDES do passado, mas para construir o do futuro. Um banco que será verde, digital, industrializante e inclusivo. O BNDES teve historicamente uma participação no PIB de 1,5% a 2%. Na crise de 2008, o BNDES chegou a quase 4% e gerou esse tensionamento com o mercado de capitais. Hoje ela é de 0,7%, mas tem espaço para crescer e retomar esse patamar de até 2% do PIB. Este BNDES não pode se alavancar com subsídios fiscais. Não tem espaço no orçamento. Por outro lado, o BNDES devolveu ao Tesouro de 2015 para cá R$ 678 bilhões. Tinha recebido 54% desse valor. Uma série de instrumentos foram desenvolvidos para este processo de transferência de recursos. Este não é o espaço de um banco de desenvolvimento, mas o de impulsionar o investimento público e privado. Até 2024 devolveremos os R$ 24 bilhões que restam. E é este equilíbrio com o Tesouro que buscamos", disse ele, em entrevista à jornalista Maria Cristina Fernandes, do Valor.
Na entrevista, Mercadante explicou o foco em exportações. "O BNDES tem que constituir um Eximbank para o comércio exterior. Todos os países desenvolvidos, EUA, China, Alemanha, os países da OCDE já têm um Eximbank, um banco focado no fomento às exportações. Nós queremos fortalecer as exportações porque 98% do mercado está fora do Brasil. A competitividade depende de escala. As cadeias globais de valor estão se regionalizando. Há uma mudança no cenário geopolítico internacional e um caminho de oportunidades no Brasil. Só oito países no mundo produzem aviões. Não existiria Embraer sem BNDES. Nenhum banco queria financiar o ERJ 145, que foi o salto tecnológico da aviação regional da Embraer, quando foi apresentado. O BNDES financiou e foi um êxito. Ganhou 0,5% de royalties para cada avião que fosse vendido. E 1.270 aviões foram exportados. Tem que financiar inovação, patentes. É importante que o Brasil seja um grande produtor de alimentos, mas o emprego de qualidade é a indústria que gera. Temos que reindustrializar o país", apontou.
Ele toma posse hoje, às 10h, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin, que é também ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio.
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