As guerras tiraram cerca de 284 bilhões de dólares das economias africanas entre 1990 e 2005, praticamente o mesmo dinheiro da ajuda internacional destinada ao continente nesse período, segundo relatório divulgado na quinta-feira, 11, pela ONG Oxfam International. O estudo, intitulado "Os Bilhões Perdidos da África", diz que 23 conflitos no período fizeram as respectivas economias encolherem uma média de 15 por cento ao ano, a um custo de quase 18 bilhões de dólares por ano. A Oxfam se baseou no cálculo de vários custos dos conflitos, como os gastos militares, a perda de ajuda ao desenvolvimento, inflação e custos médicos com feridos e mutilados. Mas a estimativa é provavelmente conservadora, pois não leva em conta o impacto de guerras civis sobre as economias de países vizinhos e os efeitos de longo prazo dos gastos militares elevados. "Os custos são chocantes", disse Irungu Houghton, consultor político para questões africanas da Oxfam. "Esse dinheiro poderia resolver a crise da Aids, prevenir a tuberculose e a malária, fornecer água potável, saneamento e educação", afirmou. A economia de Ruanda, por exemplo, cresceu a uma média anual de 2,8 por cento entre 1990 e 2001, quase um terço a menos do que o que seria esperado se não houvesse guerra, genocídio ou outras turbulências no período, segundo a Oxfam. A economia de Burundi sofreu ainda mais como resultado do conflito étnico, encolhendo em média 1,1 por cento entre 1993 e 2005 -- sem violência, a expectativa seria de crescimento de 5,5 por cento ao ano. O relatório, feito com apoio de duas outras ONGs, a Rede Internacional de Ação para Armas Pequenas e a Saferworld, cita o comércio global de armas como um fator importante para a violência que mata milhões de africanos e impede o crescimento do continente. Estima-se que 95 por cento dos rifles Kalashnikov, a arma mais popular em conflitos africanos, venham de fora do continente. A Organização das Nações Unidas (ONU) vem considerando a aprovação de um Tratado do Comércio de Armas, que serviria para restringir o fluxo ilegal de armas, especialmente para áreas vulneráveis, como a África. A Oxfam e outras ONGs defendem um acordo que proíba aP transferência de armamentos que possam ser usados para violações graves do direito humanitário internacional ou para prejudicar o desenvolvimento sustentável. Cerca de 153 países aprovaram no ano passado na Assembléia Geral da ONU o início de uma discussão sobre o tratado, que estabeleceria regras para o comércio de armas com fins legítimos, como a auto-defesa. O único voto contrário foi dos Estados Unidos. China e Rússia manifestaram reservas à idéia.
AFP
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