André Richter - Repórter da Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal (STF), composto por 11 ministros, validou por
unanimidade a decisão liminar do ministro Teori Zavascki, que determinou a
suspensão do mandato do deputado Eduardo Cunha. O deputado também foi afastado
da presidência da Câmara. O ministro atendeu a um pedido liminar feito pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em dezembro do ano passado.
A maioria referendou a liminar de Zavascki e concordou que Cunha não tem
condições de ocupar o cargo de presidente da Câmara. Segundo o relator, o
parlamentar atua com desvio de finalidade para promover interesses espúrios.
Zavascki citou casos envolvendo a CPI da Petrobras e o processo a que Cunha
responde no Conselho de Ética da Câmara, nos quais o deputado é acusado de usar
requerimentos apresentados por aliados para se beneficiar.
Em seu voto, Cármen Lúcia destacou que o Supremo resguardou na decisão os
princípios e regras que devem ser aplicadas na Câmara dos Deputados. "A
imunidade referente ao cargo e aqueles que o detém não pode ser concluída, em
nenhum momento, por impunidade ou possibilidade de vir a ser. Afinal, a
imunidade é uma garantia. O que a República não comporta é privilégios", disse.
Para o ministro Marco Aurélio, as acusações contra Cunha justificaram a
medida excepcional da Corte. "Os indícios, as práticas implementadas estariam a
direcionar uma iniciativa não drástica, porque é uma medida cauteladora prevista
e implementou o afastamento em pleno exercício do mandato".
Celso de Mello disse que as acusações contra Eduardo Cunha mostram que a
corrupção foi impregnada no Estado e se caracteriza como uma conduta endêmica.
"As práticas ilícitas perpetradas por referidos agentes, entre os quais figura o
senhor presidente da Câmara dos Deputados, teria um só objetivo, o de viabilizar
a captura das instituições governamentais por uma determinada organização
criminosa, constituída para dominar os mecanismos de ação governamental em
detrimento do interesse público," argumentou.
Em seu voto, Lewandowski rebateu críticas sobre a suposta demora do Supremo
em julgar o pedido de afastamento de Cunha, protocolado em dezembro do ano
passado pela Procuradoria-Geral da República. Segundo o presidente, o Judiciário
é atento aos acontecimentos, mas a prestação jurisdicional é feita no devido
tempo. "É preciso ressaltar que o tempo do Judiciário não é o tempo da política
e nem é o tempo da mídia. Nós temos ritos, temos procedimentos, temos prazos que
devemos observar", disse.
Acompanharam o relator os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa
Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Celso
de Mello e o presidente, Ricardo Lewandowski.
http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/230344/STF-confirma-o-fim-da-era-Cunha-11-a-0.htm
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