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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Eleições na Argentina: país escolhe a continuidade, mas em outro estilo

A Argentina escolheu a continuidade, mas com outro estilo, ao eleger para a chefia do Estado Cristina Fernandez Kirchner, que possui a carreira política inseparável da do marido, o atual presidente Nestor Kirchner.

Na Casa Rosada, afirma-se que "Nestor será um colaborador indispensável de Cristina", assegurou à AFP o deputado Deve Dovena, amigo antigo dos Kirchner.

Entretanto, os argentinos não acreditam em que Nestor Kirchner realize uma reforma antecipada, até mesmo porque ele já afirmou que deseja permanecer na política, para ajudar a renovar o peronismo.

"Na distribuição do poder entre os Kirchner, Nestor irá se ocupar do controle do peronismo tradicional e territorial (presidentes da câmara municipal dos subúrbios de Buenos Aires e sindicalistas), que possuem uma influência considerável", afirmou à AFP o consultor Eduardo Fidanza.

Comprometida há mais de 20 anos na política ao lado do marido, Cristina nunca aceitou o papel de primeira-dama sem expressão.

Desta forma, os argentinos conhecem Cristina há algum tempo, como mulher marcada pela elegância e pelo temperamento impetuoso.

Cristina havia sido excluída do grupo parlamentar peronista após várias críticas ao ex-presidente Carlos Menem, também peronista, mas claramente mais voltado para a direita.

"Ela será a presidente e terá a última palavra", assegura Dovena, que afasta qualquer possibilidade de um conflito entre o casal presidencial. "É uma fantasia da imprensa", assegura, assinalando a cumplicidade que une Nestor e Cristina há quase 30 anos.

Cristina teve sua campanha marcada pela continuidade do governo, prometendo manter o trabalho iniciado há quatro anos pelo marido. Analistas e pessoas próximas ao presidente asseguram, entretanto, que o estilo vai mudar. Convocando a união de todos, "sem rancor e sem raiva", em seu primeiro discurso no domingo, ela já mostrou que pretende governar através de alianças, diferente de Nestor, que prefere o confronto ao diálogo.

Dovena afirma também que Cristina "vai melhorar a qualidade institucional e o funcionamento da democracia, porque é uma mulher que acredita no diálogo, enquanto que Nestor é alguém que avança muito rápido, sem dar muita explicação".

"Ela irá programar uma maior abertura aos outros países", acrescenta o deputado, que poder fazer parte do próximo governo, de acordo com a imprensa.

Analistas e economistas argentinos consideram que a presidente eleita poderá rapidamente dar sinais desta maior abertura, com o objetivo de atrair novos investimentos - uma necessidade urgente do país. Um acordo com o Clube de Paris, que reúne os credores da dívida pública da Argentina, poderá ser uma das medidas tomadas pela presidente, de acordo com os analistas.

Essas ações, entretanto, não seriam uma traição à política defendida até o momento por seu marido, que proibiu qualquer negociação enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) não estabelecer um acordo com o país.

AFP

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