domingo, 4 de dezembro de 2016
Por que os golpistas querem se livrar do PMDB
À medida em que o golpe se desenvolve, as diferenças internas entre os
golpistas se evidenciam. Interesses da burguesia nacional colidem com os da
burguesia ligada ao Imperialismo, como foi visto nessa semana no Congresso
Nacional, quando deputados modificaram o projeto das “10 medidas contra
corrupção”do MPF. A imprensa burguesa, e os próprios procuradores da operação
golpista Lava Jato ficaram contrariados com as modificações feitas pela casa e
acusaram todos de barrarem as investigações da operação da Polícia Federal.
Obviamente que a burguesia está tirando “o dela da reta” ao incluir nas
medidas do MPF a lei do abuso de autoridade, ainda mais quando a Lava Jato, para
dar prosseguimento ao golpe de Estado está voltando sua mira agora para o PMDB,
se aproximando cada vez mais de auxiliares do presidente Michel Temer.
O receio do PMDB, ala ligada à burguesia Nacional, é o que está por vir da
delação do empresário Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015 em Curitiba –
e que assinou em conjunto com outros 70 empresários um acordo de delação com a
Polícia Federal, que a imprensa golpista de maneira alarmante apelidou de
“delação do fim do mundo”.
O primeiro da lista foi o ex presidente da Câmara Eduardo Cunha que, tendo
cumprido seu papel no golpe, prosseguindo com o processo de impeachment
da presidenta Dilma Rousseff da Câmara para o Senado, foi descartado pelos
próprios golpistas e preso pelo juiz “deus” Sérgio Moro. O ex-presidente da
Câmara é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta de
divisas pela manutenção de contas secretas na Suíça que teria recebido propina
do esquema na Petrobrás.
Eduardo Cunha foi cassado em setembro e cedeu espaço a Rodrigo Maia, do DEM,
antigo PFL, Partido da Frente Liberal, fundado em 1985, que por sua vez era uma
dissidência do extinto Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Aliança
Renovadora Nacional (ARENA) partido mantenedor da ditadura militar de 1964-1985.
Ou seja, um filhote da ditadura militar.
Outras duas prisões que foram amplamente divulgadas pela imprensa foram de
Anthony Garotinho e Sérgio Cabral. Cabral é do PMDB e Garotinho está atualmente
no PR, mas em 2006, exerceu o cargo de secretário estadual de Governo do Rio de
Janeiro e foi presidente do PMDB no estado. Garotinho já foi escolhido como
candidato do PMDB à presidência da República.
Sérgio Cabral foi preso preventivamente na Operação Lava Jato da Polícia
Federal (sem prazo para ser solto) sob a suspeita de receber propina para fechar
contratos públicos. Cabral é alvo de uma operação que apura desvios em obras do
governo estadual. As investigações são em torno de crimes de organização
criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre
outros. Garotinho, por sua vez, é acusado de comandar esquema de compra de votos
com uso do Cheque Cidadão, acusação que chegou a torná-lo inelegível há dez
anos. O programa social do governo Garotinho foi tratado pela imprensa como
justificável apenas para corrupção.
Essas operações têm objetivos políticos. Os alvos das prisões e ações da PF
estão sendo meticulosamente escolhidos. Não é à toa que agora a Justiça se volte
para o PMDB e partidos próximos a ele. O governo golpista está em disputa. A ala
que domina o golpe de Estado tem maior controle das instituições, como da
Justiça e da PF (ou seja, Sérgio Moro e a Lava Jato), é mais diretamente
pró-imperialista e quer impor um governo PSDB-DEM.
Os próximos da lista serão Renan Calheiros e o próprio presidente golpista
Michel Temer. O governo golpista de Temer estão sendo cuidadosamente desgastado
pela direita golpista e pró-imperialista. As prisões, apoiadas pela imprensa
capitalista, de Sérgio Cabral e Anthony Garotinho e a campanha dessa mesma
imprensa hipócrita contra o pacote econômico do governador do Rio de Janeiro,
Luiz Fernando Pezão (PMDB), deram um novo salto no sentido da política de
fortalecimento do setor mais fundamental do golpe.
Isso porque o PMDB representa uma série interesses contraditórios
internamente que dificultam que os golpistas coloquem em prática plenamente seus
planos. A manobra consiste em promover a queda de Temer, que a partir do ano que
vem significa que o próximo presidente será escolhido pelo voto indireto. O nome
de FHC aparece, às vezes discretamente, às vezes abertamente, como o preferido
da direita golpista.
Renan Calheiros entrou na lista negra dos golpistas ao “bater de frente” com
Sergio Moro e seu pacote de medidas anti corrupção. Nessa semana, o Supremo
Tribunal Federal o tornou réu na ação que trata do pagamento de pensão a uma
filha dele por meio de uma empreiteira. O caso é de 2007 e Renan alegou, por
meio de nota à imprensa, que desde então o Ministério Público não teria
conseguido comprovar sua culpa.
O escândalo do presidente golpista é tão fútil quanto ao dos outros, porém
igualmente divulgado pela imprensa golpista. Michel Temer teria pressionado o
ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero para que este liberasse a construção de
um edifício de alto padrão em Salvador no qual o ministro Geddel Vieira adquiriu
um imóvel.
Toda esta história envolvendo os ministros e Temer, obviamente, pelo menos
para os mais esclarecidos e conscientes de que um golpe de Estado está em
andamento no Brasil, não passa de uma campanha da cúpula golpista, PSDB, cartel
da imprensa, Polícia Federal e Judiciário, para aprofundar o golpe. Agora é vez
de rifar Temer e PMDB.
O PMDB, que serviu ao golpe, está sendo rifado porque a direita
pró-imperialista precisa fortalecer um governo mais alinhado aos seus
interesses. O PMDB é um partido composto por membros da burguesia nacional, de
oligarquias locais e políticos mais ligados a banqueiros e grandes capitalistas.
As suas próprias contradições internas dificultam de colocar em prática um
programa completamente a serviço do imperialismo, o que não acontece – ou
acontece em muito menor grau – com o PSDB, um partido diretamente controlado
pelos setores fundamentais da burguesia imperialista. O PMDB, assim, acaba sendo
um obstáculo para os planos dos golpistas.
O impeachment de Temer não passa de uma manobra golpista na qual a
esquerda caiu como um patinho. A perseguição ao PMDB é a campanha sutil pelo
PSDB e DEM no poder de todas as instituições e até na presidência de forma
indireta. É a continuação do golpe, um aprofundamento da política golpista para
colocar em prática medidas ainda mais restritivas e repressivas, essa é a
resposta que explica por que os golpistas querem se livrar do PMDB, querem o fim
do PMDB para ter de volta FHC e todas as monstruosidades que o tucano realizou
no país durante seu mandato.
Quem viveu que o diga.
Fonte: http://causaoperaria.org.br/por-que-os-golpistas-querem-se-livrar-do-pmdb/
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