O cientista americano Craig Venter, diretor do Venter Institute de San Diego, Califórnia, criou um cromossomo sintético que pode levar à criação da primeira nova forma de vida artificial na Terra, antecipa em sua edição deste sábado, 6, o jornal britânico The Guardian. Em declarações à publicação, Venter explica como, a partir de substâncias químicas fabricadas em laboratórios, se chegou à elaboração de um cromossomo totalmente sintético. O cientista deverá divulgar a descoberta dentro de algumas semanas, mas o anúncio poderá ser antecipado para a reunião anual do Venter Institute, que será realizada na segunda-feira. Venter afirmou ao Guardian que esse marco científico representaria "um passo filosófico muito importante na história das nossas espécies". "Vamos deixar de somente ler nosso código genético a poder escrevê-lo, e isso nos dá a capacidade hipotética de fazer coisas que nunca antes contemplamos", afirmou. Novas espécies A descoberta, como lembra o jornal, provocará intensos debates sobre a ética da criação de novas espécies. O Guardian adianta que uma equipe de 20 cientistas, escolhida pelo próprio Venter, e liderada pelo cientista americano Hamilton Smith, conseguiu criar um cromossomo sintético, algo que não tinha sido alcançado até o momento. Com técnicas de laboratório, os especialistas juntaram um cromossomo de 381 genes que contém 580 mil pares de bases do código genético, segundo o Guardian. A seqüência de DNA se baseia na bactéria "Mycoplasma", que a equipe reduziu aos elementos básicos necessários para a vida, e eliminaram uma quinta parte de sua composição genética. O cromossomo sinteticamente reconstruído foi batizado pela equipe como "Mycoplasma laboratorium". Depois os especialistas transplantaram o cromossomo artificial para uma célula bacteriana viva, e na fase final do processo espera-se que o cromossomo tome o controle dessa célula para se transformar em uma nova forma de vida. Genoma O Guardian publicou que a equipe de cientistas conseguiu transplantar com sucesso o genoma de um tipo de bactéria à célula de outra, transformando-a. Venter disse estar "100% convencido" que a mesma técnica funcionaria para o cromossomo criado de forma artificial. Essa nova forma de vida dependerá de sua capacidade para duplicar a si mesma e se metabolizar na maquinaria molecular da célula na qual foi inserida. No entanto, o jornal acrescenta que o DNA será artificial e é ele que controla a célula. Venter acredita que os genomas têm um potencial positivo enorme caso sejam usadas de forma adequada e a longo prazo podem levar a descoberta de fontes alternativas de energia.
Agência Estado
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