"Teu presidente não entendeu onde está, quem ele representa e o cargo que ocupa", disse um embaixador experiente à coluna do Jamil Chade no portal Uol
20 de setembro de 2022, 13:11 h Atualizado em 20 de setembro de 2022, 13:37
Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU (Foto: Reprodução)
247 - O discurso eleitoreiro de Jair Bolsonaro (PL) na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (20) gerou indignação e repulsa entre embaixadores e agentes estrangeiros, de acordo com a coluna do Jamil Chade, no Uol.
O atual chefe do Executivo brasileiro usou como palanque o importante espaço internacional que lhe foi cedido, promovendo ataques ao ex-presidente Lula (PT) e falando mentiras sobre a Petrobras, a pandemia e o meio ambiente. Jair omitiu, por exemplo, os quase 700 mil mortos em decorrência da Covid-19 no Brasil e os índices alarmantes de desmatamentos no país.
"Teu presidente não entendeu onde está, quem ele representa e o cargo que ocupa", disse um embaixador experiente a Jamil Chade. Já um diplomata norte-americano debochou: "Ele (Bolsonaro) mente e acha que nós somos seus apoiadores?"
Os interlocutores também mencionaram o discurso direcionado de Bolsonaro aos cristãos como um indicativo de que a fala era para seus eleitores, e não para o mundo. "Poucos hoje prestam atenção às suas [de Bolsonaro] propostas. Se não fosse o primeiro a falar, dificilmente o mundo estaria escutando o que ele tem a dizer", avaliou um diplomata europeu.
Apesar da suposta moderação ao não fazer ataques contra a comunidade internacional, os agentes estrangeiros "deixaram claro", segundo o jornalista do Uol, que Bolsonaro foi o retrato de um país "apequenado".
Entidades brasileiras também criticaram a postura do ocupante do Palácio do Planalto na ONU. O Observatório do Clima destaca a realidade concreta do Brasil como algo bem diferente do demonstrado pelo presidente: "No mundo real, temos 33 milhões de famintos, 11% das mortes por Covid num país que tem 3% da população mundial e a pior crise socioambiental no país desde a redemocratização", disse. "Embora governos passados tenham registrado taxas de desmatamento maiores na Amazônia, o regime Bolsonaro foi o único que não apenas não fez nada a respeito como estimulou ativamente o crime ambiental e o massacre de indígenas. Daí ter sido o primeiro governante brasileiro desde o início das medições por satélite a ver o desmatamento subir três vezes seguidas num mesmo mandato".
"No Brasil real, as invasões de terras indígenas triplicaram, o número de indígenas assassinados é o maior desde 2003, o desmatamento na Amazônia cresceu 75% em relação à última década e o número de queimadas até meados de setembro de 2022 já é maior do que o de todo o ano de 2021. No Brasil real, investimentos e acordos internacionais empacaram devido ao desmonte da governança ambiental e o país tornou-se um pária em fóruns nos quais era protagonista, como as negociações internacionais de clima", complementou a entidade.
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