"Eu já presidi esse país por oito anos e fiz muitas reuniões nessa mesa. Eu só tenho um compromisso com esse país: ser honesto com o povo", afirmou o presidente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordena a primeira reunião ministerial de seu governo, no Palácio do Planalto (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
247 - Com transmissão pelas redes sociais, o presidente Lula (PT) abriu nesta sexta-feira (6) a primeira reunião ministerial de seu novo governo. Em um recado claro contra a corrupção, ele garantiu que ministros que se envolverem em irregularidades serão afastados e investigados.
"Eu não tenho vergonha de dizer que nós vamos montar o governo com gente da política muito competente. Vamos montar o governo com gente técnica muito competente. Não faço distinção e não quero criminalizar a política. Todo mundo sabe da nossa responsabilidade, todo mundo sabe que nossa obrigação é fazer as coisas corretas, é fazer as coisas da melhor forma possível. Quem fizer errado, sabe que tem só um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educação possível, convidada a deixar o governo e, se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça. Eu já carreguei na pele muitas coisas ruins. Eu já presidi esse país por oito anos e fiz muitas reuniões nessa mesa. Eu só tenho um compromisso com esse país: ser honesto com o povo brasileiro e ser leal e honesto com vocês", declarou.
Lula ainda ordenou que todos os ministros mantenham boa relação com o Congresso Nacional, para viabilizar a aprovação de projetos caros ao Executivo pelo Legislativo. "Muitos de vocês são resultado de acordos políticos, porque não adianta a gente ter o governo tecnicamente mais formado em Harvard possível e não ter um voto na Câmara dos Deputados, no Senado. É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso. Nós dependemos do Congresso e, por isso, cada ministro tem que atender bem cada deputado ou deputada, cada senador ou senadora. Nós precisamos manter uma boa relação com o Congresso e cada um de vocês, ministros, tem a obrigação de manter a mais harmônica relação com o Congresso Nacional".
Em sua fala inicial, Lula repetiu diversas vezes a necessidade de "unificar" o país. "Nós estamos de volta com o compromisso de unificar o povo brasileiro, acabar com o ódio - não acabar com as divergências -, mas acabar com o ódio, fazer política de forma civilizada e ao mesmo tempo em que a gente vai unificar esse país em torno dos interesses do próprio país, a gente vai ter que reconstruir esse país. Quem já leu o material feito pela coordenação da transição, liderada pelo companheiro Alckmin, percebeu que esse país foi semi-destruído naquilo que foram as políticas sociais, educacionais, de saúde, de investimento, tanto de ferrovias e rodovias quanto no Minha Casa Minha Vida. Tudo isso foi paralisado, e nós então estamos com o compromisso de reconstruir esse país".
Sem citar nominalmente Jair Bolsonaro (PL), Lula comentou o estrago deixado pelo último governo. "As eleições mais difíceis que todos nós já participamos. Uma quantidade de dinheiro dificil de ser mensurada em reais. Quem sabe seja necessário mensurar em dólar a quantidade de dinheiro que foi utilizado na perspectiva de perpetuar um governo autoritário, que é responsável pela morte da grande parte das 700 mil pessoas que morreram na Covid por desleixo, por desrespeito e por muita ignorância do conjunto do governo. Nossa tarefa é árdua, mas nobre. A gente vai ter que entregar esse país melhor, mais saudável do ponto de vista da saúde, do ponto de vista do ganho da massa salarial, dos pequenos e médios empreendedores desse país, dos pequenos e médios produtores rurais, da educação e da civilidade. Esse país vai voltar a viver democracia".
O presidente também comentou a cerimônia de sua posse na Presidência, ocorrida no último domingo (1). "Recebi um telefonema de uma pessoa importante que vocês conhecem, talvez um dos melhores escritores do país, o Fernando de Morais. O Fernando de Morais me ligou para dizer o seguinte: ele tinha participado da posse na Argentina em 1972, e ele dizia que aquela posse da Argentina tinha sido a posse mais bonita que ele tinha visto. E depois da nossa posse, ele falou: 'vocês bateram de 10 a 0 na posse que eu achava a mais bonita da história da eleição no mundo'. Penso que nenhum de nós jamais tinha visto um povo emocionado, motivado, como nós vimos na nossa posse. Há muito tempo a gente não via tanta alegria, tanto sorriso estampado na fisionomia de homens, mulheres, crianças, velhos. As pessoas estavam se encontrando consigo mesmas, e nós queremos que isso aconteça todo dia. É preciso acabar com as brigas familiares. Durante esse processo dos últimos quatro anos teve família em que pais não conversavam mais com filhos. Tudo estabelecido pelo ódio que foi colocado em prática nesse país. E nossa posse mostrou que é possível voltar a fazer esse país sorrir, voltar a fazer essas pessoas sonharem. E a nossa obrigação é de transformar esse sonho em realidade. Esse é o compromisso de cada companheiro e cada companheira que assumiu esse ministério".
Ele também reconheceu divergências em seu ministério e exaltou o fato como uma qualidade de seu governo. "Não somos um governo de pensamento único, não somos um governo de filosofia única, não somos um governo de pessoas iguais. Somos um governo de pessoas diferentes. E o que é importante é que a gente, pensando diferente, tem que fazer um esforço para que, na construção do nosso processo de reconstrução desse país, a gente pense igual, a gente construa igual".
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