sábado, 28 de janeiro de 2017
Será que já esquecemos que Temer foi citado QUARENTA E TRÊS vezes numa única delação?
por : Paulo
Nogueira
Nosso Catão
Viramos um país desmemoriado e descarado.
Parece que esquecemos que o presidente usurpador governa sob o peso de 43
citações numa única delação da Odebrecht.
Uma seria suficiente para colocar Temer sob séria suspeita — e provavelmente
inviabilizá-lo na presidência.
Mas são 43.
Um dia a posteridade, retomada a sanidade entre os brasileiros, se perguntará
como o país foi capaz de tolerar um presidente mergulhado de tal forma num
superesquema de roubalheira.
Não é o primeiro sinal de que perdemos a lucidez, aliás. Os pósteros também
lutarão para entender como um gangster como Eduardo Cunha foi deixado livre para
comandar o processo na Câmara que foi dar num golpe de Estado. Os múltiplos
crimes de Cunha já eram amplamente conhecidos enquanto ele derrubava abertamente
Dilma.
Pena que os futuros brasileiros não terão nenhuma justificativa do ministro
do STF Teori Zavascki sobre seu comportamento absurdo no impeachment.
Teori esperou uma eternidade para mandar prender Cunha, como pedia a PGR.
Teori deu a Cunha o tempo necessário para o golpe.
Ri sozinho ao ler um amigo dele dizer que a monumental demora se deveu a que
Teori examinava os processos com “sobriedade”.
Ora, ora, ora. Você pode rir ou chorar com essa desculpa. Sigo os filósofos
gregos, e rio diante da miséria humana contida na pretensa justificativa para a
lentidão de Teori.
O fato é que perdemos o juízo, o tino, a noção das coisas. É tido como
normal, para citar mais um caso, um juiz do STF ter uma atuação tão partidária
quanto a de Gilmar Mendes.
Deveríamos ficar escandalizados com isso, mas nem reparamos. Tente encontrar
um único editorial da mídia que questione a tagarelice indevida de Gilmar.
Em nenhum país civilizado um juiz como Gilmar seria tolerado, mas no Brasil
ele é um astro da mídia.
Também em nenhuma sociedade avançada seria aceito que a chefia do governo
estivesse nas mãos de alguém citado 43 vezes num caso de corrupção.
Ou o mundo civilizado está errado e o Brasil certo, ou é o inverso. Sabe
aquela história da mãe que vê o filho desfilar diferente de todos os demais numa
imensa parada e conclui, orgulhosa, que só seu garoto está certo?
Pois é.
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