Investigação buscará apurar se o parlamentar cometeu os crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo
Marcos do Val (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
José Higídio, Conjur - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta sexta-feira (3) a autuação de uma petição autônoma e sigilosa para investigação do senador Marcos do Val (Podemos-ES) pelos relatos de supostas propostas golpistas recebidas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-deputado federal Daniel Silveira.
A investigação buscará apurar se o parlamentar cometeu os crimes de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo. Segundo Alexandre, Do Val já apresentou quatro versões dos fatos.
Para melhor esclarecer a questão, o ministro tinha ordenado que a revista Veja e as emissoras CNN e GloboNews enviassem ao STF as gravações de todas as entrevistas concedidas pelo senador que já tenham sido publicadas.
Posteriormente, Alexandre emitiu um novo despacho esclarecendo que a Secretaria de Comunicação entraria em contato diretamente com os veículos de imprensa, sem a necessidade de expedição de ofícios.
Por fim, a empresa Meta, dona do Instagram, deverá encaminhar a íntegra de uma live feita por Do Val nesta quinta-feira (2).
Histórico
O senador prestou depoimento à Polícia Federal após determinação do próprio Alexandre. Na oitiva, ele divulgou a mencionada quarta versão dos fatos, contradizendo suas próprias declarações à imprensa.
Ao longo da quinta-feira, os relatos do parlamentar quanto ao papel ativo ou não de Bolsonaro no plano golpista mudaram diversas vezes. Inicialmente, Do Val disse que o ex-presidente havia concordado com a ideia. Depois, passou a afirmar que ele não chegou a se manifestar, mas apenas ouviu o plano formulado por Silveira.
A ideia de golpe era que o senador gravasse uma conversa com Alexandre e "tentasse fazer ele confidenciar que agia sem observar necessariamente a Constituição". A partir disso, Bolsonaro e seus aliados supostamente poderiam alegar que a eleição ocorrida em outubro foi fraudada, impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e prender o magistrado.
Nesta sexta, o ministro do STF contou que o senador já havia lhe confidenciado o plano em dezembro, extraoficialmente. "A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador, (...) que não tem nenhuma intimidade comigo", ironizou Alexandre.
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