Da Agência Sputinik
O governo brasileiro se mostrou contrário a uma redução na produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) como estratégia de recuperação da cotação da commodity, hoje negociada em torno de US$ 50 o barril, após ter alcançado média pouco superior a US$ 110 há dois anos.
Embora não faça parte da organização, o Brasil foi convidado juntamente com outros países produtores mas não filiados a participar da reunião realizada pela OPEP no último fim de semana em Viena. Lá, o governo brasileiro se fez representar junto a de outros produtores como Rússia, México Azerbaijão, Cazaquistão e Omã. Mesmo não pertencendo à organização, Rússia e México prometem estudar uma possível participação nesse esforço. A OPEP decidiu reduzir a produção diária de 33 milhões para 32,5 milhões de barris. Um novo encontro para ratificar essa decisão está marcado para o próximo dia 30. A receita proposta pelo representante brasileiro é as empresas produtores "cortarem custos e serem mais competitivas".
A redução na oferta têm sido defendida por países como Equador e Venezuela, que têm a maioria de suas receitas atreladas à exportação de petróleo, e mesmo a Rússia, hoje uma das maiores indústrias do ramo com produção diária pouco superior a 10 milhões de barris diários. Um dos principais entraves à redução da oferta tem sido colocado pelo Irã, que, com uma produção diária de 2 milhões de barris, tenta reconquistar mercado após o fim das sanções econômicas impostas por Estados Unidos e pela União Europeia em virtude da execução do seu programa nuclear.
O representante brasileiro no encontro, o secretário de Petróleo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, mostrou a posição contrária do Brasil a um corte na produção, alegando que não via como uma oferta menor poderia resolver o problema dos preços baixos hoje da commodity.
O professor de Economia Edmar Almeida, do grupo de Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), interpreta a ideia do representante brasileiro como um ajuste que deve ocorrer sem interferência do cartel da Opep via mecanismos de mercado.
"Hoje se tem um excesso de oferta de petróleo e com isso os estoques cresceram no mundo, por isso é necessário ocorrer um ajuste através da redução da produção por parte daqueles produtores menos eficientes. As empresas não têm custos para suportar o atual nível de preços. Elas iriam sair do mercado e isso iria promover, lá na frente, um ajuste mais sustentável."
Segundo Almeida, hoje no mercado internacional há uma disputa de diferentes visões de como proceder com o ajuste.
"Alguns países, inclusive dentro da Opep, são a favor de uma interferência para promover um aumento de preços através de um corte de produção e outros acham que não adianta fazer essa interferência. É necessário que essa oferta seja digerida pelo mercado, seja através de um aumento da demanda mundial, seja através da redução da oferta por parte daqueles produtores com custos elevados, aqueles de óleo não convencional como o shale oil e até os de águas profundas."
Na visão do especialista, a sugestão brasileira não foi fruto de improviso.
"É uma posição do governo, que estudou o problema, e obviamente deve ter conversado com a Petrobras olhando qual é o interesse do país a médio e longo prazo. O Brasíl é um dos países, fora da Opep, que tem maior potencial de crescimento da produção. A mensagem que se passa com essa posição do governo brasileiro é que estamos preparados, em termos de redução de custos e competitividade, para avançar na produção mesmo em um cenário de preços não tão altos."
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/263462/Brasil-vai-como-convidado-a-reuni%C3%A3o-da-Opep-e-defende-petr%C3%B3leo-barato.htm
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