quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Sociedade pedirá impeachment de Temer: Se houve impeachment sem crime com Dilma, não pode haver crime sem impeachment
Movimentos sociais, estudantis, da sociedade civil e de juristas, com apoio
da oposição, formalizarão na próxima terça-feira (6) o pedido de impeachment do
presidente golpista, Michel Temer, por crime de responsabilidade. A decisão foi
firmada em reunião nesta terça-feira (29), com a presença de líderes do PT e do
PCdoB e das Minorias na Câmara e no Senado e de representantes dos movimentos.
Eles entendem que, se houve impeachment sem crime, no caso da presidente eleita
Dilma Rousseff, não pode haver crime sem impeachment, agora no escândalo do
tráfico de influência de ministros, com anuência do presidente Temer.
Para o líder da Minoria no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), o impeachment é
a resposta certa para o tamanho da crise política que envolve diretamente o
presidente golpista, “que cometeu crimes comuns de concussão e de advocacia
administrativa e de responsabilidade”. Na avaliação de Lindbergh, a cada dia a
coisa só piora para Temer. Ele destacou que além do caso envolvendo os dois
ministros que deixaram o governo, Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e
Marcelo Calero (Cultura), porque o primeiro pressionava o segundo para liberar
uma obra embargada na qual ele tinha um apartamento, o Brasil assistiu ao
constrangimento das perguntas de Eduardo Cunha para Temer sobre a Lava-Jato.
“E vão vir outros escândalos no qual o presidente está envolvido. Hoje já
deve sair a nota fiscal do carro que levou Sérgio Machado, ex-diretor da
Transpetro, no encontro com Michel Temer, também para tratar da Lava-Jato”,
afirmou Lindbergh. Ele enfatizou que Temer não tem condições de continuar na
presidência.
Diretas Já - O vice-líder da Bancada do PT, deputado Carlos Zarattini (PT-SP),participou da
reunião e destacou a importância do aval da sociedade, dos estudantes, dos
sindicalistas e dos juristas neste movimento para a saída de Temer e da campanha
por eleições diretas. “A nossa unidade é fundamental, mas é preciso também dar
visibilidade a esse apoio, que poderá vir na forma de um abaixo assinado pela
saída do presidente ilegítimo e pela convocação de eleições diretas”, defendeu.
A expectativa de Zarattini é de recolhimento de dois milhões de assinaturas
respaldando o impeachment.
O deputado Henrique Fontana
(PT-RS) também reforçou a importância da mobilização popular pela saída de
Temer. “A nossa bandeira nas ruas é Fora Temer e Diretas Já. Não podemos aceitar
a saída de Temer com eleições indiretas em 2017”, afirmou Fontana. Ele já está
coletando assinaturas de apoio dos parlamentares para uma proposta de emenda à
Constituição (PEC) que modifica o artigo 81, para permitir eleição direita
quando houver afastamento de um presidente da República, independentemente do
ano de mandato. Na legislação atual isso só ocorre até o segundo ano de gestão.
A partir do terceiro a escolha é indireta, pelo Congresso Nacional.
“Queremos, com a proposta, impedir que haja uma manobra no caso de renúncia
ou impeachment Temer em 2017”, justificou Fontana.
Juristas – Os juristas Marcelo Lavenére, Marcelo Neves, Eugênio Aragão e
Carlos Moura participaram do encontro e foram unânimes em confirmar que o
presidente Temer cometeu crime de responsabilidade, que o fato é grave e que há
embasamento jurídico sólido e mais do que suficiente para o impeachment. A peça
que será protocolada na próxima semana pedindo o impedimento do presidente será
escrita por eles.
Sintonia – A deputada Maria do
Rosário (PT-RS) participou da reunião e disse que em comum com os
movimentos, os partidos de oposição têm a luta contra o governo ilegítimo de
Temer e o conjunto de medidas adotadas pela sua gestão. “Estamos juntos na luta
contra a retirada de direitos sociais e trabalhistas e, agora, estaremos unidos
também pela apuração das denúncias de crimes praticados por Temer, pelo seu
impeachment e pelas Diretas Já”, afirmou.
Os representantes da CUT mostraram disposição para assinar o pedido e também
para puxar uma campanha nas ruas pelo impedimento de Michel Temer. “Já estamos
na campanha ‘Fora Temer’ contra a retirada de direitos e pelo restabelecimento
da democracia no nosso País, agora só vamos acrescentar um novo e grave motivo
para a sua saída: o crime de responsabilidade que ele praticou”, argumentou
Vagner Freitas, presidente da central.
Alexandre Conceição, do MST, afirmou que o movimento dos sem-terra fará a
campanha que for necessária para resgatar o voto popular e o Estado Democrático
de Direito. “Já estamos na luta, que agora ganha impulso novo. Se tem crime, tem
que ter impeachment”, frisou.
A líder da Minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o líder do PT no
Senado, Humberto Costa (PE), o líder do PDT na Câmara, Weverton Rocha (MA), o
líder do PC do B, Daniel Almeida (PCdoB-BA), além dos deputados Paulo Teixeira (PT-SP),Glauber Braga
(Psol-RJ), Sílvio Costa (PTdoB-PE), Orlando Silva (PCdoB-SP), e dos senadores
Paulo Rocha (PT-PA), Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffman (PT-PR) Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM) participaram da reunião.
Também estavam presentes representantes da UNE, da Associação Nacional de
Pós-graduação, da CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil) e da Confederação
Nacional dos Metalúrgicos.
Vânia Rodrigues
Foto: Alessandro Dantas
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