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terça-feira, 4 de abril de 2023

Brasil não assina texto final da cúpula dos EUA por achar que evento foi usado para condenar Rússia

 

Líderes mundiais assistem virtualmente enquanto o presidente Joe Biden fala durante uma plenária virtual da Cúpula para a Democracia no South Court Auditorium no campus da Casa Branca, 29 de março de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 30.03.2023

© AP Photo / Patrick Semansky

Cúpula pela Democracia promovida pelo governo Biden chegou ao seu último hoje. O evento, que em sua maioria é virtual, não contou com a participação de Lula por seu estado de saúde, mas o mandatário enviou uma carta na qual diz que “a defesa da democracia não pode ser utilizada para erguer muros nem criar divisões”.

Nesta quinta-feira (30), o governo brasileiro decidiu não assinar a declaração final da Cúpula pela Democracia, evento promovido pelos Estados Unidos, uma vez que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não concorda com o foco dado ao conflito na Ucrânia e com a “utilização” da cúpula para condenar a Rússia.

O Itamaraty acredita que o âmbito para tratar do conflito são as Nações Unidas, tanto a Assembleia Geral como o Conselho de Segurança, de acordo com o jornal O Globo. Em uma carta enviada à cúpula por Lula, o presidente diz que “a bandeira da defesa da democracia não pode ser utilizada para erguer muros nem criar divisões“.

“[…] Atravessamos um momento de ameaça de uma nova guerra fria e da inevitabilidade de um conflito armado. Todos sabem os custos que a primeira guerra teve em gastos com armas em detrimento de investimentos sociais. A bandeira da defesa da democracia não pode ser utilizada para erguer muros nem criar divisões. Defender a democracia é lutar pela paz. O diálogo político é o melhor caminho para a construção de consensos […]”, diz o texto citado pela mídia.

Segundo o jornal, o mandatário não gravou um vídeo pelo quadro de pneumonia, e, anteriormente, informaram que Lula não poderia participar virtualmente porque a data coincidia com a viagem à China.

Ainda assim, o presidente destacou que lamenta a “as consequências humanitárias […]” do conflito e expressou preocupação com “o alto número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças, o número de deslocados internos e refugiados […]” além do “impacto adverso da guerra na segurança alimentar global, energia, segurança e proteção nuclear e o ambiente”.

A mídia também relata que outros países, como a Índia, vão assinar a declaração, mas fazendo uma reserva sobre os pontos em que se menciona o conflito na Ucrânia.

Apesar das pressões de americanos e europeus, fontes diplomáticas afirmaram que o Brasil mantém sua decisão e sua tradição histórica de sustentar suas posições no direito internacional e, neste caso, na Carta das Nações Unidas.

Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieir, em Brasília - Sputnik Brasil, 1920, 16.02.2023

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16 de fevereiro, 12:36

No órgão internacional, Brasília condenou a operação da Rússia, mas o governo brasileiro se opôs a medidas unilaterais, como sanções e envios de armas, além de ser contra a expulsão de Moscou de organismos internacionais.

Quando Lula foi a Washington com a ideia de criar um clube de paz para que países pudessem mediar o cessar-fogo entre Moscou e Kiev, o governo Biden não se mostrou muito inclinado a elaborar a ideia.

Segundo o cientista político Guilherme Carvalhido, entrevistado pela Sputnik Brasil, para Joe Biden não seria “[…] desejoso ver Lula como um comandante [da interrupção do conflito]. Pelo contrário, ele quer que Lula tenha os interesses norte-americanos acima dessa posição. Por isso essa paz não se coloca como uma posição favorável ao acolhimento de Biden”, afirmou.

A cúpula liderada por Biden gera controvérsias, uma vez que, entre outros motivos, exclui países da região, entre eles Venezuela, Nicarágua e Cuba, escreve O Globo. Ao mesmo tempo, desconsidera temas observados como importantes pelo Brasil, como a situação da Palestina.

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