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16:40 19.06.2021URL curta
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Mahmoud Ahmadinejad, presidente da República Islâmica entre 2005 e 2013, disse à Sputnik que o acordo nuclear foi injusto para Teerã, e criticou a política do presidente iraniano Hassan Rouhani com os países vizinhos.
O Irã pode tornar as sanções ocidentais ineficazes se usar seus recursos econômicos e naturais, disse Mahmoud Ahmadinejad, ex-presidente do Irã (2005-2013), em entrevista à Sputnik.
"O Irã é um grande país, com enormes recursos humanos, econômicos e naturais. Se os utilizarmos, as sanções se tornarão uma ferramenta ineficaz, [e] a situação mudará", afirmou Ahmadinejad, acrescentando que a economia persa pode prescindir das receitas provenientes da venda de petroquímicos.
Ele também observou que a economia do Irã pode prescindir das receitas provenientes da venda de hidrocarbonetos.
"Nós [Irã] somos uma economia endógena. Ela requer muito trabalho e esforços. O Estado tem recursos suficientes, mas eles não são utilizados. Todas as minas, energia, terra e florestas estão nas mãos do Estado. Alguns deles são usados, e então o governo não precisa de orçamentos petrolíferos", comentou o ex-presidente.
Acordo nuclear
Em meio às tentativas de restaurar o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), que estão decorrendo em Viena, Áustria, desde abril, o ex-presidente ofereceu sua opinião sobre as negociações.
"O JCPOA é um acordo imperfeito, tem muitas falhas [...]. Reviver o acordo nuclear é uma tarefa muito difícil e eu acho que é impossível."
Ahmadinejad explicou que o motivo do fracasso do acordo nuclear foi o não cumprimento das normas internacionais e dos direitos fundamentais contidos no acordo.
"É um tratado unilateral e injusto. Não há equilíbrio entre os interesses e obrigações das partes na base deste acordo, e não é um mecanismo claro de resolução de disputas, mas um mecanismo unilateral contra o Irã", opinou.
O Irã deve resolver os impasses com os EUA, mas não a partir de uma posição de fraqueza, disse o ex-presidente iraniano.
"O mundo está cheio de oportunidades: há muitos países que estão prontos para cooperar, independentemente da política de dominação dos EUA. Não estou dizendo que os problemas com os EUA não precisam ser resolvidos, [mas] isso deve ser feito somente no âmbito da justiça, respeito e normas internacionais, não unilateralmente a partir de uma posição de fraqueza", afirmou, referindo que as relações do Irã com seus vizinhos se deterioraram com a presidência de Hassan Rouhani.
"A política externa do Irã tem sido limitada durante o governo de Rouhani, e qualquer nova solução, oportunidade e atmosfera que possa mudar a situação atual deve ser bem-vinda", apontou.
© AP Photo / Gabinete da Presidência iraniana
Presidente iraniano Hassan Rouhani fala em uma reunião de gabinete em Teerã, Irã
Os EUA restabeleceram duras sanções contra a República Islâmica em maio de 2018, depois que a administração norte-americana de Donald Trump anunciou sua retirada unilateral do JCPOA. O acordo, negociado em 2015 pelo Reino Unido, Alemanha, China, Rússia, EUA, França, e Irã, retirava as sanções contra Teerã em troca da contenção do programa nuclear iraniano.
Destino da República Islâmica
Em relação ao futuro do Irã, o país enfrentará grandes mudanças após as eleições presidenciais, disse Mahmoud Ahmadinejad.
"Devemos esperar grandes mudanças nas relações e na ordem mundial em um futuro próximo. O mesmo é verdade no Irã. Grandes mudanças e reformas também ocorrerão no Irã", segundo o ex-presidente.
De acordo com os dados oficiais, Ibrahim Raisi, chefe do judiciário iraniano, venceu as eleições presidenciais do Irã realizadas na sexta-feira (18), com 61,9% dos votos, 17,9 milhões dos 28,9 milhões de eleitores. Todos os rivais de Raisi reconheceram sua vitória.
Mahmoud Ahmadinejad serviu como presidente do Irã de 2005 a 2013. Durante sua presidência, o Irã começou a desenvolver ativamente seu programa nuclear.
Devido a isso, Washington impôs sanções contra o Irã, que afetaram o setor financeiro, as exportações de energia e de armas do país. Ahmadinejad concorreu nas eleições presidenciais de 2017, e nas eleições de 2021, mas as autoridades iranianas não endossaram sua candidatura.
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