Outro dia estava pensando como a vida não teria graça alguma sem pequenas
coisas que costumam recheá-la de alegria. Reparei também que tais coisas
ou situações costumam ser simples e, às vezes, até mesmo corriqueiras, mas
nos afetam de forma imediata e tão espontaneamente que nos deixamos
envolver por elas. É o caso de um aniversário em família, por exemplo.
Mobiliza várias pessoas, sugerindo a compra de presentes e preparativos
para uma data que tem tudo para ser especial. Motivo de se estar juntos,
contar piadas, rever parentes, encontrar pessoas queridas, fazer novas
amizades... Tudo regado com alguns aperitivos, pratos gostosos e bolo de
festa. Fiquei pensando também quantos aniversários existem ao longo do ano
e, consequentemente, quantos motivos para se comemorar. É um namoro que se
inicia; uma festa de casamento; um batizado; um feriado esperado há tanto
tempo; a inauguração de um local público; a estreia de um filme; uma peça
de teatro; a apresentação de uma orquestra; uma exposição de pinturas e
tantas outras coisas que vão dando colorido ao nosso dia a dia.
Temos que saber aproveitar esses momentos. Vivenciá-los, “curti-los”,
apreciá-los enquanto estão ocorrendo, batendo à nossa porta, sorrindo para
nós. Momentos não voltam mais. Eles vão e vêm num suceder incessante, mas
cada qual guarda sua beleza. Não há como aprisionar momentos bonitos. Por
mais que os queiramos eternizar, escorrem por entre nossos dedos e dão
lugar a outros momentos. Nada como usufruir deles enquanto ocorrem,
enquanto se apresentam para nós. E, como fazer isso? Estando sempre
presente no momento. Naquela hora, naquele instante, naquele
acontecimento. Estando ali inteiramente, completamente. Deixando-se
invadir pelas impressões daquele dia especial, daquele evento, daquela
comemoração. Como se o tempo tivesse parado ali, naquele instante, junto
daquelas pessoas, próximo daquele sorriso e daqueles olhos brilhantes e
vivos. Tudo tão especial, comovente e, ao mesmo tempo, tão terrivelmente
simples.
O vestido florido, a luz, o doce perfume, a música ambiente, o toque
aveludado, a textura, a cor, as sensações e os sentimentos, tudo abrigado
num pequeno momento, perpetuado pelas lembranças de quem esteve
inteiramente absorto no cotidiano da vida. Expressivamente ligado aos
acontecimentos presentes. Tranquilidade, paz, serenidade... Tudo com sabor
especial, saboreado sem pressa, envolvido de forma acolhedora e gentil.
Aquele sobrinho doido com seu visual radical, as comadres que não se viam
há anos pondo a conversa em dia, o cunhado contando as proezas da última
pescaria, a filha mostrando seu novo corte de cabelo e a criançada fazendo
a maior bagunça, como já era de se esperar. Tudo tão certo, tão
previsível, tão maravilhosamente esperado, amado e encantador. Cenas da
minha casa, da sua casa, da casa dele. Cenas de uma vida feliz, plena e
completa. Possível e real. Existente em cada esquina, em cada lar, em todo
lugar. Basta saber enxergar e acolher a vida.
Pare de se preocupar inutilmente. Desfaça essa carranca e deixe-se levar
pela onda de afeição que o invade agora. Compartilhe você com os outros.
Deixe que as pessoas o conheçam e se enamorem de você. A vida é muito mais
bonita porque conta com a sua presença, o seu sorriso, a sua escuta, a sua
participação. Deixe-se envolver pela vida e distribua vida você também. A
cada vez que amamos estamos sendo plenos de vida, porque a vida é a
expressão do amor. Entre de cabeça nessa sensação maravilhosa que é
acolher a tudo e a todos indistintamente. Seja no churrasco ou na porta do
shopping, no supermercado ou no trabalho, em casa ou na quadra de futebol,
no ponto de ônibus ou na lanchonete. Todo e qualquer lugar tem espaço para
se amar e ser amado. Momentos vão momentos vêm. Acolha este momento
precioso e aceite que ele mude sua forma de encarar a vida. Tenho certeza
de que você se sentirá muito mais feliz!
Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é
escritora.
Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br.
sábado, 2 de junho de 2012
As pequenas coisas da vida
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