Jornal
GGN - O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula
reconheceu, na segunda (27), que um oficial gravou ilegalmente as imagens da
condução coercitiva do ex-presidente Lula, realizada em 4 de março de 2016. Na
ocasião, o juiz Sergio Moro havia determinado expressamente que seria proibido
qualquer registro do ex-presidente. A PF, contudo, não só gravou como reproduziu
as imagens para atores globais na sede da PF e ainda entregou uma cópia à
revista Veja.
Na semana passada, diante da notícia de que as imagens existem e foram
repassadas à imprensa, a defesa de Lula entrou com um requerimento solicitando a
Moro que impedisse, de ofício, a divulgação do material. Moro, contudo, foi
irônico e duvidou da notícia. Disse que se alguém tivesse gravado, as imagens já
teriam vindo a público há muito tempo. E que se for o caso, nada pode fazer
porque não compete a ele "impor censura" aos meios de comunicação.
Nesta segunda, a defesa de Lula voltou a peticionar"para que os envolvidos se
abstenham de qualquer divulgação das imagens gravadas, preservando o sigilo do
material. Reitera igualmente que seja apurada a prática de eventuais crimes
decorrentes da violação de deveres funcionais pelos agentes públicos, que tinham
o dever de preservar o sigilo do material e eventual participação de pessoas
relacionadas ao filme, cujos investidores são mantidos em sigilo."
Igor Romário de Paula é o mesmo delegado que surgiu na imprensa dizendo que o
"timing para prender Lula" poderia surgir em 30 ou 60 dias, dependendo da
conclusão do inquérito do sítio de Atibaia. Ele é processado pelo ex-presidente.
Abaixo, a nota completa da defesa:
"Na última sexta-feira, apresentamos ao Juízo da 13ª. Vara Federal de
Curitiba, na condição de advogados do ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva,
sólidos indícios da ocorrência de atos ilícitos em virtude da gravação da sua
condução coercitiva no dia 04/03/2016 e, ainda, da disponibilização dessas
gravações a terceiros, estranhos às investigações. O delegado federal Igor
Romário de Paula reconheceu, nesta data (27/03), ter havido gravações durante a
execução da condução coercitiva de Lula, mas nega que tais imagens tenham sido
cedidas a terceiros.
A existência das gravações, reconhecidas pela Polícia Federal, já é o
suficiente, em princípio, para evidenciar que a decisão do Juízo foi
desconsiderada, levando em conta a determinação de não haver gravação "em
qualquer hipótese".
Nossa manifestação também demonstra que houve ampla confissão (ainda que
eventualmente involuntária) por parte de pessoas estranhas às investigações que
tiveram acesso às gravações realizadas pela PF. Registrou-se que o jornalista
Ulisses Campbell publicou o seguinte:
"VEJA teve acesso à íntegra da gravação, efetuada por meio de uma câmera
digital acoplada ao uniforme de um agente da PF que participou da ação"(edição
8/2/2017). Na mesma linha foram os registros de Gustavo Foster (Zero Hora),
Marcelo Antunez (diretor do filme "A lei é para todos"), Tomislav Blazic
(produtor do filme), Ary Fontoura (ator escalado para o filme) a diversas
publicações.
Perguntado pela revista Veja o que tinha ido fazer na Polícia Federal de
Curitiba o ator Ary Fontoura declarou: "Vim sentir o clima da Lava-Jato e
assistir às gravações que a PF fez da condução coercitiva do Lula".
A petição atual reitera os pedidos formulados anteriormente, para que os
envolvidos se abstenham de qualquer divulgação das imagens gravadas, preservando
o sigilo do material. Reitera igualmente que seja apurada a prática de eventuais
crimes decorrentes da violação de deveres funcionais pelos agentes públicos, que
tinham o dever de preservar o sigilo do material e eventual participação de
pessoas relacionadas ao filme, cujos investidores são mantidos em sigilo.
Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins"
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/287363/PF-admite-que-gravou-condu%C3%A7%C3%A3o-de-Lula-sem-autoriza%C3%A7%C3%A3o-de-Moro.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário