247 - Professor de ciências no interior do Espírito Santo e um dos 50 finalistas do prêmio Global Teacher Prize, atualmente considerado o "Nobel da Educação", Wemerson da Silva Nogueira, disse que se sente "desvalorizado" pela falta de investimentos por parte do governo no ensino público. "Me sinto desvalorizado pelo meu país", disse. "Venho conquistando todos esses prêmios porque acredito na educação. E não porque meu país acredita nela", completou. Nogueira se formou por meio do ensino à distância e em apenas cinco anos desde que recebeu o diploma já angariou dez prêmios nacionais, incluindo o de "Educador do ano 2016". As últimas premiações ganhas pelo professor vieram na esteira do projeto "Filtrando as lágrimas do Rio Doce", desenvolvido em fevereiro de 2016 com alunos do 8º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Antonio dos Santos Neves, em Boa Esperança, no norte do Espírito Santo. Sob a orientação de Nogueira, os jovens desenvolveram e construíram filtros para limpar as águas contaminadas pelos rejeitos de minérios resultantes do rompimento da Barragem de Mariana (MG), no que ficou conhecido como o maior desastre ambiental do país. Para Nogueira, as dificuldades em torno da educação pública de qualidade só têm aumentado e a aprovação da PEC 55, que congela os gastos públicos, incluindo educação e saúde, pelos próximos 20 anos deve piorar ainda mais a situação. "Apesar de todas as dificuldades, nós, professores, tentamos encontrar formas de motivar os nossos alunos a quererem aprender mais, a fazer coisas novas. Mas isso tem ficado cada vez mais difícil diante da crise que estamos enfrentando no país, com o governo querendo congelar os investimentos em educação. Essa conjuntura gera um desinteresse geral na rede pública", destacou o professor em entrevista à DW Brasil. "Não há dúvida de que é necessário reajustar as contas do nosso país, mas não concordo em mexer na educação. O governo deveria olhar para educação como a principal prioridade. (...). Congelando investimentos na área, como vamos alcançar o desenvolvimento de duas décadas? Eu, por exemplo, recebi muito apoio da minha prefeitura e da secretaria de educação do ES para implementar meu projeto. Mas será que um professor lá no interior do sertão teria o apoio que eu tive? Eu me sinto valorizado pelo meu estado, pelo meu município e pela minha escola. Mas me sinto desvalorizado pelo meu país. Venho conquistando todos esses prêmios porque acredito na educação. E não porque meu país acredita nela. O Brasil tem hoje dois finalistas no maior prêmio de educação do mundo. Os dois de escola pública. Os governantes deveriam olhar para nós como exemplos, e investir mais, para que mais professores possam promover projetos diferenciados. Está acontecendo o inverso e isso me entristece", lamentou. http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/274818/%E2%80%9CMe-sinto-desvalorizado%E2%80%9D-diz-professor-que-disputa-%E2%80%98Nobel-da-Educa%C3%A7%C3%A3o%E2%80%99.htm
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
“ME SINTO DESVALORIZADO”, DIZ PROFESSOR QUE DISPUTA ‘NOBEL DA EDUCAÇÃO’
247 - Professor de ciências no interior do Espírito Santo e um dos 50 finalistas do prêmio Global Teacher Prize, atualmente considerado o "Nobel da Educação", Wemerson da Silva Nogueira, disse que se sente "desvalorizado" pela falta de investimentos por parte do governo no ensino público. "Me sinto desvalorizado pelo meu país", disse. "Venho conquistando todos esses prêmios porque acredito na educação. E não porque meu país acredita nela", completou. Nogueira se formou por meio do ensino à distância e em apenas cinco anos desde que recebeu o diploma já angariou dez prêmios nacionais, incluindo o de "Educador do ano 2016". As últimas premiações ganhas pelo professor vieram na esteira do projeto "Filtrando as lágrimas do Rio Doce", desenvolvido em fevereiro de 2016 com alunos do 8º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Antonio dos Santos Neves, em Boa Esperança, no norte do Espírito Santo. Sob a orientação de Nogueira, os jovens desenvolveram e construíram filtros para limpar as águas contaminadas pelos rejeitos de minérios resultantes do rompimento da Barragem de Mariana (MG), no que ficou conhecido como o maior desastre ambiental do país. Para Nogueira, as dificuldades em torno da educação pública de qualidade só têm aumentado e a aprovação da PEC 55, que congela os gastos públicos, incluindo educação e saúde, pelos próximos 20 anos deve piorar ainda mais a situação. "Apesar de todas as dificuldades, nós, professores, tentamos encontrar formas de motivar os nossos alunos a quererem aprender mais, a fazer coisas novas. Mas isso tem ficado cada vez mais difícil diante da crise que estamos enfrentando no país, com o governo querendo congelar os investimentos em educação. Essa conjuntura gera um desinteresse geral na rede pública", destacou o professor em entrevista à DW Brasil. "Não há dúvida de que é necessário reajustar as contas do nosso país, mas não concordo em mexer na educação. O governo deveria olhar para educação como a principal prioridade. (...). Congelando investimentos na área, como vamos alcançar o desenvolvimento de duas décadas? Eu, por exemplo, recebi muito apoio da minha prefeitura e da secretaria de educação do ES para implementar meu projeto. Mas será que um professor lá no interior do sertão teria o apoio que eu tive? Eu me sinto valorizado pelo meu estado, pelo meu município e pela minha escola. Mas me sinto desvalorizado pelo meu país. Venho conquistando todos esses prêmios porque acredito na educação. E não porque meu país acredita nela. O Brasil tem hoje dois finalistas no maior prêmio de educação do mundo. Os dois de escola pública. Os governantes deveriam olhar para nós como exemplos, e investir mais, para que mais professores possam promover projetos diferenciados. Está acontecendo o inverso e isso me entristece", lamentou. http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/274818/%E2%80%9CMe-sinto-desvalorizado%E2%80%9D-diz-professor-que-disputa-%E2%80%98Nobel-da-Educa%C3%A7%C3%A3o%E2%80%99.htm
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