Os trabalhadores em questão prezam principalmente pela renda obtida, pela flexibilidade da jornada e pelo fato de não terem um chefe - autonomia
(Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
247 - Enquanto discute-se a regulamentação para proteger os trabalhadores de aplicativos, a Amobitec, associação que representa os principais aplicativos de mobilidade, conduziu uma pesquisa para traçar um perfil dos motoristas e entregadores conectados às plataformas. O levantamento foi realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), com base em dados fornecidos anonimamente por 99, iFood, Uber e Zé Delivery, associados da Amobitec. Além disso, uma pesquisa de opinião com 3.025 motoristas e entregadores em todo o país complementou o estudo.
O contingente de trabalhadores em questão é composto por 1,6 milhão de pessoas, sendo 1.274.281 de motoristas e 385.742 de entregadores. Em média, trabalham 4,2 dias por semana e 3,3 dias por semana, respectivamente, e prezam principalmente pela renda obtida, a flexibilidade da jornada e o fato de não terem um chefe (autonomia), informa o jornal O Globo.
Embora haja mobilizações frequentes na categoria por melhores condições e remunerações, a maioria dos entrevistados (80% dos entregadores e 60% dos motoristas) declarou ao Cebrap que pretende continuar trabalhando com as plataformas.
O levantamento mostra que os profissionais possuem níveis de engajamento muito distintos, uma vez que nem todos têm na plataforma a única fonte de renda. Dentre os entregadores, 48% têm outros trabalhos e 66% não estão procurando outro trabalho para substituir a entrega. Dentre os que declaram possuir outros trabalhos, 50% têm carteira assinada, muitas vezes na mesma área de serviços de entregas.
Já os motoristas conseguem auferir uma renda maior e se dedicar mais horas: 63% trabalham exclusivamente rodando nas ruas com os aplicativos. Dentre os 37% dos motoristas que possuem outra fonte de renda, 40% declara ter carteira assinada no outro trabalho.
A jornada média de trabalho dos motoristas varia entre 22 e 31 horas semanais, sendo que 31% dos motoristas ganham de 3 a 6 salários mínimos com o trabalho com o aplicativo e 10% conseguem tirar mais do que 6 salários. Os mais dedicados, que cumprem jornadas semanais de 40 horas sem ociosidade, são capazes de obter uma renda de até R$ 4.756, descontados os custos de combustível e manutenção.
Entre os entregadores, 70% ganham entre 1 e 3 salários mínimos com os aplicativos para entregadores. Aqueles que dedicam 40 horas semanais sem ociosidade, podem levar para casa uma renda líquida de R$ 3.039.
Um contingente significativo apelou para a plataforma por falta de alternativa de trabalho. Dentre os motoristas, 43% estavam desempregados quando começaram a trabalhar nas plataformas. Dentre os entregadores, 31% não tinham emprego.
Para estabelecer a jornada média, o Cebrap considerou as horas trabalhadas em mais de um aplicativo, como é praxe no segmento.
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