Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://luizcarlosamorim.blogspot.com
Recentemente, falei no meu blog sobre o tempo que tivemos no último verão, aqui no sul e em algumas outras partes do país: ao invés das chuvas torrenciais, com grandes tragédias em áreas de risco, geralmente nos meses de janeiro, desta vez tivemos seca. Centenas de cidades em estado de calamidade pública, aqui em Santa Catarina, principalmente no oeste, por falta de água, produção agrícola perdida em vários lugares, um calor escaldante.
Pois acho que falei demais. Neste mês de abril, já passado o verão, a chuva forte veio e trouxe a tragédia que, pensamos, havia sido descartada, com deslizamentos e mortes na região serrana do Rio de Janeiro. Tivemos, também grandes tempestades em Goiânia, no norte do Brasil e no sul também.
Precisamos de chuva, precisamos muito, mas espero que ela não venha mais em quantidade exagerada. O calor ainda persiste, a chuva está vindo mais amiúde, mas bem comportada, nos últimos dias, e esperamos que continue assim.
Eu ficava assustado, quando abria a torneira direta da rua, para encher o regador e molhar minhas plantas que estavam quase morrendo esturricadas e não havia água, a torneira estava seca. Isso me lembrava uma parte da minha infância em Corupá, quando não tínhamos água de rede. Tínhamos um poço – a água era encanada, mas vinha de um poço nos fundos do quintal. Ele fora cavado na pedra, então não era muito fundo. E no verão faltava água. E faltar água numa casa com muitas crianças era muito difícil. Para cozinhar, buscávamos água numa vizinha, a umas cinco casas depois da nossa, que tinha um poço que oferecia água em abundância. Para lavar, trazíamos água do rio, que ficava também a uns quase quinhentos metros de casa. Eu era adolescente e carregar duas latas de água cheias pesou bastante, tanto que fiquei com as costas um pouco arcadas.
Mas tanto a seca como as chuvas que trazem inundações e deslizamentos assustam muito. Não há mais poços, para nos abastecermos com água do vizinho. A água é toda de rede e se ela não vem, falta para todo mundo. E as chuvas acumuladas levam tudo o que algumas pessoas têm, até a vida. É terrível ver áreas habitadas deslizando, soterrando casas e pessoas.
É bom que tudo o que aconteceu até agora com os descompassos do tempo sirva de alerta para todos nós. Será que aprendemos, será que percebemos a necessidade premente de que precisamos cuidar melhor do nosso meio ambiente? Se não respeitarmos a natureza, ela também não nos respeitará.
Sobre o autor: Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 31 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros.
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