Leonardo Attuch
Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.
Papel da mídia independente foi decisivo para a mudança de percepção em relação aos reais problemas do País
17 de dezembro de 2021, 06:35 h Atualizado em 17 de dezembro de 2021, 07:15
(Foto: Reprodução)
Com 48% das intenções de votos na mais recente pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira, o que lhe garantiria mais da metade dos votos válidos e, portanto, vitória em primeiro turno se as eleições fossem hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta a ocupar o espaço que lhe é de direito: o de verdadeiro centro de gravidade da política brasileira, para onde convergem as aspirações da maior parcela da sociedade. Lula é capaz de dialogar, ao mesmo tempo, com os trabalhadores formalizados, com os precarizados, com os desempregados, com os estudantes e com os grandes e pequenos empresários, em busca do bem comum. Entre os nomes que hoje se apresentam ao público, é quem reúne as melhores condições para pacificar o País e fazer com que o Brasil volte a ser um país minimamente respeitado no mundo. Essas são as qualidades que a grande maioria do eleitorado reconhece no ex-presidente.
Esta nova realidade captada pelas pesquisas também demonstra o amadurecimento da sociedade brasileira, que hoje parece estar vacinada contra a onda de desinformação que vem sendo promovida pela mídia corporativa brasileira desde, pelo menos, junho de 2013. Lula foi desumanizado por esta mesma imprensa, transformado artificialmente em símbolo da corrupção para que fosse implantada no País a agenda econômica que interessava aos patrocinadores destes veículos de comunicação. Uma agenda de retirada de direitos sociais e trabalhistas, entrega de recursos naturais, desmonte do estado e enquadramento geopolítico do Brasil à condição de quintal. Agora, depois de um duro aprendizado que trouxe de volta a fome, a desigualdade e a ridicularização do Brasil, o povo brasileiro finalmente parece ter acordado.
Neste processo, tem sido fundamental o papel de esclarecimento prestado pelos veículos da mídia independente, entre os quais se inclui este Brasil 247 (assine aqui), que recentemente declarou, em editorial, seu apoio ao ex-presidente Lula na disputa presidencial de 2022. Desde o início deste processo de guerra contra o Brasil, denunciamos que por trás do "combate à corrupção", havia uma agenda de destruição de setores estratégicos da economia nacional, negação da política, desmonte das instituições e recolonização do País. Hoje, todos aqueles que ainda preservam honestidade intelectual ajustam seus discursos ao eixo de racionalidade que foi oferecido aos leitores e telespectadores justamente pela mídia considerada alternativa.
A pesquisa Datafolha também é pedagógica por demonstrar o real tamanho de Sergio Moro, que, com 9%, atrai apenas os setores mais infantilizados da opinião pública, que enxergam na sua pretensa agenda anticorrupção, a despeito de seu próprio enriquecimento pessoal (a propósito apoie o novo documentário de Joaquim de Carvalho) e de sua parcialidade como juiz, a saída mágica para os problemas do País. Se perguntarem a ele qualquer coisa sobre emprego, educação, saúde ou política externa, ele será incapaz de articular duas frases. A pesquisa deixa claro que, como presidenciável, Moro morreu antes mesmo de nascer, justamente por ser uma fraude política.
A Jair Bolsonaro, resta tentar se apresentar como pai do novo Auxílio Brasil, dobrar sua aposta numa guerra cultural já envelhecida e agitar fantasmas como o "perigo comunista", que só convencem setores da sociedade que ainda vivem num mundo de escuridão e desconhecimento. Aos setores responsáveis da sociedade brasileira, cabe dobrar a aposta na racionalidade e na informação de qualidade. Este é o caminho para a vitória numa eleição que tem também o caráter de luta de emancipação nacional.
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