Ele cata lixo. Ela varre a escola onde a filha do catador de materiais recicláveis estuda. O marido da zeladora sai às ruas todos os dias para consertar o carro do cidadão, que refém do medo fecha o vidro para o rapaz que quer limpar o vidro do carro. O flanelinha, por sua vez, junta plástico e papelão para seu amigo catador. A historinha é fictícia, mas serve para ilustrar o contexto socioeconômico do país, que ainda teima em desvalorizar algumas profissões, tratando-as como invisíveis ou irritantes.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000 para 2010, os profissionais com carteira de trabalho assinada aumentaram sua participação no contingente de empregados do país: saíram de 54,8% para 63,9%. Enquanto isso, no mesmo período, os sem carteira — 17,4 milhões — recuaram de 36,8% para 28,5%. Mesmo com o crescimento do mercado de trabalho, registrando 39,1 milhões de trabalhadores formalizados, algumas profissões ainda sofrem com a desvalorização e até mesmo com o estigma.
Nesta categoria entram os empregados domésticos, que segundo dados apurados pelo Bom Dia Brasil, da Rede Globo, somam mais de 7 milhões de pessoas trabalhando nesse setor, sendo 93% mulheres. Um número, entretanto, assusta: só 23% têm carteira assinada. Por isso, vale o registro, é importante conscientizar, o patrão e o empregado. O primeiro deve saber que para ter um funcionário no próprio lar, as obrigações são praticamente as mesmas de manter um empregado de uma empresa ou escritório, ou seja, férias, 13º salário e licença-maternidade, para citar alguns. Já a empregada tem que procurar se inteirar sobre seus direitos. Doméstica não é um sinônimo de escravidão, é profissional, faz o seu serviço e tem os mesmos direitos de qualquer outro trabalhador.
http://www.boanoticia.org.br/noticias_detalhes.asp?Cod=4004
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