Em delação premiada, o executivo português Firmino Rocha afirmou que a empresa em que trabalhava, a Biotev, pagou propina de R$ 1,5 milhão ao ex-presidente do PSDB de Minas e aliado do senador Aécio Neves, Nárcio Rodrigues, que teve decretada prisão temporária de cinco dias nesta segunda-feira, na operação Aequalis; de acordo com o delator, parte da verba abasteceu ilegalmente campanhas eleitorais
31 de Maio de 2016 às 13:51
Minas 247 - Em delação premiada assinada com o Ministério Público (MP-MG), o executivo português Firmino Rocha afirmou que a empresa em que trabalhava pagou propina ao ex-presidente do PSDB de Minas e aliado do senador Aécio Neves, Nárcio Rodrigues, que teve decretada prisão temporária, de cinco dias, nesta segunda-feira (30), na operação "Aequalis". De acordo com o delator, o suborno teve valor de cerca de R$ 1,5 milhão e parte dele foi destinado ao financiamento ilegal de campanhas eleitorais. Segundo a Controladoria-Geral de Minas Gerais, os equipamentos foram comprados sem licitação e com superfaturamento de R$ 3,8 milhões. Apesar de terem sido pagos, os equipamentos não teriam sido entregues, gerando prejuízo de R$ 8 milhões ao governo mineiro.
Rodrigues, que na época, ocupava o cargo de secretário estadual de Ciência e Tecnologia do governo do atual senador Antonio Anastasia (PSDB), disse a propina teve origem em contrato superfaturado de venda de equipamentos para o centro de pesquisa mineiro "Cidade das Águas", e parte foi remetida ao paraíso fiscal de Hong Kong em 2014. A auditoria apontou a aquisição do material para o laboratório da "Cidade das Águas" foi montada de maneira que uma empresa do grupo Yser, a Biotev, da qual Firmino chegou a ser presidente, fosse a executora do projeto.
A empresa teria sido a responsável pela organização da cotação de preços que teve como vencedora outra companhia do mesmo grupo, a SRN Comercial Importadora e Exportadora S/A, da qual Firmino também foi diretor. Rodrigues foi um dos coordenadores políticos das campanhas eleitorais estaduais de Anastasia em 2010 e do tucano Pimenta da Veiga, derrotado no pleito de 2014.
A operação Aequalis também prendeu Neif Chala, ex-servidor da Secretaria de Ciência e Tecnologia; Luciano Lourenço, funcionário da CWP Engenharia; Alexandre Horta, engenheiro do Departamento de Obras Públicas; e o português Hugo Alexandre Murcho, diretor Yser e da Biotev.
Outro lado
O PSDB de Minas afirmou, por meio de assessoria de imprensa, que desconhece detalhes da operação Aequalis deflagrada na segunda (30) e quem "se houver indícios de irregularidades, eles devem ser investigados pelos órgãos competentes". Segundo relato da Folha, o partido ressaltou que "havendo comprovação de crimes" é necessária punição.
Sobre a realização do "Complexo das Águas", a sigla informou que foi um projeto aprovado em 2007 pela Unesco, tendo as obras iniciadas em 2011, paralisadas em 2014 e retomadas este ano.
Quanto ao ex-deputado Nárcio Rodrigues, o partido reitera que ele "não exerceu nenhuma função de captação de recursos financeiros junto à direção estadual do PSDB em campanhas de 2014". A defesa de Firmino Rocha informou que não iria se manifestar sobre o caso.
Em manifestações anteriores, Antonio Anastasia disse que defende que "quaisquer denúncias sejam apuradas pelos órgãos competentes e julgadas na forma da lei". O tucano disse que só tomou conhecimento sobre a investigação da Controladoria-Geral e do Ministério Público da obra iniciada na sua gestão em abril, quando a Folha publicou reportagem sobre o fato.
http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/235365/Executivo-aponta-propina-de-R$-15-mi-a-aliado-de-A%C3%A9cio-preso-em-opera%C3%A7%C3%A3o.htm
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